quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Top 10 de 2010, por Vanessa Augusto


Fazer um top torna-se sempre complicado, como aliás, muitos de nós verificámos.
Por isso, muito do bom que se fez teve de ficar de fora. O que defini como o meu top não foi necessariamente tudo aquilo que considerei excelente ao longo de 2010 e que merece uma crítica, mas acima de tudo, muito daquilo que a nível pessoal, se tornou importante pelos mais diversos motivos.
Foi isso que tentei fazer aqui. Dar-vos um pouco da minha visão sobre alguns acontecimentos culturais deste ano que está a acabar. Dar-vos, essencialmente, um pouco de mim também. Votos de um óptimo 2011 para todos.


10) The Shoes @ Super Bock em Stock

Estão a começar ao seu ritmo, mas em Portugal, os The Shoes já conquistaram muitos. O concerto dos The Shoes foi provavelmente o que mais me surpreendeu ao longo dos dois dias de festival do Super Bock em Stock. A música fica ali entre a electrónica e o pop francês, o som é intenso, sente-se cada nota tocada. Foram a grande revelação desta edição do festival, enchendo o cinema São Jorge, agarrando o público e fazendo-o tremer, com o ritmo incrível da percussão.

9) "Imagens Proibidas" por Pedro Paixão

Imagens Proibidas é o mais recente livro de Pedro Paixão. Saiu no Verão e o seu lançamento foi acompanhado da inauguração de uma exposição fotográfica com o mesmo nome, e do mesmo autor – Pedro Paixão, exposição essa que faz também parte do livro, sendo também peça fundamental no desenrolar da obra. Este não é um livro convencional, como Pedro Paixão bem tem treinado os seus leitores. É, acima de tudo, metafórico, impecavelmente escrito. Em Imagens Proibidas não há estereótipos, a loucura é vista como comum e o inesperado é a rotina. E ainda bem. Este é um livro que retrata alguns dias de um homem que está à procura de si, de duas mulheres que não têm nome e de um apartamento que se transforma em prisão. Imagens Proibidas é a fantasia e a realidade confundidas; quando o amor está muito longe.

8) Linda Martini - Casa Ocupada

Confesso que gostava (apenas) de Linda Martini, Pelo menos sabia que ainda não era fã. Casa Ocupada foi o álbum que mudou a minha visão relativa aos Linda Martini e assim, passei ouvir mais e melhor. Linda Martini soa somente a Linda Martini e acho que finalmente os senti. Foi preciso assistir a dois concertos para entender isso. E era esse o ingrediente que faltava. Lá houve qualquer coisa que me apanhou, e de que forma, criando em mim a necessidade de ouvir este álbum em repeat durante muitos dias.

7) Isobel Campbell & Mark Lanegan - Hawk

Hawk é o terceiro trabalho que nasceu da brilhante colaboração entre Isobel Campbell e Mark Lanegan. A ela, conhecemo-la dos Belle & Sebastian, a ele, dos Screaming Trees e pelas colaborações com os Queens of The Stone Age. Isobel Campbell dá-nos a doçura, a calma e a melancolia; Mark Lanegan equilibra, trazendo-nos a rudeza necessária. O resultado é sublime, natural, associado à perfeição. Em Hawk podemos também ouvir também a guitarra de James Lha em "You Won't let Me Down Again" e ainda duas versões de Townes Van Zandt.


6) Broken Bells – Broken Bells

Broken Bells é o nome do álbum do projecto homónimo de James Mercer (The Shins) e Brian Burton (Danger Mouse). Descobri-os acidentalmente, mas apareceram na altura certa. Mais do que rock independente, os Broken Bells revelaram-se como algo novo, fresco e despretensioso. Com Brian Burton na bateria e James Mercer a dar à voz uma nova forma daquilo a que nos habituamos com os The Shins, os Broken Bells vão certamente afirmar-se ao longo deste novo ano. Um projecto que merece ser ouvido e apreciado na sua plenitude.

5) Deerhunter – Halcyon Digest

É considerado um dos melhores álbuns de 2010 e merece-o inteiramente. Halcyon Digest representa não só um passo naquilo que são e foram os Deerhunter, como afirma com intensidade tanto novas letras como novas sonoridades, mas sem nos fazer esquecer nunca aquilo que é o registo próprio dos Deerhunter. Halcyon Digest é ar fresco e sangue novo. Bradford Cox leva-nos através deste álbum, para o mundo do rock dos anos 80, não nos querendo fazer sair.

4) «Copie Conforme» de Abbas Kiarostami

Copie Conforme (Cópia Certificada) é o mais recente filme do cinesta iraniano Abbas Kiarostami. Enraizado na sua própria cultura e tradição, Copie Conforme acontece em Itália, no cenário perfeito do sul da Toscânia, onde Juliette Binoche (melhor actriz Festival de Cannes) e William Shimmel dão vida às personagens. Estreado no último festival de Cannes, o filme relata o encontro parcialmente acidental, mas inevitável, entre um homem inglês – escritor e crítico de arte e uma francesa, proprietária de uma galeria de arte. O resultado é uma espécie de deambulação sobre os enigmas das relações humanas, tendo por horizonte uma ideia utópica de felicidade e plenitude. Copie Conforme revela-se um verdadeiro conto moral, onde muito é dito em pouco tempo.


