Vivo numa cidade onde a música é uma constante. Todas as semanas surgem bandas novas, músicos novos com vontade de tocar, cantar, etc.
No meio dessa amalgama musical, surgem algumas propostas bastante interessantes. Umas são esquecidas em pouco tempo, outras perduram durante muito tempo. No meio de tudo surgem também algumas coisas horríveis que são apenas uma união de instrumentos, mas que musicalmente valem zero.
Ser músico, ter uma banda, não pode ser algo movido apenas por "é fixe". É claro que é importante que a pessoa se divirta e que passe um bons momentos, como dizem os meus amigos Blame The Skies. Mas fazer música não é só bater com as baquetas na bateria, berrar para um microfone, tocar o mais rapidamente possível nas cordas da guitarra.. Fazer música é ter, pelo menos, um conhecimento mínimo de música, ou muitos anos de prática. Claro que uma banda não precisa necessariamente de ter músicos com cinco ou oito anos de experiência, mas também não pode juntar meia dúzia de amigos e em três pancadas "fazer música".
As bandas levam tempo a criar coesão, a tornar o seu som fluído.
A música Underground tem esse problema, todos pensam que podem tocar e ter uma banda, mas não é bem assim.
Na minha cidade também há exemplos de explosão musical rápida. Os Red Smoking Indians são um desses exemplos. Miúdos, bastante jovens que conseguiram em pouco tempo criar algo. Isto é positivo, claro, mas não é a regra. Claro que os estilos musicais também exigem uma coisa ou outra, mas o trabalho tem que estar sempre lá.
Não podemos continuar a apostar em cópias do mesmo, atitudes estereotipadas ou vontades falsas de mostrar uma banda ou ter cenário. Temos que criar uma essência própria e trabalhar bastante. A humildade também tem que estar sempre lá, presente nos ensaios, concertos, na nossa maneira de ser.
Porém, é com grande orgulho que sinto que faço parte de uma cidade onde a música underground respira da melhor forma. E é ao ouvir a Setúbal Mixtape (compilação de algumas bandas de Setúbal), que me apercebo da qualidade musical que a cidade tem vindo a desenvolver. Já sem falar nos grandes nomes como Hills Have Eyes, More Than A Thousand e Ella Palmer.
Se querem criar uma banda força, a vontade tem que estar bem marcada. Não se esqueçam porém de tentar fazer as coisas com coerência, e isso não se faz através da cópia ou de facilitismos. Faz-se através do trabalho, dedicação e humildade.
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