Pensar em She Wants Revenge é pensar em dor. É pensar essencialmente em relações, em pessoas. É pensar no medo e particularmente no medo das relações e no medo das pessoas. É pensar no medo que a dor e o desejo podem causar.
Longas ou fortuitas, as relações que se criam entre as pessoas são, ao som dos She Wants Revenge, quase animalescas, sádicas, agradavelmente estranhas. Um misto de sensações.
É isto também que se sente ao ouvir She Wants Revenge – um misto de sensações. A começar pelo próprio nome da banda, prevê-se um cenário doloroso para tudo o que virá depois.
É graças às influências dos Joy Division, dos The Cure ou dos Depeche Mode que Justin Warfied – voz, guitarra e teclas, e Adam Bravin – voz, baixo, teclado, sintetizador e bateria, dão vida aos She Wants Revenge.
Mais do que emoções, memórias ou pensamentos, a música dos She Wants Revenge dá especialmente a sensação de que tudo é possível, de que o imprevisível surgirá a qualquer instante, fatal como o destino.
Essenciais no movimento revivalista post-punk, os She Wants Revenge são também actualmente um nome com cada vez mais importância no rock alternativo.
O primeiro álbum, homónimo, foi lançado em 2006. Em 2007 lançaram o segundo álbum – This Is Forever. Para além destes dois álbuns, a discografia dos She Wants Revenge engloba seis EPs – o último intitulado Save Your Soul, lançado em 2008.
Em She Wants Revenge, de 2006, o som é definitivamente cru. As letras são quase perversas. Um tanto subtis, mas definitivamente sexuais. Acima de tudo, são capazes de perturbar as mentes mais conservadoras.
O instrumental é genuíno. Baterias e baixos a fazer lembrar Joy Division e a voz de Justin Warfield a lembrar a de Dave Gahan, tornam o som no mínimo dançável, obviamente sensual.
She Wants Revenge, o primeiro álbum, é um álbum que abre com a melhor das faixas. Red Flags And Long Nights, um dos grandes temas deste álbum, é incomparável.
“You can occupy my every sigh/ You can rent a space inside my mind/ At least untill the price becomes too high” é um pouco daquilo que se pode esperar de Red Flags And Long Nights. A letra é tão real que arrepia. Dá vontade de ouvir esta faixa em repeat durante horas.
These Things, a segunda faixa deste álbum homónimo também não fica atrás. Como uma sequência sexual que teve o seu início em Red Flags And Long Nights, cria-se ao longo deste álbum uma história carnal, tão intensa que atinge o seu auge com a fabulosa Tear You Apart. Em These Things, há irreversivelmente uma dor psicológica. Consciente da situação, a voz de Justin Warfied revolta-se ao cantar
“I heard it's cold out, but her popsicle melts/ She's in the bathroom, she pleasures herself/ Says I'm a bad man, she's locking me out.”
A sequência persiste. A luta pelas relações, pelas pessoas, é contínua. O medo e a dor (uma confusão de dor física e psicológica) sempre presentes.
As faixas I Don’t Want To Fall In Love, Out Of Control e ainda Broken Promisses For Broken Hearts são o melhor exemplo disso.
Com o lançamento do single Sister, os She Wants Revenge atingiram o seu pico de revelação. Com um instrumental que parece estar a pedir momentos agradavelmente dolorosos, Sister é o tema que guarda em si todos os segredos e pensamentos mais tenebrosos. O conhecido refrão “You better lie down ‘cause the angels are watching/ She closed her eyes and said quit the talking/ You can hurt me do whatever you like” é o exemplo daquilo que são os She wants revenge. Despretensiosos, directos, reais.
A história carnal continua, novas experiências surgem, mas sempre com o medo presente. Um medo por vezes inconsciente, mas necessário. De outra forma, toda esta realidade adjacente aos She Wants Revenge não seria possível.
Mas é de facto com o single Tear You Apart que se tem a certeza que é difícil tornar tudo mais explícito. Aqui já não se encontram grandes subtilezas. Tear You Apart é sinónimo de sexo. Talvez a melhor faixa do álbum, Tear You Apart afirma-se como a banda sonora ideal para a mais obscura das noites.
She Wants Revenge é um álbum que nos leva a um sítio novo, diferente pelo menos. Leva-nos à ousadia. Leva-nos a percorrer a nossa mente, constantemente, entre desejos e possibilidades.
Leva-nos, definitivamente, a um misto de sensações.
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