terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tides From Nebula no MusicBox

Com a vaga de frio que se fez (e faz) sentir um pouco por todo o país, provavelmente a altura é a mais adequada para a visita dos Tides From Nebula a Portugal, este quarteto polaco tem dois concertos agendados em solo nacional, e o primeiro foi ontem em Lisboa, num MusicBox infelizmente despido de público.
Com apenas um álbum na bagagem, Aura, editado em 2009, as comparações com o frio polaco acabam assim que a banda entra em palco, seja pela entrega, pelo ar de satisfação dos músicos que tanto cativa quem está a assistir ou apenas e tão só pela energia que empregam em cada acorde e cada nota, os Tides From Nebula remetem-nos para uma atmosfera sensorial que a qualquer momento pode explodir em forma de décibeis, é normal, não fosse a banda apoiar-se num pós rock tão próprio, o que já não é tão normal, é a envolvência que conseguem criar com quem está a assistir, e isso, tal como o resto, já é de reconhecer o mérito a estes quatro rapazes, que genuinamente se notava que estavam a adorar cada minuto do concerto, agradecidos por estarem ali, e não noutro qualquer sítio a tocar, fôssemos 20, 30 ou 50 pessoas a assistir.
E é de facto pena que a qualidade que a banda demonstrou não tenha correspondido ao número de público presente, no entanto, hoje há mais uma oportunidade para apanhar ao vivo esta excelente banda de pós rock, é em Viana do Castelo, e quem tiver por perto não deve querer perder isto, de forma alguma.

Tides From Nebula @ MusicBox (29-11-2010)



Para conhecer melhor a banda é aqui:
Myspace
Facebook

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Parkway Drive no Santiago Alquimista

Poderoso, estrondoso, intenso, apaixonante, emotivo! Estas designações serviriam perfeitamente para caracterizar o concerto dos australianos Parkway Drive no Santiago Alquimista no passado domingo. Mas já lá vamos. Primeiro vamos focar-nos nas duas bandas de abertura.

Os Dont Disturb My Circles tiveram o privilégio de abrir o primeiro concerto dos Parkway Drive em Portugal, numa sala completamente a abarrotar. Num cenário humano perfeitamente hardcore/punk, que misturava lenços, fatos de treino, caps, muitas tatuagens e t-shirts de bandas nacionais, os Don't Disturb My Circles deram o mote para uma grande noite de peso, mas sofreram muito por serem a primeira banda. Apesar do empenho, foi difícil pôr o público a suar. Tentaram agitar o público com o seu som característico, mas foi complicado. Não há dúvidas que tentaram, mas apesar do seu cabedal musical, o público não reagiu grandemente, muito devido a serem a primeira banda.

Don't Disturb My Circles @ Santiago Alquimista (28-11-2010)


Quanto aos Reality Slap, a realidade foi algo diferente. Aproveitando o aquecimento prévio dos Don't Disturb My Circles e uma maior envolvência com o público, a banda de hardcore/punk criou, juntamente com os inúmeros fãs presentes, coros imensos de coesão, de singularidade e união musical. Os Reality Slap são cada vez mais acarinhados pelo público português, e isso reflectiu-se no domingo pela forma entusiasta como o público reagiu. A união entre o público e a banda, que incentivou à rebeldia e às filosofias "hardcorianas" da banda, conseguiu criar um ambiente fantástico, perfeito para o espectáculo que estaria a chegar.

Reality Slap @ Santiago Alquimista (28-11-2010)


A entrada dos Parkway Drive em palco foi algo memorável, que fez agitar toda a sala do Santiago Alquimista. Esta banda era esperada há muitos anos em Portugal. Finalmente em 2010 tivemos a oportunidade de assistir ao que já se esperava ser um grande concerto. Contudo, não foi grande, foi enorme e cheio de energia.
Winston McCall, vocalista e líder incofundivel desta banda de Metalcore, rapidamente se misturou com o palco e conseguiu criar uma enorme união, um sentimento de emoção constante de música para música. O público esse, estava louco! O mosh era algo sempre presente e já não se distinguia o palco do resto da sala. Pessoas e pessoas infinitas subiam ao palco para se mandarem ao público ou apenas cantarem ao lado de Winston. Este foi um daqueles concertos inesqueciveis para quem o presenciou, seja fã máximo ou apenas ouvinte casual, é impossivel ficar indiferente à atitude desta grande banda.
O concerto foi pequeno mas não desiludiu em nada, e teve direito ao tão óbvio encore, seguido de vários coros do público. Aliás, as partes em que o público se fundia vocalmente com Winston foram o momento alto da noite, demonstrando que Portugal sempre esteve a par desta grande banda e sempre os acarinhou de forma especial.
Percorrendo vários temas como "Dead Man's Chest" e "Deliver me", Winston conseguiu emocionar-se em várias oportunidades, elogiando Portugal como um dos sitios mais fantásticos por onde tinham passado.
A verdade é que Portugal sentiu o concerto de forma especial, e os Parkway Drive sentiram toda essa energia, canalizada num espetáculo imenso, envolvente a nível musical e artístico.
Os fãs de Metalcore que estiveram presentes ontem no Santiago Alquimista tiveram a oportunidade de assistir a uma das bandas do momento no panorama internacional dentro do género.
Quem lá esteve sabe como foi, e melhor não podia ter sido!

