No final dos anos 60/ inícios de 70 surgiram várias bandas de rock progressivo. Algumas misturavam elementos psicadélicos, outras elementos sinfónico. A verdade é que qualquer que fosse a banda, quando apareceu estava sempre deslocada do seu tempo. Primeiro porque a sua sonoridade era completamente díspar do que se fazia naquela época. O rock progressivo corta o ambiente dançavel dos anos 60/70 e atira-o para um meio negro, crepitante e de trevas. Claro que nem todas as bandas de Rock Progressivo tinham que passar por esta etiqueta, mas era comum.
A verdade é que estamos em 2011 e até mesmo hoje o Rock Progressivo é algo que não é comercial. Não é tão estranho como naquelas décadas porque já o conhecemos e de certo modo já estamos habituados a ele, mas nunca o Rock Progressivo foi comercial, nem mesmo nos dias de hoje.
Como é natural na evolução da música, actualmente existem inúmeras bandas de rock progressivo, mas nenhuma que seja comercial. E qual será a razão de tudo isto?
Como explicamos que as pessoas se sintam sem vontade de ouvir músicas de 8, 12 minutos sobre fantasia, metáforas, algo complexo e tenham um desejo imenso de ouvir música electrónica de 2 horas? Qualquer sociólogo banal explicaria este fenómeno como sendo causa da evolução tecnológica e das sociedades, que agora se vêem sem tempo para apreciar devidamente algo. Mas isso é mentira.
Nos anos 60/70 mal existiam telemoveis, quanto mais internet. As pessoas tinham todo o tempo do mundo para ouvir música ou estarem no café. E mesmo assim o Rock Progressivo não se tornou comercial.
Seria então altura de analisar a sua qualidade técnica, vocal e dos seus instrumentos. Mas até mesmo aí qualquer tese falha. No geral a voz das bandas de rock progressivo é melódica, logo bastante audível para qualquer fã da música em geral. O instrumental é aperfeiçoado e bastante cuidado, com guitarras técnicas e baterias com os tempos mais certos que um relógio. Se existem milhões de pessoas a ouvirem homens a berrar, porque é que não ouvem Rock Progressivo?
Há uma qualquer explicação mágica neste sentido, mas não consigo chegar a um resultado óbvio.
É claro que o leitor menos atento me vai dizer, "Então e os Pink Floyd, e os Genesis, toda a gente os ouve!". Pois bem, é verdade. O que o leitor não sabe, porém, é que os Genesis iniciais, com o Peter Gabriel na voz (sim, não foi sempre o Phil Collins) são os verdadeiros Genesis do Rock Progressivo. E que esses não são de modo algum comerciais. Os Genesis só são super famosos nos dias actuais porque o senhor Collins decidiu transformar a banda em algo pop-rock, com algumas influências do rock progressivo. Quanto aos Pink Floyd, bem, além das músicas de rock directo, ou as românticas, que músicas de rock progressivo dos Pink Floyd é que o leitor conhece? Provavelmente muito poucas. De certeza que já ouviu todos os 23minutos da música Echoes mais do que uma vez? Não me parece.
O Rock Progressivo continua a viver mas continua também à sombra do pior que se faz na música. Para quem gosta resta relembrar os Genesis, King Crimson, Yes, Pink Floyd, Supertramp, entre muitos outros. Para quem gosta resta ouvir e ver os Porcupine Tree, Tool, Dream Theater, entre outros.
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