quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Murder on the Orient Express de Sidney Lumet, 1974



"Murder on the Orient Express" junta um elenco de luxo, com um realizador de luxo. Sidney Lumet é responsável por obras como "12 Angry Men", "Network" "Dog Day Afternoon" e o mais recente "Before the Devil Knows You're Dead". A fantástica capacidade condutora do argumento é um dos pontos fortes de Lumet nos seus filmes. Aliado a isto, temos a sua qualidade como realizador, de captar sempre o melhor plano de cada cena, no seu género tão próprio. Por ser um realizador com um estilo definido, é normal que encontremos certas características idênticas de filme para filme, e a forma como relaciona os personagens, num misto de confiança/desconfiança é próprio de todo o seu trabalho.
"Murder on the Orient Express" é um filme baseado num livro de Agatha Christie, essa famosa escritora de policiais. E quem melhor que Lumet para realizar um policial ao estilo de Christie?
O personagem principal é Hercule Poirot, como só poderia ser numa obra de Agatha Christie.
A trama é simples, mas complexa no seu desenrolar. Numa viagem de comboio entre Istambul e Londres, o comboio onde Poirot e mais alguns ocupantes se encontram, fica preso na neve. Entretanto, nessa mesma noite, ocorre um homicídio numa das carruagens. Cabe agora a Poirot descobrir o culpado.
Poirot é interpretado de forma perfeita por Albert Finney, sendo esse um dos grandes motivos de interesse do filme. Porém, Lumet não atinge o sucesso máximo com os seus personagens. Apesar de contar com um elenco fantástico, composto por Ingrid Bergman, Sean Connery, Lauren Bacall e Jean-Pierre Cassel, Lumet não é capaz de intensificar os seus personagens, soando todos algo artificiais.
O outro problema do filme prende-se com o evoluir da narrativa. Pouco se pode concluir na primeira meia hora. Sentimos que a apresentação dos personagens é pouco profunda e algo forçada. A explicação final do crime é sem dúvida fantástica, e o ponto alto do filme. Todas as peças se juntam perfeitamente, o que nos obriga a interligar pequenos momentos de cenas pouco relevantes. É a meio do filme que começamos a ganhar mais interesse e que o filme começa realmente a prender-nos. É de lamentar a primeira meia hora, sem qualquer utilidade ( excepto a apresentação inicial da história da familia Armstrong). Contudo, o filme tem pequenos pormenores que nos deixam deliciados, tanto pela forma como as pistas do crime se cruzam, como pela forma perspicaz e interessante com que o filme é filmado.
Não é uma das maiores obras de Lumet, mas não deixa de ser um bom filme.

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