Parkway Drive @ Santiago Alquimista (28-11-2010)



Texto: João Miguel Fernandes
Fotos: Hugo Rodrigues

Azevedo Silva + Nuno Aleluia & Pedro Dinis - Capricho Setubalense - 27 de Novembro de 2010


No passado dia 27 de Novembro, Azevedo Silva regressou a uma terra que tanto o acarinha, Setúbal. Desta vez trouxe na bagagem o seu novo álbum, intitulado de "Carrossel".
Além de ser um artista que canta em bom português, Azevedo em toda a sua humildade entretém também o público com conversas casuais cheias de bom humor.
A primeira parte do concerto cheirou a um "Déjà Vu" renovado. Tal como em Junho de 2009, Nuno Aleluia foi o artista escolhido para abrir o concerto. Mas desta vez não veio sozinho. Pedro Dinis (guitarrista de Blame The Skies) junta-se agora a este jovem setubalense de apenas 18 anos. Se por um lado é de louvar que Nuno Aleluia toque quase na totalidade apenas temas criados por si, também é de denotar que ao tentar criar composições demasiado complexas, o artista comete alguns erros, normais, demasiado evidenciados pela sua expressão facial. Mas Nuno Aleluia não se deixa intimidar e encanta o público com a sua qualidade vocal e o seu carisma. Pedro Dinis é uma adição excelente, que torna a música muito mais coesa. A evolução de Nuno Aleluia é positiva e cada vez mais complexa.
Numa sala completamente lotada, Azevedo Silva percorreu a sua carreira musical desde o seu primeiro registo até ao novíssimo "Carrossel". Agora acompanhado de três excelentes músicos, mais instrumentos e maior coesão, Azevedo é um artista que vai muito além do normal.
Desde "Dona Solidão", passando por "Die Mauer" e chegando a "A Morte", Azevedo Silva voltou a encantar Setúbal, com dois encores e muito mais pessoas que sabiam as suas músicas.
Numa mistura entre o acústico tradicional e uma vertente mais clássica com influências "Zeca Afonsinas", Azevedo está cada vez melhor a dar música e alegria. Música essa que está repleta de uma honestidade e humildade intrínsecas, que complementam a parte humorística e interactiva do artista.
Para todos os presentes teria sido um prazer ouvir mais, tantas foram as vezes que o público pediu por "Só mais uma ou duas".
No final, a ilustrar o amor reciproco do público, vendeu todos os discos que tinha trazido, sendo elogiado por pequenos e graúdos, que por eventualidades da vida ou apenas casualidade cultural, se juntavam naquela sala para ver e ouvir um artista tão nosso, tão português, tão talentoso.
Seria injusto não referir explicitamente o facto dos três novos músicos, Bruno Martins, Filipa Vale e Nuno Silva ajudarem Azevedo a criar da melhor música em português que se tem ouvido nos últimos tempos.
Enormes todos eles!


Texto: João Miguel Fernandes
Foto: Hugo Rodrigues

Katatonia + Before the Rain @ Incrível Almadense

Numa noite em que as temperaturas desceram a pique, a massa metaleira não se fez rogada e perenigrou até um dos pontos que mais concertos de peso recebe, o Incrível Almadense. Desta feita esperava-se uma das bandas mais respeitadas e emblemáticas do Doom Metal, os suecos Katatonia, que levam já quase 20 anos de carreira e trazem o novíssimo Night is the New Day.

A banda já tinha passado por Portugal em ocasiões anteriores, como no festival Vagos Open Air, no ano passado, em 2007 com duas datas, no Teatro Sá da Bandeira e no Paradise Garage e ainda na sua estreia em 2003, no Barroselas Fest.

Before the Rain (PT)



A banda de abertura, Before the Rain, forneceu um bom aquecimento aos que iam chegando ao recinto, directos de uma noite gélida. Portugueses, setubalenses, tocam doom metal, com solos de guitarra poderosos, e souberam dar o pontapé de saída de uma grande noite de sons pesados. Conseguiram arrancar do público bons headbangs, e uma boa recepção.



O público pedia por Katatonia, e finalmente a banda entra em palco, arrancando bajulações. Arrancam com "Day an Then the Shade", e "Liberation", ambas extraídas do recente registo. Seguidamente, um dos hinos do grupo, "My Twin", faixa do albúm The Great Cold Distance, de 2006. De resto, foi nestes dois albúns que recaíu a escolha do alinhamento da noite.

Katatonia (SE)



Depois de "Onward Into Battle", "Omerta", ou "Saw You Drown", canções de respeito, "The Ghost of the Sun", de Viva Emptiness (2003) põe novamente todos os presentes em uníssono, num regresso ás memórias. Segue-se a poderosíssima "Evidence"", outra retirada do mesmo albúm, ainda o público não tinha tido tempo de acalmar. Mais um tiro certeiro com "Criminals", também do albúm de 2003. A primeira parte do alinhamento é fechada com "July", o porta-estandarte de The Great Cold Distance.



O público até aqui já muito que entoou todas as letras, e muito que abanou a cabeleira, mas todos querem mais um bocadinho.



