É sempre ingrato fazer um top, acima de tudo porque é preciso deixar de fora coisas que mereciam lá estar. Depois, mesmo tendo feito isso, é-nos pedido que ordenemos as nossas escolhas, ainda que essa ordem não faça para nós grande sentido - neste caso, peço desculpa à equipa e aos leitores do Arte-Factos, mas tenho que abrir uma excepção: não vou numerar o top, porque a variedade das escolhas torna-as impossíveis de comparar. Por fim, (e para irmos ao que realmente interessa) este, como todos os outros, reflecte o gosto do seu autor, mas não pretende ser uma Bíblia do que aconteceu em 2010. Não é perfeito, mas é o meu top.
Pela personalidade incómoda, pelo humor mordaz e pelo amor que também era capaz de mostrar (a prova está em "José e Pilar", o documentário de Miguel Gonçalves Mendes).
The National
A obra de Roberto Bolaño, que morreu em 2003, não teve mais destaque em 2010 do que no ano passado, por exemplo. Mas a edição d' O Terceiro Reich é um óptimo pretexto para prestar aqui a devida homenagem a este grande escritor.
A encenação de Diogo Infante não está aqui por ter sido a melhor peça que se viu em Portugal durante o ano que passou (não foi). Um Eléctrico Chamado Desejo ganhou o seu lugar no top porque simbolizou, de certa forma, a reconciliação entre o teatro nacional e o grande público - a peça teve sala cheia do primeiro ao último dia. Pode-se argumentar que isso foi feito à custa de chamar actores das telenovelas para o palco do Dona Maria. Sim, provavelmente foi o que aconteceu. Mas se o "povo" quer ver bons actores (como é o caso), ao menos que os veja na sala Garrett em vez de os ver na sala de estar, a olhar para a televisão.
2010 foi o ano da merecida consagração de B Fachada. Há Festa Na Moradia não é o seu melhor trabalho, mas tem grandes canções ("Joana Transmontana" ou "Memórias de Paco Forcado (vol.1)"). Já B Fachada É Pra Meninos, um disco para crianças que não o é, promete (não o ouvi ainda todo). De qualquer das formas, B Fachada afirmou-se como um grande e prolífico escritor de canções - já se fala de novo disco. E nós só temos que agradecer.
Ao quinto disco (a review vem em breve), Kanye West continua a sacar beats como quem muda de camisa. Sim, é arrogante. Sim, é egocêntrico. Sim, diz querer tornar-se o maior artista do seu tempo. Sim. É grande.
5 Anos de Casa da Música
Dizia-se n' Os Maias que Portugal é Lisboa, e o resto é paisagem. Já não é assim, e ainda bem. A Casa da Música celebrou 5 anos de uma actividade cultural intensa, abarcando diversas áreas, dando aos portuenses mais uma razão para se orgulharem da sua cidade. Eu, lisboeta, fico contente. Afinal, Lisboa é a capital, mas há muito mais Portugal.
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