3) Interpol @ Campo Pequeno

Foi uma luta entre os concertos de Interpol e de Klaxons para o segundo lugar deste top. Interpol é também merecedor de um segundo lugar e provavelmente teria-o, não fosse o meu amor eterno pelos Klaxons e a vontade de ter ouvido mais de Turn On The Bright Lights este ano no Campo Pequeno. Ainda assim, Interpol foi outro objectivo atingido em 2010. O álbum homónimo lançado em Setembro foi apresentado em grande, faltando no entanto algum regresso ao passado. Sentiu-se a falta de Evil, mas os temas Obstacle 1, Narc e Stella Was A Diver And She Was Always Down, ajudaram a esquecer a lacuna, quando entoados em plenos pulmões.

2) Klaxons @ Paredes de Coura

Foram o meu grande motivo para viajar até paredes de Coura. Ver Klaxons foi um plano que ficou adiado em 2009, mas inteiramente compensado este ano em Paredes de Coura. Combinados com o óptimo ambiente do festival e associados à excelente companhia, fizeram-me feliz. Apresentaram Surfing The Void, o mais recente álbum (na altura ainda por lançar) e tocaram muito do Myths Of The Near Future, iguais a si próprios, impecáveis.

1) Programa de rádio H2.zero, Rádio Zero

Culturalmente trouxe-me muito. A cada semana, a cada hora, uma nova letra foi explorada e com isso, novos temas, bandas, filmes e livros eram explorados também. Foi a prova falada de que a cultura é, felizmente, vitalícia e intemporal. O H2.zero esteve no ar durante um ano na Rádio zero, tendo tido o seu final em Outubro de 2010. Para além do desenvolvimento cultural, foi um programa que me trouxe óptimos momentos, muito boa disposição e um carinho enorme por estúdios de rádio. Produzido e realizado inteiramente por mim e pela Lígia Gonçalves, a melhor companhia possível


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Arte-Factos: Top 10 de 2010, por Cláudia Filipe

10) Lanvin for H&M

A conhecida marca de roupa sueca uniu-se, mais uma vez, a uma prestigiada casa. Este ano, foi a vez da Lanvin desenhar uma colecção limitada que foi exposta num número limitado de lojas em diversos países. Portugal não foi excepção e o corrupio à loja do Chiado fez-se sentir.

9) The Ghost Writer



Outro grande filme deste ano. Este assinado por Roman Polanski, com Ewan McGregor e Pierce Brosnan, conta a história de um escritor fantasma contratado para escrever a biografia de um antigo Primeiro-ministro Britânico. No entanto, o escritor depressa se apercebe que há segredos muito importantes que deverão ser mantidos e só por ter o seu conhecimento, a sua vida poderá estar em risco. Um thriller político emocionante.

8) Janelle Monáe – The ArchAndroid



Dona de uma senhora voz, Janelle Monáe, que inclusivamente visitou o nosso país para uma actuação no Super Bock em Stock, saltou para o estrelato durante este ano, sendo uma das grandes revelações do mundo R&B, trazendo-lhe novos sons e uma nova abordagem. Temas como Cold War levaram-na a atingir os tops em diversos países e valeram-lhe a nomeação para os Grammys que serão entregues em 2011.

7) Old Spice – The Man Your Man Could Smell Like


Não há muito a dizer. Este ano assistimos a uma das campanhas Web mais bem conseguidas de sempre. O que começou com um simples anúncio, depressa se alastrou a um fenómeno das redes sociais. Como tal, durante o Verão lançaram a campanha viral mais rápida de sempre em que o já famoso actor, Isaiah Mustafa, respondeu a um total de 186 questões que lhe foram postas via facebook e twitter. Estes vídeos geraram cerca de 6,7 Milhões de visualizações em cerca de 24 horas.


6) Milhões de Festa


É com enorme pena que escrevo sobre algo que, infelizmente, não pude viver. Mas queria deixar a nota sobre esta grande iniciativa que aconteceu em Barcelos no Verão e que logo na primeira edição juntou nomes como Valient Thorre Electric Wizard. Da minha parte fica a esperança em que este Festival se volte a repetir e que desta vez eu possa estar presente.


5) Mão Morta – Pesadelo em Peluche (CD + Concerto de Apresentação)


“Vamos em frente, olho por olho, dente por dente, oh Capitão”. A grande banda de Adolfo Luxúria Canibal regressou com este álbum de originais. Como complemento, deram um grande concerto de apresentação no Coliseu dos Recreios, onde além de apresentarem o seu novo registo, revisitaram a sua carreira. Foi uma noite inesquecível.


4) Shutter Island



O que acontece quando juntamos grandes nomes como Martin Scorsese na realização e Leonardo DiCaprio, Ben Kingsley e Mark Ruffalo na representação? Acontece um filme explosivo, de prender na cadeira do primeiro ao último minuto (e não poderia ser de outra maneira, as peças chave para desvendar enigmas são tantas…). Para mim é o filme do ano e DiCaprio constrói aqui uma das personagens mais bem conseguidas da sua carreira. Tem sido notório o seu crescimento enquanto actor.

3) Arcade Fire – The Suburbs



“Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Poderia descrever assim a minha experiência com o mais recente trabalho dos nossos adorados Canadianos. Claramente uns furos abaixo dos discos anteriores, The Suburbs apresenta-se como um registo não tão explosivo, mas com grandes hinos, como a Ready to Start.

Como desilusão de 2010, posso também registar o incidente que nos fez perder aquele que era, por muitos, o concerto mais desejado do ano.