A banda regressa para o final, atirando "Forsaker", "For My Demons", e "Leaders", pondo todos a agitar a cabeça, a cantar, e a gritar pela banda. É esta reacção aquilo que se chama mérito, respeito e devoção, e o que uma banda com 20 anos de devoção merece de uma audiência. Entrega.

Alinhamento:

1.Day and Then the Shade
2.Liberation
3.My Twin
4.Onward Into Battle
5.The Longest Year
6.Soil's Song
7.Omerta
8.Teargas
9.Saw You Drown
10.Idle Blood
11.Ghost of the Sun
12.Evidence
13.Criminals
14.July

Encore:
15.For My Demons
16.Forsaker
17.Leaders

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

peixe:avião na Fnac do Colombo

Em dia aderente por todas as Fnacs do país, os peixe:avião foram uma das bandas convidadas para dar um showcase no auditório da Fnac do Colombo.
Foram cinco os temas apresentados por esta banda de Braga, todos eles saídos do mais recente trabalho discográfico, Madrugada.

peixe:avião @ Fnac Colombo (26-11-2010)


Para conhecer melhor é aqui:
Myspace
Facebook

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entrevista - Linda Martini

Ao segundo álbum da banda, e após dois EP's editados entre o Olhos de Mongol e o mais recente Casa Ocupada, os Linda Martini começam finalmente a ganhar algum do reconhecimento público que já mereciam. Nesse sentido também nós quisemos dar a conhecer um pouco mais sobre a banda, e o que mudou (ou não) ao longo destes anos.

1. O vosso disco entrou directamente para o 4º lugar do top nacional de vendas. Este é um sinal claro do crescimento da banda a nível nacional. Esperavam alcançar este sucesso com este álbum?

André Henriques: Temos que analisar as coisas com objectividade e não com deslumbramento. Uma banda da nossa dimensão não vive dos discos que vende. Aliás, nem sequer vive da música mas isso são outros quinhentos... Estar no top é ter sucesso? Nunca foi uma meta nossa, nem esperávamos que algum dia acontecesse. O aspecto mais positivo é o retorno de promoção que podes ter. Interessa-nos sobretudo tocar ao vivo e se isso gerar mais atenção poderá resultar em mais concertos.

2- Os concertos de lançamento do vosso cd tiveram sempre casa cheia. Como vêem a evolução da banda ao longo dos últimos anos? Quais as principais diferenças?

A.H.: A principal diferença é que o público que nos segue tem aumentado, o que nos permite tocar mais e com melhores condições. Do nosso lado estamos mais serenos e a nossa relação nunca esteve tão boa. Já tocamos juntos há muitos anos, neste e noutros projectos. Quando começámos a compor a efémera, o partir para ficar ou o amor combate tínhamos 22 ou 23 anos e hoje temos todos 30. É muito difícil manter uma banda estes anos todos e conciliá-la com os nossos egos, com os trabalhos, namoradas/os e todas as outras coisas que nos exigem dedicação. É cansativo e só o fazemos porque não saberíamos o que fazer sem isto.

3- Como foi para vocês criarem músicas mais directas, mas ao mesmo tempo com todas as características da banda? O que mudou nos Linda Martini com este cd?

A.H.: Foi um processo natural, não planeámos esta direcção mas não é nada que nunca tenhamos feito. Os projectos que tínhamos antes de Linda Martini eram todos dentro do Punk/ Hardcore. Acho que estávamos com saudades disso.

4- O vosso nome tanto pode ser visto como um nome português ou uma expressão estrangeira. Nunca pensaram em cantar em inglês?

A.H.: No início começámos por compor apenas instrumentais. Depois achámos que isso nos iria colar demasiado à onda toda do pós-rock que estava a acontecer no início de 2000. Decidimos que era fixe fazer uma coisa diferente e o primeiro impulso, quando experimentámos meter voz, foi mesmo cantar em inglês, porque já o fazíamos nas bandas anteriores. Depressa percebemos que aquilo não nos dizia nada. Se nos estávamos a desafiar ao tocar um som radicalmente diferente das bandas punk e hardcore, também podíamos sair da nossa zona de conforto e começar a cantar em português. Nunca tínhamos experimentado e correu bem. Foi apenas uma opção estética. Não nos vemos a voltar ao inglês, pelo menos neste projecto não fará muito sentido…

5- Como é que a banda interage nos minutos anteriores a entrarem em palco? Ainda ficam nervosos?

A.H.: Acho que sim. É impossível não estar ansioso antes de entrar mas é sempre uma celebração. É como sair à noite com os teus melhores amigos e perderes a cabeça.

6- O que podemos esperar dos Linda Martini no futuro próximo?

A.H.: Para já concertos. Ainda não temos planos para próximos lançamentos mas gostávamos de fazer algo especial, como foi o marsupial. A ver vamos.


