Ao entrarmos em 2010 é justo afirmarmos que Darren Aronofsky é o "novo" Stanley Kubrick. Esta opinião pode não agradar aos fãs de Kubrick ou até mesmo de Aronofsky, mas a razão é simples: Stanley Kubrick distinguiu-se por criar vários filmes icónicos que isoladamente representavam diversos temas da vida, de forma metafórica ou directa. Em comum tinham a perspectiva fria e distante do realizador, em contraste com a belissima fotografia e a banda sonora sempre perfeita. Aliado a tudo isto, Kubrick era um mestre de montagem e realização, e os seus filmes tinham cenas geniais como o fantástico zoom out de uma cena do "Barry Lindon", ou os fantásticos planos claustrófobicos e aterradores de "The Shining".
É claro que Aronofsky não possuí as mesmas características que Kubrick, mas é justo afirmar que lhe sucede na medida em que é um novo realizador que consegue criar uma obra distanta de filmes incriveis e completamente diferentes uns dos outros.
Começando por "Pi", o seu primeiro filme, podemos destacar de imediato o ambiente metafórico e o gosto pelo fantástico e ficcional. Pi trata a história de um homem que vive obcecado em descobrir uma sequência chave que desbloqueie o segredo da vida. Através da perspectiva de um homem insano, conseguimos ter um retrato de um sociedade urbana mergulhada no caos, gerado pela própria evolução natural das coisas. Um filme bastante criativo e original, mas que não se torna fácil para quem está habituado a um tipo de cinema mais comercial.
"Requiem for a Dream", segundo filme de Aronofsky, é uma pesada reflexão sobre o mundo das drogas e as suas consequências. Neste filme assistimos a uma metamorfose fantástica do actor Jared Leto, que interpreta na perfeição o papel de um viciado em droga, que ultrapassa todos os limites só para satisfazer a sua necessidade. Este retrato desumano e demasiado real mistura-se novamente com o paranormal caracterizador de Aronofsky, trazendo-nos assim um filme fantástico.
"The Fountain" é para mim o melhor filme de Aronofsky e um dos melhores filmes de sempre. Através de metáforas consistentes e de uma premissa aparentemente simples, o realizador leva-nos por uma viagem que atravessa várias épocas, realidades e sonhos. Um filme que não só nos prende ao ecrã como nos leva a questionar toda a génese humana e principalmente a reflectir sobre a morte de um ponto de vista sobrenatural e não terminal.
"The Wrestler" é um fantástico drama sobre um ex-wrestler abandonado pela mulher e filha, que perdeu tudo o que tinha na vida e tem finalmente uma última hipotese para ser feliz. Será que consegue? Aronosky é duro e crú, mostrando-nos um homem bruto mas sentimental, que afinal só precisava de alguma esperança ao fundo do túnel. Enorme papel de Mickey Rourke.
Para o futuro próximo temos "Black Swan", que aparenta ser outra obra prima do realizador, com uma Natalie Portman no papel da sua carreira.
Darren Aronofsky é um misto de vários realizadores, apesar de criar também a sua própria identidade. Desde Stanley Kubrick que não tinhamos um realizador tão visionário.
Resta esperar e ver.
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