Cocoon é o nome dado ao projecto de Mark Daumail e Imbeaud Morgan, um duo francês, repleto de influências folk. No palco são acompanhados principalmente por Raphael Séguinier na bateria e Oliver Smith no baixo e contrabaixo. Com dois EPs lançados desde 2006 – «I Hate Birds» e «From Panda Mountains», os Cocoon têm um álbum de originais e vão lançar o segundo ainda este ano.
«My Friends All Died In A Plane Crash» é o título primeiro trabalho de originais, editado em 2007.
A música dos Cocoon não é propriamente fácil de definir. Está ali entre o pop e o folk. As vozes fundem-se, as guitarras doem, torna-se confuso, mas agradável. Em cada faixa há harmonia, uma dor bonita.
Neste álbum, o registo é praticamente o mesmo em todas as canções. Os acordes simples e as vozes quase sussurradas, resultam num trabalho onde a sinceridade se evidencia, tal como ela é. Aqui ninguém procura a complexidade musical. O álbum parece que vem em bruto. É puro. Discreto.
Funciona como um desabafo, uma libertação. Um apanhado de memórias e de pensamentos.
Inevitavelmente, este é um disco de dor. Com um nome dramático, no mínimo, este é um título que reflecte um estado de espírito, de alguma forma, também catastrófico. Uma dor (talvez) semelhante à de perder todos os amigos num acidente de avião.
Mas é este cariz trágico que confere ao álbum toda a harmonia que ele possui. É especial. E relembra, de algum modo, que a dor pode ser também vivida em paz.
A primeira faixa deste disco – "Take Off", reflecte isso mesmo. Há um pesar tímido, presente nas vozes e nos acordes. Em "On My Way", o cenário repete-se. “I am such a coward/ I could win an award/ You may not believe me/ But it would be ok.” Mais alegre do que aparenta, "On My Way" é uma canção conformista. Sim, a dor persiste, de outra forma não faria sentido, mas nesta faixa revela-se a outra faceta da dor, aquela que é vivida em paz.
Há também "Seesaw", onde a mesma dor é escrita e cantada de forma diferente das canções anteriores . Onde apenas o verso “She went home and never let me come in” é suficiente para nos fazer entender.
"Tell Me" é provavelmente um dos temas mais marcantes deste álbum. O conformismo foi deixado de lado, há atitude. Uma atitude forte, bonita. Aquele sentimento estranho que reúne a mágoa e o medo, mas certamente uma atitude.
No outro lado da atitude, existe "Cliffhanger", provavelmente o tema mais harmonioso do álbum. A letra é confusa, estranha. Perigosa até. Mas inserida no instrumental impecavelmente tocado, torna-se quase perfeita. Sem medos, é dito o que se sente, o que pensa.
O álbum encerra com "Microwave", possivelmente a faixa que nos dá a entender algum porque desta dor cantada e tocada. A letra é simples. Torna-se bonita, daquela forma particular, onde a harmonia é conseguida através da solidão involuntária. E fala por si.
"Microwave"
Now it's been a year
Microwave and meals for one
The more then I sleep
The more I get tired
It's time to wake up
I always talk to you
Secrets tastes
Let the last time we kissed,
Always seems the last time
You asked me to quit.
Children built
The snow-man in the garden,
As the radio
Plays your favorite song.
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