2) Projecto Crono



Trazer grandes nomes Arte Urbana mundial até Lisboa. Tapar a vergonha das fachadas de prédios abandonados nas principais artérias da cidade com arte. Dinamizar a capital. E assim nasceu o Projecto Crono, pensado pela associação artísitica Azáfama Citadina Associação com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
Os artistas convidados foram Os Gémeos, Blu e Sam3, que ficaram com a missão de pintar uma fachada por cada estação do ano.


1) Faith no More no Alive


Um ídolo é um ídolo e o momento mais marcante este ano para mim foi poder estar frente a frente com uma banda que é uma das minhas maiores referências e com alguém que alimentou tanto o bichinho que aqui cresceu da música. Grande concerto. Grande marco que o Mike Patton continua a representar para mim. Fica a pena de não ter podido seguir viagem rumo ao Sudoeste para o ver novamente com o seu projecto Mondo Cane.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um conto de fadas por H&M


Nos finais de Novembro a empresa H&M abriu mais uma loja no coração de Dutch na Alemanha.Desta vez para alem de estar instalada num monumental edifício em Dam square, realizou-se também uma fabulosa inauguração (produzida por uma agência Holandesa, Muse) onde formaram em toda a loja exterior um projecto 3D.
Esse Projecto é de um trabalho de saltar os olhos onde é inserido em motion graphics e animações em um surreal conto de fadas no exterior do edifício que o transforma em casa de bonecas, laços, caixa de música, tudo que não é apenas o que parece.
A importância aqui não é a abertura de uma loja nova, ou ser a H&M mas sim a transformação de um elegante edifício histórico em uma fantástica projecção que comunica, fascina e mexe com todos os seus consumidores e com certeza que muitos tiveram uma resposta positiva apenas com este evento.

Para quem ainda não viu, aqui vai uma novidade um pouco atrasa:

domingo, 26 de dezembro de 2010

MUDE - Museu do Design e da Moda


O MUDE, Museu do Design e da Moda é uma forma de manter a baixa de Lisboa a respirar arte. Periodicamente as suas exposições maioritariamente gratuitas granjeiam-nos com obras de arte fantásticas, peças de vestuário ou até Vespas. A localização prende-se naturalmente com uma estratégia de tentar revitalizar a zona, tanto do ponto de vista artístico como utilitário. A importância da localização é fruto de uma necessidade de alimentar a zona que se algum dia desaparecer levará a cidade de Lisboa consigo. A baixa-chiado é o centro, e como tal é natural que seja também o centro artístico e cultural. Basta vermos que a Faculdade de Belas Artes de Lisboa se encontra no Chiado.
Quanto ao Museu em si, este vive de várias coisas. Podem ser exposições de Vespas, de quadros, vestuário, peças de mobiliário, estilos pop-art, modelos vintage, ou outra coisa qualquer. O objectivo do Museu é o Design e a Moda de tudo o que existe.
Os dois pisos dão-lhe a possibilidade de ter exposições temporárias e permanentes, evoluindo conforme a diversidade do público alvo.
A diversidade artística é assim o ponto forte deste Museu, que se torna passagem obrigatório para quem visita Lisboa. Não vai demorar muito tempo a visita-lo, mas vai ganhar muito mais dentro de si, dentro do seu espírito artístico.

Black Swan de Darren Aronofsky (2010)


Fazer-se cinco filmes e serem todos grandes obras de cinema não é para qualquer realizador. Basta compararmos esta filmografia com qualquer outro realizador e dificilmente encontramos casos de tamanho sucesso com os três primeiros filmes e sem quebra significativa nos seguintes. Pois bem, Aronofsky é esse realizador. Alguém capaz de à sua forma criar uma grande obra prima, seja um filme metafórico sobre a vida e a morte, seja um filme sobre as drogas e efeitos psicadélicos, ou até sobre um wrestler reformado e solitario. Darren Aronofsky é o novo génio do cinema dos últimos anos, e a derradeira prova vem no seu ultimo filme, o incrível Black Swan.
Black Swan, o novo filme de Aronofosky é uma obra de arte na sua totalidade. A história retrata uma rapariga, Nina(Natalie Portman), que vive com a sua mãe, uma ex-dançarina que não conseguiu atingir o sucesso. Nina trabalha para uma companhia de dança bastante importante, sendo uma bailarina profissional, sempre à espera de ser chamada para um grande papel. No meio de intrigas e conflitos internos consigo mesma, Nina é chamada para fazer o papel principal na nova peça da companhia, "Swan Lake".
Há vários factos curiosos neste filme e pormenores que revelam o génio criativo de Aronofsky. Tal como Kubrick, nenhum plano é deixado ao acaso. Há sempre um motivo, uma razão para naquele plano estar aquilo e não isto, para os adereços estarem daquela forma e não de outra. Cada plano reflecte-nos uma imagem pessoal da protagonista, criando-nos um ambiente claustrofóbico e intenso, vivido através de uma artista que só queria ser perfeita. Há outro dado curioso no filme, é que Nina aparece em todas as cenas. Não há uma única cena sem a protagonista, o que nos envolve ainda mais na personagem e torna tudo ainda mais claustrofóbico.
A relação de Nina com a mãe é sempre repleta de intensidade, visto que a mãe vive pela filha aquilo que não foi capaz de ser. Porém, um dos maiores acrescentos narrativos deste filme é o confronto de Nina com Lily (Mila Kunis). Uma é a pureza, a boa menina, a bem educada, formada. A outra representa os ideias de rebeldia, loucura, ultrapassar os limites. Neste confronto Nina perde-se consigo mesma e as ilusões tornam-se realidade, ou a realidade torna-se uma verdadeira ilusão, dependendo da forma como queremos interpretar o filme. A relação com Thomas (Vincent Cassel), o encenador e dono da companhia, é também bastante intensa, criada sempre na base do pormenor e do confronto sexual indirecto. Aliás, o filme brilha pelos pormenores. Raramente algo nos é dado directamente, a não ser que seja algo mesmo fulcral para o avanço narrativo. Este é um daqueles filmes a rever e rever, até lhe apanharmos todos os vícios possíveis.
Conforme a narrativa avança, a personagem de Nina vai-se adensando e tornando-se mais intensa. As fobias vão aumentando e as ilusões vão-se fundindo com a realidade, representando-nos cenas dignas de um qualquer filme de Kubrick. Aliás, é impossível não nos lembrarmos de "The Shining" nas cenas de maior violência psicológica.
Os últimos dez minutos do filme são arrebatadores e a cena final é de uma mestria tal que por si só já valeria todo o filme.
Black Swan é uma obra minuciosa, artística e cativante de um realizador que nos tem deixado de boca aberta. Natalie Portman tem, sem qualquer duvida, aqui o papel da sua carreira, demonstrando-nos uma Nina triste, solitária, ingénua e ao mesmo tempo sonhadora. Todos os outros personagens funcionam perfeitamente na narrativa, e a contribuição de Winona Ryder, como Beth, é incrivel.
Black Swan afigura-se assim como um filme intenso, negro, insano e uma das maiores obras do cinema dos últimos quinze anos.
Aronofsky conseguiu de novo. Temos cinema!

