"The King's Speech" não é nem de perto nem de longe o melhor filme de 2010/2011. Contudo, não é uma escolha tão irrisória quanto as dos últimos anos, como por exemplo "Slumdog Millionaire". Devo também esclarecer de antemão que não se trata de um mau filme, muito pelo contrário, tem bastantes pontos positivos. O facto de ter ganho o Óscar só se torna absurdo quando estava a competir com um filme chamado "Black Swan", essa obra prima do cinema dos últimos anos, e quão raras têm sido essas obras primas nos últimos anos.
A premissa de "The King's Speech" é simples e pouco ambiciosa, tal como o seu argumento. O filme incide sobre a subida ao trono do Rei Jorge VI, enquanto se vai deparando com alguns problemas familiares e outros problemas de fala, nomeadamente a sua gaguez. E é essa mesma gaguez o verdadeiro personagem principal deste filme, tornando-o algo metódico e pouco emocionante. Contudo, não é um filme entediante. Apesar do argumento se basear em algo simples, o filme até tem vários pontos de interesse.
Os problemas familiares são mal explorados no filme, apesar de existirem e parecerem querer sobressair. A verdade é que a sua relação com o seu irmão nunca é demasiado explorada, tal como a relação com a mulher ou com o pai, o antigo rei.
À medida que a narrativa vai evoluindo, a relação do Rei Jorge com o seu terapeuta da fala, Lionel Logue (interpretado de forma magnifica por Geoffrey Rush), vai também evoluindo. E este é um dos pontos fortes do filme.
A realização é talvez a característica mais forte pela positiva. Tom Hooper optou por deixar para trás uma realização banal e adoptar uma pouco convencional, com planos próximos da cara dos personagens e planos gerais detalhados, onde além do personagem enquadrado, temos também a oportunidade de ver mais da cena. O estilo de realização faz lembrar em muito o de Terry Gilliam.
No geral os personagens estão bem construídos, densos, mas as relações entre si não são as mais desenvolvidas. É verdade que o argumento também não ajuda, mas a personagem de Helena Bonham Carter não está como deveria estar, pedia-se mais à mulher do Rei.
O facto do filme assentar exclusivamente nos problemas de fala do personagem principal também não ajuda ao seu desenvolvimento. Apesar do filme ser algo interessante, não é nada mais do que um simples filme, que alcança aquilo que lhe compete. Collin Firth tem um bom papel, mas nada de extraordinário, nada que nos faça comover.
No geral, "The King's Speech" é um filme mediano, que não falha em nada mas que também não consegue surpreender. Do lado positivo temos a interpretação de Geoffrey Rush, bastante boa, e a realização, diferente do habitual, arriscada e cativante. Do lado mediano temos a interpretação de Collin Firth e a banda sonora. Do lado negativo temos o argumento algo limitado e as relações entre personagens.
Vale a pena ver, mas não acrescenta verdadeiramente algo novo.
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