O nosso agradecimento especial ao André e aos Linda Martini pela disponibilidade demonstrada.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Iconoclasts- Speedway


Os Iconoclasts são uma banda lisboeta de indie rock formada em 2009. Porém, a banda vive de mais influências, tanto experimentais como progressivas, o que lhes confere algo mais. A juntar a tudo isto, temos actuações explosivas e energéticas, numa combinação perfeita da essência de uma verdadeira banda, união em palco, como se fossem apenas um só. É impossível ficar quieto nos seus concertos e indiferente à sua paixão musical.
Recentemente disponiblizaram gratuitamente aquele que é o primeiro single do seu primeiro álbum.
Com um EP já na bagagem, os Iconoclasts preparam-se para lançar o seu primeiro longa duração, que reune algumas musicas do EP (gravadas novamente) e muitas músicas novas.
Speedway é uma dessas novas músicas. Para quem acompanha os Iconoclasts ao vivo, esta música não é nova, mas sim uma versão em estúdio do que já tivemos oportunidade de ver ao vivo.
A música é um misto de felicidade instantanea com energia simpática. Ora isto traduzido, estamos perante uma música que soa a boas energias, positivas e que nos faz querer começar a dançar, ou seja, a música ideal para abrir o apetite deste novo álbum. As letras são bem construídas e sempre cuidadas. O refrão é melódico e faz-nos querer senti-lo de perto, com a banda. Chegando perto dos 3 min chegamos também ao climax da música e a uma verdadeira explosão instrumental, de toda a felicidade proposta inicialmente.
Speedway é uma música belíssima, com imensa qualidade, dentro de um género já saturado, mas no qual os Iconoclasts tentam sempre inovar. E conseguem!
Quando acaba ficamos com a inevitável questão na cabeça, tal é a vontade de ouvir mais: "E o cd? Para quando?"

Alinhamento do álbum intitulado "Mt Erikson":

1. Standards
2. Wrong is The New Right
3. Speedway
4. Wisdom Cola
5. Tiger, Tiger
6. Tower of Glass
7. Velocity
8. Stranger in a Strange Land
9. Norwegian Poetry
10. Mt. Erikson
11. Green
12. Anything Will Do
13. Chances, Blown


Link para download da nova música:

domingo, 21 de novembro de 2010

Porn Sheep Hospital - História e EP


Os Porn Sheep Hospital foram uma banda de Mathcore de Setúbal, que entre 2007 e 2010 se associou a uma reformulação musical nessa mesma cidade. Os Setubalenses estavam até aí habituados a que as bandas underground fossem de Metalcore ou Rock, mas os Porn Sheep Hospital aumentaram um pouco a fasquia e contra todas as expectativas afirmaram-se como a primeira banda de Mathcore de Setúbal. Mathcore é um estilo musical derivado do Metalcore, que mistura ritmos matemáticos e progressivos, com riffs técnicos.
Os Porn Sheep Hospital nasceram assim contra a maré musical da altura e foi talvez esta a grande causa do seu fim.
Com músicos que estavam na altura a evoluir com várias bandas, cada um deles com as suas influências, os Porn Sheep sempre valeram pela sua união em palco, fruto de uma amizade de vários anos entre todos os membros. É importante referir que nasceram das cinzas dos Party On Feet, banda de indie rock onde todos os elementos de Porn Sheep, excepto o baixista Tiago Martins, tocavam. A amizade fez então crescer essa grande união musical, repleta de transformações.
Tinham inicialmente 5 membros, Francisco Caetano, Gonçalo Duarte, Tiago Martins, Rui Penim e Bernardo Pereira, tendo o último abandonado a banda em Outubro do ano passado.
Francisco Caetano passou entretanto pelos Banshee e agora pelos Fiona At Forty, sendo um músico bastante completo (toca guitarra, baixo, bateria e canta, além de compor). Gonçalo Duarte tem já uma vasta experiência musical, tendo colaborado com vários artistas. Tiago Martins colabora com várias bandas, sendo os Grooveland que merecem o maior destaque. Rui Penim faz também parte dos The White Rabbit to Follow e a sua formação musical incide basicamente pelo Jazz, o que o torna um artista mais completo e bastante técnico. Bernardo Pereira é também guitarrista dos Ella Palmer, uma das grandes bandas de rock da música portuguesa underground.
Toda esta experiência ajudou-os a construir um projecto fantástico, com músicas imensamente complexas, tanto do ponto de vista de composição instrumental como vocal. Quem teve o prazer de assistir a alguns ensaios da banda percebeu de certo porque é que continuaram juntos tantos anos, mesmo remando contra a maré musical de tocarem um estilo tão pouco conhecido em Portugal e principalmente na sua cidade natal. Durante os ensaios tudo funcionava. Havia tempo para brincadeira, mas quando trabalhavam era como se fossem apenas um só.
A nível de concertos ficam na memória as participações com If Lucy Fell, I Had Plans, entre outras bandas setubalenses como Hills Have Eyes e Mothership; as participações no FAL 2010, os concertos em Lisboa, Montijo, Setúbal e tantos mais lugares; o concerto na Feira de Santiago e também as referências jornalisticas em vários jornais de Setúbal e não só.
A nível musical a sua sonoridade é-lhes tão própria que não creio que exista algo tão mathcore por Portugal quanto eles. A sua Demo, lançada neste ano trouxe-nos músicas fantásticas como LSDTV e Hanus, sendo a última a de maior destaque, pois nota-se uma clara evolução.

