domingo, 13 de fevereiro de 2011

The New World de Terrence Malick, 2005


A poesia visual de Malick é inegualavel. Não há outro realizador que tenha a capacidade de formar poesia apenas com as imagens. Pelo menos não desta forma, tão natural, tão emocional, tão simples e descomplexada dos vicios do ser humano.
Os filmes de Malick são uma abordagem sincera da essência dos humanos. Através de metáforas, imagens da natureza e fantásticos voz-off, Malick conduz-nos ao interior do ser, àquele ser humano que não conhece a maldade, que não tem inveja, não sabe o que é possuir algo material. Àquele ser humano genuíno, formado da própria terra-mãe, da natureza. Malick vê os humanos como parte dessa natureza e trata os sentimentos como sensações, como formas não viciosas de sentir. Trata essas sensações como contemplações simples da natureza e despreocupadas da evolução tecnológica.
Em "The New World", o realizador aborda esse tema como nunca, e faz contrabalançar a natureza instintiva da violência humana, com a natureza sentimental e sensacional, que nos torna capazes apenas de amar e respeitar. Da forma mais vil, mostra a conquista dos Ingleses em solo "Americano" e a conquista do amor além de quaisquer palavras. Malick demonstra-nos que basta sentirmos para atingirmos o culminar das nossas emoções, das nossas vidas.
O capitão John Smith é Collin Farrell, um actor em ascenção, que tem aqui a sua representação mais bem conseguida. Smith é alguém que contraria a ordem natural dos humanos, prefere seguir as suas ideologias e contrariar essa mesma ordem. Como tal apaixona-se por uma nativa, que é mais pura que qualquer ser que ele tenha conhecido. Através dessa beleza natural, Smith torna-se uno com a natureza e desenvolve em si um sentimento que poucos seres humanos têm actualmente: a capacidade de apenas sentir algo. Tudo é construído à volta de uma ideia e de certos pressupostos e sentir algo sem ter em conta esses mesmos pressupostos é quase uma tarefa impossível no homem da civilização, da modernidade. Terrence Malick demonstra-nos aqui que ainda somos capazes de atingir esse estado de espírito e que ele vale mais que qualquer evolução cientifica.
"The New World" é uma pequena obra prima que só peca por não ter um personagem bem construído para Christian Bale. De resto tudo encaixa na perfeição e cada cena é de uma indescritível beleza. O argumento é profundo e apesar de simples, é bastante tocante. O filme demonstra superficialmente a colonização inglesa em solo americano e a força bruta do homem perante o desconhecido, mostrando-nos um ser vil, odioso e usurpador. De um lado mais profundo, Malick mostra-nos as verdadeiras sensações do ser humano e o caminho que todos nós vamos percorrer: nascemos da natureza, vivemos, sentimos e regressamos a ela. Todos sem excepção.

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