sábado, 25 de dezembro de 2010

The Glockenwise + Black Bombaim + Sunflare no MusicBox

Dois dias antes do 25, houve mega festa de natal no MusicBox, o motivo para isso? O Vice Indo #2, com a noite a cargo da Lovers & Lollypops, a festa começou à meia noite com o DJ set a cargo de Fua, o responsável pela Lovers e continuou noite dentro com os concertos de Sunflare, Black Bombaim e The Glockenwise.


Sunflare @ MusicBox (23-12-2010)

Para conhecer melhor é aqui:
Myspace


Black Bombaim @ MusicBox (23-12-2010)

Para conhecer melhor é aqui:
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Facebook


The Glockenwise @ MusicBox (23-12-2010)

Para conhecer melhor é aqui:
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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Top 10 de 2010, por João Miguel Fernandes

Quando pedi a todos para fazerem um topo misto, nunca pensei que fosse tão difícil. Vi-me agora com imensas dificuldades para o elaborar e tenho muita pena de ter deixado de fora coisas que considero terem sido essenciais para este ano. O Top reflecte também a escolha pessoal, por diversos motivos e não apenas a qualidade objectiva dos objectos culturais em questão. É curioso verificar que o cinema, arte que tanto prezo, está representado apenas por um filme. Sinal claro do que foi este ano a nível cinematográfico.
Fica então aqui o meu Top:



10- Associação Experimentáculo de Setúbal:
A cultura vive em Setúbal muito graças a esta Associação. Foram pequenos, médios e grandes concertos. Foram exposições ou exibições de cinema. A Experimentáculo fez de tudo para alimentar a cultura setubalense e temos tanto a agradecer-lhes. Obrigado.


9- Revista DIF
A Revista DIF tem vindo a aumentar a sua qualidade ao longo dos meses deste ano. Os artigos sobre artistas underground tornam-na actualmente na melhor oferta do género. Oferta é como quem diz, pois a revista é gratuita. Desta forma ficamos a conhecer um pouco melhor o que se passa cá em portugal no design, moda e cultura, e também um pouco mais de areas underground estrangeiras. Uma revista a ter em conta


8- CD - Make friends and enemies - More Than A Thousand/ videoclip roadsick
Os Setubalenses MTAT trouxeram-nos este ano um novo álbum bem pesado, onde tudo está melhor. A banda evoluiu e está cada vez melhor. Juntando isto ao facto de "Roadsick" ter na minha opiniao o melhor videoclip nacional do ano, está tudo dito. Fazer um videoclip onde transmitem todo o apoio dos amigos ao longo destes anos, onde representam essa amizade através de imagens reais e filmadas de forma fantástica, torna o videoclip em algo mais que apenas um acompanhamento visual. Para ver e ver, e ouvir e ouvir.


7 - EP - É uma água - PAUS
O EP dos PAUS, esta nova mega banda, é uma lufada de ar fresco na música que se faz em solo nacional. Ao vivo a energia que se sente é ainda mais incrivel. É impossivel destacar um só concerto, porque em todos eles estiveram incriveis. O EP é uma mistura de batuques, guitarradas e vozes estranhas, que nos trazem uma descoberta musical fantástica. Que 2011 seja o seu ano!


6- Concerto de Michael Bublé -Pavilhão Atlântico
Bublé é mesmo o homem do espectáculo. Os seus concertos não se resumem apenas a música, mas também a momentos de puro stand-up comedy, interacção directa com o público e muitas tentativas de tentar criar um ambiente intimo num imenso pavilhão atlantico. Merecia estar mais a frente no top, mas o ano foi demasiado bom em vários sentidos. Mesmo assim, é um grande artista ao vivo.


