quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Interpol - Interpol (2010)


É com a vontade de reavivar a memórias aos fãs jubilaram ao ouvir o seu primogénito, Turn On the Bright Lights, que os Interpol lançam agora o seu mais recente trabalho: Interpol.

E porque será que as bandas decidem dar o nome da banda ao próprio álbum? Será o álbum que mais se aproxima da identidade da banda ou será apenas falta de imaginação? No caso dos Interpol, o nome homónimo do álbum é possivelmente uma tentativa de voltar às origens, de readquirir o que os Interpol foram perdendo circunstancialmente em Antics e Our Love to Admire, de Paul Banks gritar "Estes é que são os Interpol!". Em Interpol existe essa preocupação quase óbvia em voltar às sonoridades de outrora. Um regresso ao passado que nunca deixou de ser presente.

Já sem Carlos Dengler, o baixista, que deixou de trabalhar com a banda depois de concluído o álbum agora lançado por alegadamente não gostar de tocar baixo, os Interpol apresentam um disco consistente, bem estruturado e sombrio como só eles o conseguem.

É de contrastes de luzes e sombras, de brancos e pretos, de pombas e corvos, que vivem os Interpol; são esses contrastes que os tornam especiais. É mais uma injecção de melancolias sonoras, de narrativas tristes, de amores agri-doces cantados pela voz condizente de Paul Banks. E numa altura em que a música é veículo de sentimentos falsos e emoções contrafeitas, há que louvar tudo o que é genuíno. E a verdade é que tudo neste álbum soa a genuíno. A guitarra de Daniel Kessler continua a ser um bom motor do dramatismo e eleva-se quase a um nível atmosférico. O som ficou mais denso e nublado.

Uma banda-sonora pós-dramática, depressiva, bela e arrepiante. Onde a beleza está escondida por trás de metáforas.

Por outro lado, este, pode parecer um álbum muito homogéneo, quase aborrecido. Não é à primeira audição que se bate o pé, não é à segunda que se identifica imediatamente qual é a música, até os refrões estão camuflados ou não existem mesmo. Mas este é só mais uma prova do corte de relações com qualquer estereótipo à volta da música moderna.

Na minha opinião, melhor que Our Love to Admire, mas ainda não chega ao Turno On the Bright Lights.

No fundo, são mesmo estes os Interpol.



Os Interpol já têm duas presenças agendadas para solo português: em Coimbra, a primeira parte dos concertos dos irlandeses U2 está assegurada pelo quarteto nova-iorquino (2 e 3 de Outubro) e também em nome próprio e no Campo Pequeno (12 de Novembro).

1 comentário:

  1. «Não é à primeira audição que se bate o pé, não é à segunda que se identifica imediatamente qual é a música, até os refrões estão camuflados ou não existem mesmo»

    Engraçado, pois foi exactamente pela sua catchiness que realmente gostei deste novo álbum. E continuo a achar o Our Love to Admire mais sombrio; definitivamente não se pode julgar um álbum [sic] pela sua capa!

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