Review ao EP:
O EP dos Porn Sheep Hospital tem o nome de "Missigno" e inclui 4 músicas. A influência mathcore está cá toda, mas não só. Ao longo deste EP podemos também ouvir grandes influências progressivas e experimentais, fruto de um génio incrivel da banda.
Abacus é a primeira música do EP e provavelmente a melhor da banda. É uma música cheia de carisma, com baterias agressivas e uma voz bastante potente, onde as guitarras e o baixo formam ritmos matemáticos bastante complexos. Para todos os amantes do rock pesado esta é uma música obrigatória.
A segunda música, Viridian's Curse vive também muito do mathcore e da influência directa do metalcore, com guitarras que se intersectam e voltam a formar equações matemáticos e ritmos alucinantes, com uma bateria que acompanha essa evolução e termina num final explosivo.
Ready Or Not, terceira música do EP, é similiar à anterior no sentido de composição, mas um pouco mais agressiva vocalmente. Aqui podemos notar a evolução progressiva da banda.
The Grand Finale é uma obra prima fantástica. Misturando influências progressivas e experimentais. A banda tentou despegar-se um pouco das faixas anteriores e criar realmente um "Grand Finale", com direito a fogo de artificio e tudo, não fossem os últimos minutos desta música uma festa emocional e musical incrivel. Esta é uma música bastante potente que se fosse lançada como single poderia catapultar a banda para palcos maiores e um destaque que mereciam.
O EP funciona assim como despedida da banda mas faz-nos urgentemente querer mais e não saber onde ir buscar. É um EP fantástico, para qualquer fã de rock mais pesado, que não decepcionará nenhum fã, muito pelo contrário, apenas criará mais fãs.


Arrisco-me a dizer que os Porn Sheep Hospital foram das melhores bandas de Setúbal dos últimos anos e que só precisavam de um pouco mais de sorte para conseguir um sucesso nacional que lhes era tão merecido. Ao longo destes anos tive o prazer de assistir a quase todos os concertos da banda, aos seus problemas e às suas vitórias, e é com enorme tristeza que assisto ao seu fim. Por todo o seu trabalho desempenhado, profissionalismo e talento, que é incrível, dou-lhes os maiores Parabéns: A Francisco Caetano, vocalista e guitarrista da banda, um génio de composição e uma energia pura ao vivo; A Gonçalo Duarte, um grande guitarrista que deve toda a sua evolução a esta banda, onde podemos assistir ao seu crescimento em palco, a nível de confiança e também talento, um músico bastante empenhado e com muita humildade; A Tiago Martins, baixista exímio, que sente a música como poucos e que tanta alma deu ao projecto; A Rui Penim, uma verdadeira aranha da bateria, sendo capaz de fazer ritmos diferentes ao mesmo tempo com cada parte do seu corpo, um músico de personalidade simples e honesta, com um talento imenso para a bateria.
A todos eles um grande obrigado por tudo o que trouxerem a Setúbal e a alguns sítios do país.
Portugal perde assim um conjunto de génios musicais que tentaram desafiar as regras do mercado e criar algo fantástico e inventivo, que tanto prazer nos deu.
Obrigado!

EP dos Porn Sheep Hospital aqui:

sábado, 20 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Depósito de Inúteis - Compilação da Amor Fúria, Volume Um


Foi em 2007 que, pela mão do Almirante Ramos e Manuel Fúria, a pequena e independente editora nacional Amor Fúria nasce com o propósito de ser um depósito de novos artistas portugueses que lutavam por um lugar ao sol da música alternativa portuguesa. Três anos passaram e nasce agora um cd que, não sendo um best of da editora, reflecte o enorme trabalho na divulgação da boa música portuguesa: Depósito de Inúteis reúne onze temas de onze bandas diferentes mas com o facto de serem representados pela Amor Fúria em comum.
No eclético onze inicial do disco encontram-se artistas como Os Capitães da Areia, Smix Smox Smux, Feromona ou Os Golpes. E soa a selecção nacional de rock alternativo.
O disco reflecte a editora, descomprometido e apaixonado.

Interpol + Surfer Blood @ Campo Pequeno (Fotoreportagem)

Os Interpol regressaram a solo português, passado pouco mais de um mês desde a abertura para os U2 e volvidos três anos após a sua estreia no festival Super Bock Super Rock e o último concerto em nome próprio, esgotado, no Coliseu dos Recreios. Depois de Our Love to Admire, o bem sucedido albúm de 2007, trazem desta feita o albúm homónimo de 2010.

Ás 21 horas em ponto, os meninos da Flórida, Surfer Blood entraram em palco, estreando-se assim no nosso país. Trazem na bagagem Astro Coast, registo deste ano e albúm de estreia. O grupo de West Palm Beach é enérgico em palco, e as músicas convidam á festa. Provam por que razão são uma das novas bandas a ter em conta. Terminam com "Swim".


Pouco passava das 22h quando a banda de Nova Iorque pisa de novo um palco português, sendo ovacionada. Um campo pequeno quase repleto por completo grita por Interpol. Arrancam com Sucess, tema pujante do novo albúm, que o público parece acolher bem.

Ao contrário do que seria de esperar a banda focou o alinhamento nos dois primeiros algúns Turn On the Bright Lights (2002), e Antics (2004) com canções bajuladas pela audiência, como "Say Hello to the Angels", "Narc", "C'mere".