5- Concerto de Linda Martini - Lux/CD - Casa Ocupada
Os Linda Martini são uma peróla na nossa música. Através do seu rock cheio de influências, são capazes de criar em nós as mais diversas sensações. Nós ficamos no seu mundo, presos à sua música. O concerto no Lux e o cd "Casa Ocupada" são dois momentos que marcam este ano. Quem não esteve no Lux perdeu um dos concertos mais energéticos do ano. Quem não tem o cd faça o favor de o ir comprar para o natal!

4- Concerto de Sonic Youth - Coliseu dos Recreios
Os velhos Sonic Youth deram um concerto incrivel no Coliseu, quase com mais energia do que qualquer miudo de vinte anos. As suas musicas continuam a marcar gerações e a fazer vibrar o seu publico, seja este o dos anos 80 ou o jovem casual que os começou a ouvir o ano passado. É impossível ficar indiferente a uma banda deste calibre, com tanta qualidade e que ao vivo nos dá tudo. Sem duvida um dos concertos do ano.

3 - Shutter Island de Martin Scorsese:
O melhor filme do, sem qualquer dúvida. Dicaprio num papel fantástico e num personagem incrivelmente complexo. Scorsese assina uma nova obra prima, um thriller insano e cheio de q qualidade.


2- CD - Carrossel de Azevedo Silva:
É para mim um dos artistas de topo a nível nacional. Isto pode parecer disparate para quem não o conhece, mas então convido toda a gente a ouvir este álbum, que é um belo exemplo do que é a melhor música portuguesa da actualidade. É uma viagem por aquilo que é ser português, ser sonhador e apaixonado.

1 - CD - We're here because we're here de Anathema:
Destaco este álbum em primeiro lugar porque o considero uma das maiores obras musicais dos últimos anos. Em segundo, as letras poéticas aliadas a um instrumental progressivo e sentimental, tornam todas as melodias num puro prazer para a nossa mente. São os Anathema a fazer da melhor e mais profunda música que por aí se pode ouvir.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Exposição de fotografia "Tejando"


Iniciou-se no passado dia 17 de Dezembro na discoteca HN, em Casal de Cambra, Sintra, uma exposição fotográfica que promete pôr à prova a audácia e criatividade de todos os fotógrafos ou meros amadores apaixonados por fotografia. Esta iniciativa, que parte da própria discoteca HN e do arquitecto e impulsionador da fotografia, Luís Correia Cardoso, desafia fotógrafos mais ou menos profissionais a expor as suas fotografias sobre o rio Tejo ao público.
A exposição decorre todos os dias, excepto segunda, à noite e tem o seu término apenas dia 9 de Janeiro.
Pode-se pensar que, muitas vezes, a arte e a cultura são mundos elitistas e em que apenas alguns têm hipótese de singrar; esta é uma iniciativa que vai contra tudo isso, tentando levar a cultura a todos e aproximando a fotografia de todo o público.

domingo, 19 de dezembro de 2010

My Beautiful Dark Twisted Fantasy - Kanye West




My Beautiful Dark Twisted Fantasy é o quinto álbum de Kanye West. Tem "skits", "samples" e dezenas de convidados, tal como os anteriores. E no entanto, é diferente. Se em The College Dropout e Late Registration ressaltavam as influências funk e soul (e em geral de toda a música negra americana), em Graduation havia a electrónica e 808's & Heartbreaks era dominado pelo minimalismo e pelo Auto-Tune. Em My Beautiful Dark Twisted Fantasy há isso tudo, e muito mais.
Deve dizer-se que esta não é uma obra "fácil". Algumas músicas podem parecer repetitivas e o tom do álbum, agressivo, não ajuda à festa. Contudo, a pouco e pouco a sensação de repetição dá lugar a uma constante descoberta de pequenos pormenores, na música e na letra (ou não fosse este um álbum de "rappers"), e toda a agressividade parece fazer sentido. É que, se a maioria das canções tem força própria, este é um caso típico em que o todo é maior que a soma das partes, em que o álbum nos absorve totalmente quando ouvido de uma ponta à outra.
A introdução é feita por Nicki Minaj em versão "british" enquanto Bon Iver multiplica a sua voz em pano de fundo, antes de soltar um "Can we get much higher?" - sim, o Kanye de "Touch The Sky" ainda por aqui anda, e recomenda-se. Segue-se "Gorgeous", servido por um riff de guitarra enleante, e a diabólica "Power". Caso sério, esta, já que a conjugação coros+grande beat+21st Century Schizoid Man (isso mesmo, King Crimson) merece um texto só para ela (fica para outra). Aliás, começa aqui a melhor sequência do álbum. Depois de um breve interlúdio de piano e violino, Kanye junta as vedetas da MTV para outra grande música: "All Of The Lights". A seguir? Bem... uma das melhores, se não mesmo a melhor do álbum - "Monster", uma canção monstra a todos os níveis (passe o trocadilho fácil). Bon Iver é sinistro como nunca o (ou)vimos, Rick Ross dá o tom, bruto, e Nicki Minaj saca a performance da sua vida: "I'm a motherfuckin' monsteeeeerrr!". Escusado será dizer que no meio disto tudo Mr. West continua a fazer aquilo que faz melhor: beats e mais beats. Além disso, prova que mesmo tendo um mau "flow" é possível ser bom rapper - é tudo uma questão de criatividade, e Kanye defende-se das suas fraquezas enquanto MC como poucos. Depois de duas faixas menos conseguidas vem "Runaway" (a do vídeo com bailarinas) e "Hell Of A Life" com um riff que pouco deve ao melhor hard-rock. É também a canção mais explícita do álbum e aquela em que Kanye nos atira à cara todo o seu ego: "I'mma make the devil wait" porque, afinal, "pussy and religion is all I need". Segue-se "Blame Game", na qual John Legend canta rimas de coração partido. Lamechice? Não, Kanye não deixa: a melodia dominante pode ser um pianinho, mas em fundo baterias e caixas de ritmos cruzam-se num acompanhamento que irrompe, hesita, aparece e desaparece. Ficamos a saber que, apesar de não ter grande voz, Kanye também é capaz de afinar umas notas e, a acreditar nas palavras de Chris Rock, de ensinar umas quantas coisas às senhoras. Depois, feito mágico, transforma um "sample" de Bon Iver ("Woods"), numa cavalgada contagiante - a música chama-se "Lost In The World - ouvindo-se aqui e ali Gil Scott-Heron. E é com esta grande voz do povo negro oprimido que Kanye se despede: "Who will survive in America? Who will survive in America? Who will survive in America?".
Ouvem-se palmas no final da faixa. Nem podia ser de outra forma.

