Esperámos quatro anos por eles.
Desde o lançamento de «In Rainbows», em 2007, que queríamos mais dos Radiohead e que tentávamos, a todo o custo, saber quando e como é que poderíamos tê-los de volta.
Agora em 2011, a banda de Thom Yorke chega até nós com «The King Of Limbs», continuando a mostrar-nos que os Radiohead vieram para ficar.
Lançado em Fevereiro deste ano, «The King of Limbs» chega até nós por ele mesmo. Previsto inicialmente para 19 de Fevereiro, o álbum acabou por ser disponibilizado para compra e download um dia antes. Da mesma forma, só soubemos que o novo álbum dos Radiohead estava para muito breve, quatro dias antes do seu lançamento.
Afinal, não são precisas grandes apresentações, nem nunca foram. Os Radiohead, juntos há praticamente vintes e dois anos, falam por si e deixam marcas definitivas em quem os recebe, tal e qual como são.
«The King os Limbs», o oitavo disco, assume-se como um trabalho de continuidade. Dá-nos oito faixas originais, impecavelmente construídas e produzidas. Provavelmente, enquanto fãs, sonhámos com mais que oito temas e elevamos todas as nossas expectativas ao limite. Ainda assim, conformamo-nos. De qualquer forma, nós ganhamos assim.
O álbum abre com a faixa “Bloom”. Não, não estamos perante nenhuma “15 Step” ou alguma “Everything In Its Right Place”. “Bloom”, pelo contrário, mostra-nos uma faceta mais reservada, provavelmente não como idealizámos, mas como se o amadurecimento se fizesse gradualmente, lentamente, em prol de algo maior. “Bloom” é uma explosão discreta de tudo aquilo que vamos poder experienciar ao longo do álbum.
Já “Morning Mr. Magpie” e “Little By Little” começam a revelar a verdadeira maturidade que os Radiohead se propuseram a consolidar com este álbum. De uma explosão discreta, começamos a entrar no registo a que os Radiohead já nos foram habituando. São as faixas menos reservadas (e por isso talvez as mais puras) que ouvimos em «The King Of Limbs», bem como as mais dentro da vertente experimental, cada vez mais trabalhada desde os últimos discos da banda.
Desde «Kid A» que os Radiohead optaram por um caminho mais afastado do inicial rock alternativo dos anos 90. Mais nua e crua, esta tornou-se uma vertente a que nos habituamos a não contornar e que não queremos contornar. Nem nós, nem eles. Assim, sentimos mais e melhor.
“Feral” vai abrindo caminho para “Lotus Flower”, este último, o primeiro tema a ser lançado e aquele que se afirma como dos mais bem conseguidos, mais harmoniosos e bem produzidos do álbum.
Por outro lado, e como não podia deixar de ser num álbum dos Radiohead, sente-se a energia emocional ao longo do álbum. É na segunda metade do disco, em “Codex”, “Give Up The Ghost” e “Separator” (esta última a valer todos os pontos) que presenciamos essa energia. É aqui, principalmente em “Give Up The Ghost”, que se sente o lado mais obscuro deste álbum, o mais melancólico.
«The King of Limbs» nasceu assim. Sentimos que está longe de ser o melhor, mas sentimos a consolidação dos anos que passaram pelos Radiohead. Sente-se o trabalho, sente-se o amadurecimento e sente-se a experiência. Acima de tudo, continua a sentir-se a qualidade imensa.
É um álbum que nos confirma o que já sabíamos, mas que é bom relembrar. Porque na verdade, precisamos constantemente de relembrar o que já foi, para construir o que pode vir a nascer.
Sabemos, ainda assim, que não haverá mais nenhum «Ok Computer» ou «Kid A», mas ficaremos e esperaremos por mais quatro anos, se assim tiver de ser, se pudermos voltar a ter algo que nos preencha; algo que faça mais do que simplesmente, nos satisfazer.
Com o verso final de “Separator ” – If you think this is over, then you’re wrong, Thom Yorke garante-nos que não é o fim. E esperamos que não seja.
Ainda que vejamos a esperança como a melhor forma de viver ou não, é nisto que acreditamos, pelo menos por agora. Porque apesar da qualidade inegável de «The King of Limbs», queremos mais e melhor.
E porque nada do que somos hoje fomos sozinhos. Nem eles.
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