Do albúm que assinaram pela major Capitol, só nos foi concedida "Rest My Chemistry". Temas emblemáticos como Pioneer to the Falls, ou até o single (que chegou a integrar a banda-sonora de Morangos com Açúcar) "The Heinrich Maneuver" ou "No I in Threesome" foram deixados de fora. Também a acarinhada "Evil" ou a balada melancólica "NYC" não desfilaram no Campo Pequeno.



Sentiu-se falta de Carlos D., não que o novo baixista, David Pajo, não tenha competência, é a apenas uma questão de afinidade. Como falhas a apontar, a terrível acústica da praça de touros, que prejudicou o que poderia ser um grande concerto, e o seu tempo de duração (1h30) que deixou água na boca.

O enlace termina com tiros certeiros com "Obstacle 1", e "Stella Was a Diver and She Was Always Down".


Setlist:

1. Success
2. Say Hello To The Angels
3. Narc
4. Length Of Love
5. Summer Well
6. Rest My Chemistry
7. Slow Hands
8. C'mere
9. Untitled
10. Barricade
11. Take You On A Cruise
12. Lights
13. PDA
14. Memory Serves
15. Not Even Jail

Encore
16. Hands Away
17. Obstacle 1
18. Stella Was A Diver And She Was Always Down

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Torche no Santiago Alquimista

O Santiago Alquimista recebeu pela primeira vez em Portugal os Torche. Num concerto há muito esperado por algumas pessoas, a banda norte americana correspondeu às expectativas e deu um excelente espectáculo. Percorrendo um pouco toda a sua discografia, mas centrando as atenções no seu novo Songs For Singles, foram tocadas praticamente todas as músicas que compõem este lançamento de 2010. Sempre bem dispostos e sorridentes, os Torche formam uma unidade coesa e bem oleada ao vivo, sabem entreter o público e sugá-los para o seu mundo (e palco) de uma forma bastante natural, com uma simpatia transmitida apenas através de um olhar, ou de um sorriso, e cria-se ali uma aliança e uma empatia muito interessante e intimista com o público. Público esse que 'exigia' que o concerto não acabasse, e que aplaudiu e pediu muito o regresso da banda para mais músicas sempre que havia uma saída de palco.

Torche @ Santiago Alquimista (17-11-2010)


Setlist:
1. Sandstorm
2. UFO
3. Arrowhead
4. Shine On
5. In Return
6. Safe
7. Mentor
8. Lay Low
9. Face The Wall
10. Cast Into Unknown
11. Hideaway
12. Rockit
13. Out Again
14. Charge
15. Tarpit

Na primeira parte do concerto estiveram os Men Eater, sempre no topo do seu jogo, Mike e companhia não brincam em serviço, e mostraram que mesmo estando em estúdio a gravar temas novos para o próximo álbum da banda, a pica por tocar ao vivo não se perde de forma nenhuma, e serve até de escape para rasgar aquela rotina de gravação e tarefas inerentes.

Men Eater @ Santiago Alquimista (17-11-2010)


Hoje a fórmula repete-se no Porto, e naturalmente aconselha-se vivamente a ida ao concerto, não se irão arrepender.

Katy Perry - Teenage Dream (2010)