Linda Martini + I Had Plans no MusicBox

Com o concerto marcado para a meia noite, por volta das 23h eram já muitas as pessoas que faziam fila à frente do MusicBox à espera que as portas se abrissem e dessem lugar a um espaço quente e acolhedor em contraste com a temperatura fria e a chuva miudinha que se fazia sentir cá fora. Sem bilhetes para vender à entrada, visto que durante o dia os poucos bilhetes que restavam acabaram por esgotar, a entrada foi feita a um ritmo lento, mas sem que isso parecesse incomodar muito quem lá estava, já que a ansiedade e a animação por poder ver ou rever uma das bandas nacionais do momento, servia para superar a espera, o frio, a chuva, o vento e o que lá mais viesse.

E afinal até havia motivos extra para isso, a noite era de festa, e estava a ser gravada para a posterioridade, uma vez que este concerto estava inserido no Club Docs, um programa produzido pelo MusicBox e que contempla umas entrevistas e a gravação de um concerto ao vivo.

Os I Had Plans, desconhecidos para muitos apesar de já existirem há alguns anos, e de já contarem inclusive com algumas tours europeias no currículo, foram a banda convidada pelos Linda Martini para iniciar a noite, e não comprometeram. Compostos por alguns elementos de outras bandas mais conhecidas no panorama underground nacional, como If Lucy Fell ou Lobster, estes I Had Plans revelam-se em palco com uma tremenda energia, seja ela imposta pela guitarra de Rui Carvalho, pela percussão de Ricardo Martins ou até pelos berros de Iuri Landolt. Foi um set curto mas intenso, o suficiente para aquecer e fazer esquecer o frio trazido do exterior.

I Had Plans @ MusicBox (18-12-2010)


Terminada a actuação dos I Had Plans, era altura dos Linda Martini entrarem em palco, um a um foram assumindo as suas posições, e pouco depois ouviam-se os primeiros acordes de Elevador, uma das músicas do último álbum da banda, Casa Ocupada.
Começou assim a comunhão entre banda e público, algo já habitual nos concertos desta banda, sempre muito acarinhada pelos seus fãs, é quase incrível a forma como se vive um concerto deste tipo, paira no ar um sentimento mútuo de admiração quase palpável, que bem mais saudável que outras coisas que pairavam pelo ar, tornam assim único cada momento vivido naquele espaço de tempo em que a música comanda tudo.
Com uma setlist algo diferente daquela apresentada no LUX, o que seria de esperar visto que os moldes e objectivos deste concerto eram outros, a banda percorreu todos os seus registos editados, desde o seu primeiro EP, representado por exemplo pelo tema Efémera e Este mar (já no encore), passando pelo Marsupial, que tinha ficado um pouco esquecido nas últimas apresentações ao vivo, e sem esquecer claro os dois longa duração, Olhos de Mongol e o mais recente Casa Ocupada.
Como já começa a ser hábito também, a banda esteve irrepreensível, e apenas talvez o som não estivesse por vezes nas melhores condições, nada que afectasse por aí além uma actuação tão intensa quanto seria de esperar, com uns Linda Martini bem soltos e a sentirem-se como peixe na água em palco.
O concerto acabaria eventualmente por se aproximar do fim, e pseudo-encerrou com O amor é não haver polícia, uma vez que ainda havia um encore de duas músicas para deleite dos presentes, como já referi atrás, uma das músicas que ainda havia para tocar foi a Este mar, e à qual se seguiu o novo hino-encerra-concertos-em-apoteose da banda, Cem metros sereia, foi entoada por todos, e juntou em palco vários amigos presentes (de uma forma mais comedida que em outras ocasiões, já que o espaço em palco não é muito) para os coros finais: "Foder é perto de te amar / se eu não ficar perto".

Linda Martini @ MusicBox (18-12-2010)


Setlist:
1. Elevador
2. Mulher-a-dias
3. Efémera
4. Nós os outros
5. Amigos Mortais
6. Dá-me a tua melhor faca
7. Juventude Sónica
8. Belarmino vs
9. Amor combate
10. Cronófago
11. Partir para ficar
12. As putas dançam slows
13. Ameaça menor
14. O amor é não haver polícia

Encore:
15. Este mar
16. Cem metros sereia

sábado, 18 de dezembro de 2010

Top 10 de 2010, por Andreia Vieira da Silva

No seguinte top encontram-se referências a algumas das coisas que foram feitas este ano na área do cinema, da música, entre outros eventos que de forma positiva ou negativa, para mim, marcam este último ano. Algumas coisas podem ter ficado de fora, mas isto é apenas mais uma lista, não abrange em toda a sua imensidão tudo o que foi feito a nível cultural, apenas a percentagem que me deixou mais marca.


10. A grande oferta de concertos. Este ano, á semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos anos, têm-se mostrado versátil e com muitas propostas no que toca á música ao vivo. Tivémos de tudo, para todos os gostos, com os nomes mais "na berra" a incluíram Portugal no seu trajecto. Concertos "grandes" ou concertos mais underground foram uma constante. Faith No More, Lady Gaga, Sonic Youth, ou Elton John são apenas alguns dos nomes.


9. Alexander Mcqueen. Aos 40 anos, após a morte da mãe, decidiu colocar termo á vida. Colaborou com Bjork, David Bowie e Lady Gaga, e mostrou ser um dos mais emergentes estilistas da sua geração. A sua
criatividade transcedia tudo o que se fazia actualmente na Moda, tudo era mais que simples vestimentas que seguiam as directrizes de cada estação. Ele não seguia as correntes, ficava na margem e era aí que sobressaía, tornando cada peça em arte.


8. Banda-Revelação. Sleigh Bells. O duo americano de noise-pop é uma das melhores bandas da fornada de 2010. O albúm Treats é viciante, fresco , dançável e suficientemente edgy para nos fazer recordar o nome da banda.

7. A morte de António Feio e José Saramago fica no top 10 de acontecimentos que marcam o ano. Dois grandes contribuintes para a arte e cultura, que a deixam, por consequência, um pouco mais pobre. São exemplos para quem pretende seguir a representação, ou a literatura.



6. Livro. "As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", com argumento de Filipe Melo (responsável pela curta-metragem I'll See You in My Dreams e pela mini-série Um Mundo Catita) e desenhos do argentino Juan Cavia. Os dois criaram este livro comunicando via Skype,
projecto que demorou 5 anos até sair do forno. Vale imenso pelo argumento original e pela qualidade dos desenhos.


5. Filme. "Shutter Island" de Martin Scorsese. Leonardo DiCaprio brilha como personagem principal na história perturbante deste thriller psicológico, baseado no livro de Dennis Lehane de
2003, com o mesmo nome.




4. Albúm. Sea of Cowards - The Dead Weather. O projecto de Jack White e Allison Mosshart continua de vento em popa, e este albúm de 2010 vêm prová-lo. Consistente, sons sombrios, vozes arrepiantes.



3. Albúm. High Violet - The National: The National trazem um álbum consistente. Faz lembrar Magnetic Fields, com umas tiradas de Interpol pelo meio. Melodias orelhudas, melancolias intercaladas por momentos de júbilo. É uma terapia, faz-nos querer cantar enquanto descansamos a alma. A banda de Ohio têm-nos habituado ao melhor, mas este albúm em particular criou em mim uma ligação especial com a banda.


2. Concerto. Black Rebel Mortorcycle Club na Aula Magna. A banda da california encheu a aula magna e levou á loucura, todos os que se encontravam presentes. Um dos melhores do ano, e a repetir.




1. Concerto.

Faith No More no Optimus Alive. Penso que é O concerto. Sem muitos artifícios, para além de um pano vermelho como fundo, Mike Patton e companhia mostraram porque razão são uma das melhores bandas ao vivo de sempre. De salientar a forma como Mike Patton comunicou durante todo o concerto em português, as referências ao Cristiano Ronaldo, o crowd surfing onde acabou descalço, em suma toda a interacção de uma banda que não se limita a tocar os maiores êxitos, mas que quer deixar na memória de quem os assiste, uma verdadeira recordação.

Mothership + Blame the Skies - ADN Setúbal - 17 de Dezembro 2010 - Lançamento do EP Silversun



Num ADN com uma capacidade média para 80 pessoas, estiveram ontem 117 para assistir ao concerto de lançamento do EP dos Mothership!
Este claro sinal de adesão é fruto de apenas uma coisa: Uma evolução enorme por parte das duas bandas. Sim, a primeira parte esteve a cargo dos Blame the Skies e também se deve muito a eles por esta enchente. Estamos a falar de duas bandas da cidade de Setúbal que ao longo dos últimos 2 anos têm tentado preencher a lacuna musical deixada pela evolução de outras bandas e a sua natural subida no panorama musical. Os Mothership e os Blame the Skies estão agora no topo na sua cidade natal e ontem no ADN viu-se bem porquê.
Os Blame the Skies do Metalcore entraram em cena um pouco depois da hora prevista, dando-nos um grande espetáculo de metal bem pesado, como se quer. É pena a curta duração do seu concerto, pois ficámos claramente com a sensação de "queremos mais". A banda mostrou-se muito mais coesa e nota-se claramente a sua evolução, transmitindo-nos a novidade de que daqui a 2 meses teremos o seu EP por aí. Os Blame the Skies são a representação de uma banda talentosa, unida e humilde. Vale a pena gostar de metal só para os ver.
Os "senhores" da noite, os Mothership, entraram com toda a garra possível. Nuno Aleluia, o vocalista, berrava como se depois daquela noite fosse ficar sem voz (provavelmente até ficou). A banda mexia-se e unia-se, aliando os efeitos de luz à sua música e levando-nos pelo mundo do seu EP, sendo este tocado de seguida, à velha maneira progressiva, fazendo lembrar até uns Porcupine Tree. As 4 músicas do álbum foram apresentadas e o público queria mais. Durante todas as faixas o público juntou-se à banda e cantarolou o que sabia, bateu muitas palmas e aclamou uma daquelas que é já uma grande banda de Setúbal. O "encore" foi feito de forma especial. Primeiro foi-nos apresentada uma música nova, que nos deixou literalmente de água na boca. As influências progressivas são mais que muitas e o estilo da banda parece querer definir-se, o que ajuda a melhorar a sua coesão. A música em si é ainda mais pesada, mas as vocais são mais melódicas, fazendo lembrar uns Pink Floyd ou novamente Porcupine Tree. A última música da noite foi um brinde do antigamente, Replica, uma música antiga, mas tão boa ao vivo.
A noite no ADN foi novamente de casa cheia, desta vez literalmente a rebentar pelas costuras. Quem lá esteve assistiu a um poderio musical imenso de ambas as bandas e à promessa de que 2011 será um ano de voos mais altos!