O "novo" álbum de Katy Perry é uma enorme lufada de ar fresco na música Pop mundial.
Depois do desaparecimento da verdadeira rainha dos últimos anos da Pop (Kylie Minogue), e das tentativas sempre semi-bem sucedidadas de Madonna e Christina Aguilera e do aparecimento de novas artistas como Lady Gaga e Ke$ha, que fogem já um pouco ao Pop convencional, não existia uma verdadeira artista pop em toda a sua génese.
Com "Teenage Dream", Katy Perry afirma-se como a verdadeira artista pop do momento. Primeiro porque é capaz de criar um álbum bastante interessante no seu todo geral, depois porque cultiva a cultura comercial pop e é capaz de recria-la numa bela voz, forte e potente, demonstrando que tem mais do que apenas talento de momento.
Este cd começa com a faixa homónima, que é capaz de nos pôr a mexer instantaneamente, sejamos fãs de rock, hip hop ou até mesmo Metal. A "festa" continua em "Last Friday Night", uma faixa onde Katy Perry mistura vários sons electronicos, gerando um pop dançante ao estilo de Goldfrapp, mas bem mais postivo e menos melancolico. "California Gurls", a bem ou a mal, utilizando o truque da repetição do refrão, perfaz-nos a belissima voz da cantora, sempre muito afinada e flexivel. Esta é a musica Pop na integra do que é a sua definição, letras comerciais e da moda, com vibrações sexistas e repetições do refrão. Porém, resulta bastante bem!
"Firework" é a meu ver a melhor faixa de todo o álbum. Katy tenta explorar territórios mais profundos, abandonando as letras banais da pop, que são geralmente referentes à moda e cultura americana. Depois temos uma voz forte, a fazer lembrar uma qualquer artista soul com força na voz. A tudo isto temos a junção da electronica, o que nos permite dançar esta música alegremente ou apenas rejubilar com a voz fantástica da artista.
"Peacock" é a canção mais cómica do álbum, mas também a mais fraca. Apesar de ser bastante abrangente, torna-se chata e repetitiva.
"Circle the Drain" começa com uma guitarrada ligeira, mas depois avança para algo mais rock/electronico, demonstrando a capacidade da artista em adaptar-se a qualquer estilo musical. E não é que esta música relembra o industrial?
"The one that got away" é o regresso ao estilo verdadeiro da Pop, com letras "americanas", mas cantadas de forma menos dançante. A meu ver é uma das melhores do álbum, porque consegue juntar a essência de "Firework" com a pop mais tradicional.
Ao longo de todo o álbum temos a sensação de que a artista consegue chegar a todo o lado, de qualquer forma, mantendo sempre uma enorme qualidade.
"E.T." é completamente alucinada, sendo capaz de nos espantar, pois certamente não estariamos è espera de algo assim neste álbum, e mais não digo.
"What i'm living for" mostra-nos que Katy Perry consegue ombrear com Christina Aguilera a nível de qualidade vocal. É uma música potente e que impressiona pela voz de Katy, sempre fantástica.
"Pearl" faz lembrar Pink, talvez pelo estilo Pop mais característico de Pink, ou pela versatilidade que ambas as artistas demonstram. Mas acaba por ser uma música original e uma das melhores do álbum.
"Hummingbird Hearbeat" é um reflexo inteligente do que a artista pode realmente fazer. Utilizando o efeito "Humming", Katy aventura-se novamente pelas guitarras, tornando a música uma panóplia musical, que se encontra perto de um rock espacial.
"Not like the movies" é a música mais pessoal do álbum, mais calma, mais íntima, mais tocante. Katy Perry volta a mostrar a sua versatilidade vocal, conseguindo até mesmo arrepiar-nos.
É incrivel como num só álbum conseguimos sentir Florence + The Machine, Pink, Christina Aguilera, Goldfrapp e até um rock ligeiro de uma qualquer banda pop rock dos anos 80, incrível!
Este é um álbum obrigatorio para qualquer um que não seja fechado no seu estilo musical, até porque junta inúmeras influências.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Para H&m, com amor, Lanvin!

A próxima colecção da empresa sueca H&M, será com a colaboração da marca Lanvin,o que agradou os olhos de muito público.
Por detrás desta marca e do acontecimento do ano no mundo da moda está o designer de vestuário masculino Lucas Ossendrijver e principalmente o director criativo da mesma, Alber Elbaz que afirma que "Já tinha dito no passado que nunca faria uma colecção para o mercado de massas, mas o que me intrigou foi a ideia de a H&M ir ao encontro do luxo e não da Lanvin se tornar mais popular."


Elbaz sublinha à vouge uk que esta colecção é algo inesperada e uma experiência que faz da Fast-fashion um luxo e da Alta costura parte da parceria, referindo que "Foi um exercício para eu próprio entender qual a relação entre high fashion e fast fashion. 95% das mulheres não podem pagar[Lanvin], então, deixa-as ter um gosto de tal. É como se estivesse a viver num Palácio, abrisse algumas portas e dissesse 'Tomem chá comigo, provem a comida.' Não se trata de dar algo que pertencia a outra pessoa, é sobre partilhar."


[lookbook]

Esta tendência é um clássico arrojado, com a utilização de bastantes folhos, cintados, tingidos, estampados e padrões não faltam. Algo para todos os gostos e que ninguém fique invejoso, é uma colecção coesa de vestuário, calçado, acessórios para mulher e homem que se valoriza entre 10€ a 200€.


Acabo anunciando que "Lanvin for H&M" estará ao alcance de todos em 200 lojas selectivas a 23 de Novembro por todo o mundo. Em Portugal, terá exclusividade apenas em Lisboa, na loja H&M do Edifício Grandella.



Poderão apreciar até dia 23 a colecção e respectivos preços no website: H&M

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Shivers na Fnac do Chiado

Os Shivers são tudo menos uma banda comum, das letras ao vestuário, da atitude ao contacto com o público, a diferença é desde logo marcada. Seria isto a melhor forma de definir a banda ao invés da música? Provavelmente não, mas num mercado já muito saturado, a vontade de ser e fazer algo diferente é sempre bem vinda, e desde logo não se pense que as duas coisas andam muito demarcadas, já que os factos todos que referi anteriormente servem apenas para complementar as músicas que estes dois jovens do Pinhal Novo têm para apresentar. É que com eles, o Rock Popular Caramelo nasceu, e parece que veio para ficar e fazer estragos.
Foram 7 os temas apresentados esta tarde/noite no auditório da Fnac do Chiado, e se posso dizer que já tinha visto crowdsurfing num showcase de uma outra banda na fnac, a partir de hoje posso também dizer que já vi o público a fazer a festa com a banda em palco, com direito a um mosh algo tímido (apenas e só devido ao pouco espaço, pareceu-me).
Sempre com o humor na ponta da língua, com uma guitarrada rápida e furiosa e uma percussão feroz, foram poucos os momentos de descanso, principalmente para João Arroja, que várias vezes saiu do palco para o meio do público, onde 'emprestou' o baixo para quem quisesse tocar uns acordes, mas também para Igor Azougado, que entre o headbanging e as movimentações em palco, teve uma ou outra incursão pelo público.
Sem me querer alongar muito, se ainda não assistiram a um concerto dos Shivers, façam-no. Podem odiar, podem gostar, mas garanto-vos que saiem muito mais bem dispostos do que quando entraram.