Top de 2010, por Miguel Ferreira

É sempre ingrato fazer um top, acima de tudo porque é preciso deixar de fora coisas que mereciam lá estar. Depois, mesmo tendo feito isso, é-nos pedido que ordenemos as nossas escolhas, ainda que essa ordem não faça para nós grande sentido - neste caso, peço desculpa à equipa e aos leitores do Arte-Factos, mas tenho que abrir uma excepção: não vou numerar o top, porque a variedade das escolhas torna-as impossíveis de comparar. Por fim, (e para irmos ao que realmente interessa) este, como todos os outros, reflecte o gosto do seu autor, mas não pretende ser uma Bíblia do que aconteceu em 2010. Não é perfeito, mas é o meu top.



Saramago



Pela personalidade incómoda, pelo humor mordaz e pelo amor que também era capaz de mostrar (a prova está em "José e Pilar", o documentário de Miguel Gonçalves Mendes).




The National


Os fãs dos Arcade Fire que me desculpem, mas aqui são os The National a levar o prémio. High Violet é o seu terceiro álbum e é excelente. Pegando nas palavras do SputnikMusic, site que deu pontuação máxima ao disco, "The National should give faith to anyone (...) who misses a time where it didn't seem like all the musicians thought they were better than you and you could actually relate to the damn words they were singing.".





The Old Spice Guy

Se em Portugal "arriscar" continua a ser uma palavra quase proibida e jogar pelo seguro a atitude dominante, da América vem um exemplo que a contraria e mostra o que temos andado a perder. E não, não me refiro aos peitorais do senhor.




Festivais

(esta não leva imagem)

Para todos os gostos, por todo o país e com muita gente. Destaco o Optimus Alive! 2010 (pelo cartaz), o Super Bock Em Stock (pelo conceito) e o Bons Sons (por conseguir transformar, durante um fim-de-semana, uma aldeia pacata ao pé de Tomar no centro da música portuguesa). Nota ainda, noutro âmbito, para o Festival de Teatro de Almada, que comemorou o 27º aniversário.


Roberto Bolaño




A obra de Roberto Bolaño, que morreu em 2003, não teve mais destaque em 2010 do que no ano passado, por exemplo. Mas a edição d' O Terceiro Reich é um óptimo pretexto para prestar aqui a devida homenagem a este grande escritor.


Um Eléctrico Chamado Desejo, no Teatro Nacional Dona Maria II




A encenação de Diogo Infante não está aqui por ter sido a melhor peça que se viu em Portugal durante o ano que passou (não foi). Um Eléctrico Chamado Desejo ganhou o seu lugar no top porque simbolizou, de certa forma, a reconciliação entre o teatro nacional e o grande público - a peça teve sala cheia do primeiro ao último dia. Pode-se argumentar que isso foi feito à custa de chamar actores das telenovelas para o palco do Dona Maria. Sim, provavelmente foi o que aconteceu. Mas se o "povo" quer ver bons actores (como é o caso), ao menos que os veja na sala Garrett em vez de os ver na sala de estar, a olhar para a televisão.



Mistérios de Lisboa



Porque é uma pedrada no charco do cinema português e porque prova que vale a pena investir em grandes produções (como o é, aliás, o Filme Do Desassossego, que não consegui ver com muita pena minha). E também porque proporcionou alguns dos planos de cinema mais bonitos que se têm visto nas salas nos últimos anos - quem o viu lembrar-se-á certamente da morte do Conde.



B Fachada







2010 foi o ano da merecida consagração de B Fachada. Há Festa Na Moradia não é o seu melhor trabalho, mas tem grandes canções ("Joana Transmontana" ou "Memórias de Paco Forcado (vol.1)"). Já B Fachada É Pra Meninos, um disco para crianças que não o é, promete (não o ouvi ainda todo). De qualquer das formas, B Fachada afirmou-se como um grande e prolífico escritor de canções - já se fala de novo disco. E nós só temos que agradecer.


Kanye West






Ao quinto disco (a review vem em breve), Kanye West continua a sacar beats como quem muda de camisa. Sim, é arrogante. Sim, é egocêntrico. Sim, diz querer tornar-se o maior artista do seu tempo. Sim. É grande.

5 Anos de Casa da Música



Dizia-se n' Os Maias que Portugal é Lisboa, e o resto é paisagem. Já não é assim, e ainda bem. A Casa da Música celebrou 5 anos de uma actividade cultural intensa, abarcando diversas áreas, dando aos portuenses mais uma razão para se orgulharem da sua cidade. Eu, lisboeta, fico contente. Afinal, Lisboa é a capital, mas há muito mais Portugal.