Shivers @ Fnac Chiado (15-11-2010)


Setlist:

1. A Sela
2. Epah
3. Jantar À da Minha Avó
4. Alforreca do Espaço
5. Tu És Um Ganda Ganâncias
6. Gordon
7. Amendoins Po Gordo

Para conhecer melhor é aqui:
Myspace
Facebook

sábado, 13 de novembro de 2010

Vampire Weekend no Campo Pequeno


Os Vampire Weekend escolheram Portugal para iniciar esta "tour" europeia. Não sabemos se o fizeram por razões logísticas, geográficas ou sentimentais, mas o certo é que o público que encheu a arena do Campo Pequeno fez por merecer a "distinção". Começou por corresponder bem às canções dos Jenny and Johnny, que se revelaram uma agradável surpresa - boas melodias ao velho estilo americano, a fazer lembrar um pouco Neko Case, lideradas por uma carismática vocalista (sim, parece haver mais Jenny do que Johnny). Apesar disso, era dos Vampire Weekend que toda a gente estava à espera.

Daí que não se tenha estranhado a estrondosa ovação que os recebeu quando entraram em palco para confirmar aquilo que se pensava: sim, são betinhos e mantêm o look "Ivy League", e sim, os rótulos valem o que valem. Ou seja, muito pouco. Percebeu-se isso quando entraram, alegres mas humildes, sem tiques nem exageros. E aos primeiros acordes (acompanhados da primeira de muitas manifestações de euforia do público) de "Holiday", que abriu a actuação, já tinham a noite ganha. Aqui, muito mérito para a banda pela forma como deu um "kick" de jovialidade e energia a todas e cada uma das suas canções. E que canções! Só com dois álbuns, o quarteto de Brooklyn já conquistou espaço com duas mãos cheias, pelo menos, de canções fabulosas. Para melhorar a coisa, ainda fazem questão de incluir o público na performance, público esse que não se fez rogado - "you guys are very good singers" disse Rostam Batmanglij, antes de atacarem o "encore". E de facto, é difícil resistir à guitarra africana de Ezra Koenig em "Cape Cod Kwassa Kwassa", ao ritmo desenfreado de "Cousins" ou ao jogo de vozes de "One (Blake's Got a New Face)". Entretanto, o baixista Chris Baio ia deslizando nos seus Adidas Classics enquanto Chris Tomson soltava o animal que se esconde na sua bateria, mostrando uma variedade impressionante de ritmos. "White Sky" teve direito a falseto, "Mansard Roof" deu para um moche. "A-Punk" foi um triunfo ("if you're in the mood for dance, this one's easy"). A banda foi para o "backstage", voltou a entrar, duas canções, os quatro em palco a sorrir e o público em delírio.

No final, Ezra Koenig perguntou se queríamos sair de Cape Cod. Não, não queríamos, mas pronto se tem de ser... venha de lá "Walcott", que fechou com chave de ouro um concerto memorável.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sufjan Stevens - The Age of Adz (2010)


Sufjan Stevens foi o protagonista de um dos melhores álbuns conceptuais da última década: Illinois é um álbum fantástico, uma ode ao estado do centro dos Estados Unidos, uma epopeia pela história de Illinois e, consequentemente, da América. Os sons eram diferentes dos habituais, era folk, era barroco, era pop, era rock: era Sufjan Stevens.

Cinco anos passaram e só agora Sufjan se aventurou a fazer um novo álbum de estúdio. E "aventurou-se" é a expressão correcta, Sufjan Stevens formatou-se de maneira diferente para este novíssimo The Age of Adz. O risco foi grande, Sufjan trocou muitos dos trompetes e dos banjos habituais nas suas músicas por sintetizadores e drum machines. A música de Sufjan tornou-se mais experimental e menos virada para o folk. Continua a sentir-se a presença de Sufjan em todas as músicas com os coros delicados, os xilofones sensíveis e a brisa de uma guitarra acústica sussurrante. Sem lugar para futilidades e extravagâncias. The Age of Adz distancia-se um pouco de Illinois, é natural, de um artista tão completo como Sufjan Stevens só se pode esperar que siga novos caminhos, tente novas coisas e arrisque, porque não há muita probabilidade de errar redondamente. E, assim, parece que Sufjan Stevens se rendeu à era digital e compôs todos os seus arranjos orquestrais com bases mais electrónicas.

Futile Devices é a música catalisadora de todo o álbum, com a ajuda lá pelo meio de uma Get Real, Get Right e de I Want to Be Well. Na derradeira faixa, Impossible Soul, pode-se escutar Shara Worden, a vocalista dos My Brightest Diamond.

A confusão saudável que é o álbum parece ter tido influência do artista apocalítico Royal Robertson, como é relatado pelo próprio músico americano.

Talvez Sufjan Stevens tenha perdido fãs com este The Age of Adz, mas de certeza ganhou outros. Com certeza não poderia sair um álbum tão consensual como Illinois.