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segunda-feira, 21 de março de 2011

Radiohead - The King of Limbs


Esperámos quatro anos por eles.

Desde o lançamento de «In Rainbows», em 2007, que queríamos mais dos Radiohead e que tentávamos, a todo o custo, saber quando e como é que poderíamos tê-los de volta.

Agora em 2011, a banda de Thom Yorke chega até nós com «The King Of Limbs», continuando a mostrar-nos que os Radiohead vieram para ficar.

Lançado em Fevereiro deste ano, «The King of Limbs» chega até nós por ele mesmo. Previsto inicialmente para 19 de Fevereiro, o álbum acabou por ser disponibilizado para compra e download um dia antes. Da mesma forma, só soubemos que o novo álbum dos Radiohead estava para muito breve, quatro dias antes do seu lançamento.

Afinal, não são precisas grandes apresentações, nem nunca foram. Os Radiohead, juntos há praticamente vintes e dois anos, falam por si e deixam marcas definitivas em quem os recebe, tal e qual como são.

«The King os Limbs», o oitavo disco, assume-se como um trabalho de continuidade. Dá-nos oito faixas originais, impecavelmente construídas e produzidas. Provavelmente, enquanto fãs, sonhámos com mais que oito temas e elevamos todas as nossas expectativas ao limite. Ainda assim, conformamo-nos. De qualquer forma, nós ganhamos assim.

O álbum abre com a faixa “Bloom”. Não, não estamos perante nenhuma “15 Step” ou alguma “Everything In Its Right Place”. “Bloom”, pelo contrário, mostra-nos uma faceta mais reservada, provavelmente não como idealizámos, mas como se o amadurecimento se fizesse gradualmente, lentamente, em prol de algo maior. “Bloom” é uma explosão discreta de tudo aquilo que vamos poder experienciar ao longo do álbum.

Já “Morning Mr. Magpie” e “Little By Little” começam a revelar a verdadeira maturidade que os Radiohead se propuseram a consolidar com este álbum. De uma explosão discreta, começamos a entrar no registo a que os Radiohead já nos foram habituando. São as faixas menos reservadas (e por isso talvez as mais puras) que ouvimos em «The King Of Limbs», bem como as mais dentro da vertente experimental, cada vez mais trabalhada desde os últimos discos da banda.

Desde «Kid A» que os Radiohead optaram por um caminho mais afastado do inicial rock alternativo dos anos 90. Mais nua e crua, esta tornou-se uma vertente a que nos habituamos a não contornar e que não queremos contornar. Nem nós, nem eles. Assim, sentimos mais e melhor.

“Feral” vai abrindo caminho para “Lotus Flower”, este último, o primeiro tema a ser lançado e aquele que se afirma como dos mais bem conseguidos, mais harmoniosos e bem produzidos do álbum.

Por outro lado, e como não podia deixar de ser num álbum dos Radiohead, sente-se a energia emocional ao longo do álbum. É na segunda metade do disco, em “Codex”, “Give Up The Ghost” e “Separator” (esta última a valer todos os pontos) que presenciamos essa energia. É aqui, principalmente em “Give Up The Ghost”, que se sente o lado mais obscuro deste álbum, o mais melancólico.

«The King of Limbs» nasceu assim. Sentimos que está longe de ser o melhor, mas sentimos a consolidação dos anos que passaram pelos Radiohead. Sente-se o trabalho, sente-se o amadurecimento e sente-se a experiência. Acima de tudo, continua a sentir-se a qualidade imensa.

É um álbum que nos confirma o que já sabíamos, mas que é bom relembrar. Porque na verdade, precisamos constantemente de relembrar o que já foi, para construir o que pode vir a nascer.

Sabemos, ainda assim, que não haverá mais nenhum «Ok Computer» ou «Kid A», mas ficaremos e esperaremos por mais quatro anos, se assim tiver de ser, se pudermos voltar a ter algo que nos preencha; algo que faça mais do que simplesmente, nos satisfazer.

Com o verso final de “Separator ” – If you think this is over, then you’re wrong, Thom Yorke garante-nos que não é o fim. E esperamos que não seja.

Ainda que vejamos a esperança como a melhor forma de viver ou não, é nisto que acreditamos, pelo menos por agora. Porque apesar da qualidade inegável de «The King of Limbs», queremos mais e melhor.

E porque nada do que somos hoje fomos sozinhos. Nem eles.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Circa Survive - Appendage (EP)


Appendage (EP)
Circa Survive, 2010

Cerca de meio ano após terem lançado o seu mais recente álbum, Blue Sky Noise, os Circa Survive juntaram 5 temas inéditos e lançaram este Appendage. Essencialmente poderia dizer-se que esta compilação de músicas não seriam mais do que apenas b-sides do álbum de 2010, no entanto, e apesar de não achar que nenhuma das músicas pudesse substituir alguma das presentes nesse mesmo disco, isso não quer dizer que não tenham qualidade para isso.

Gravados durante as sessões do Blue Sky Noise, estes temas seguem a mesma linha de orientação do álbum (crítica aqui), sempre apoiados na voz de Anthony Green, que empresta a dose de emoção certa aos temas, não só os Circa Survive criaram um belo EP, como seria uma pena que estas músicas ficassem sem ver a luz do dia.

O primeiro tema, Sleep Underground, é talvez o mais diferente daquilo que a banda costuma produzir, já que é quase só composto pelo som de um órgão e guitarras suaves, às quais se junta a voz praticamente murmurada de Green.

A partir daí é um crescendo até à explosão final em Lazarus, mas antes disso é-nos servido três bons temas, com destaque para a faixa Everyway, que já tinha sido lançada numa versão acústica como tema bónus do Blue Sky Noise. Sendo uma escolha recorrente nos sets ao vivo da banda durante a tour que apresentou o álbum, foi aqui transformada para um formato menos acústico e mais a condizer com todo o resto do repertório encontrado em Appendage.

Resumindo, este EP serve como um excelente complemento ao trabalho anterior da banda, e é algo que irá agradar tanto aos fãs, como às pessoas que possam vir a ter curiosidade de conhecer a música que eles têm para nos oferecer.

Everyway

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Azevedo Silva na Fnac do Colombo

Azevedo Silva continua a apresentar o seu último álbum, "Carrossel", pelos auditórios das Fnacs, e ontem esteve na do Colombo a tocar alguns dos temas que compõem o disco, bem como algumas músicas mais antigas e que sabem sempre bem ouvir. Nós estaremos a seguir o percurso deste cantautor durante as próximas datas (que relembro, podem consultar aqui). Para já, podem ver as fotos e a setlist do showcase que se realizou ontem.

Azevedo Silva @ Fnac Colombo (27-01-2011)


Setlist:
1. De Olhos Fechados
2. Carrossel
3. Bússola
4. A Democracia Será Vingada no Rossio
5. Dona Solidão
6. A Mãe
7. Manel Cruz e a Canção da Canção Triste
8. Palavras de Ninguém
9. Um Pobre Diabo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Les Profs de Skids na Groovie Records

A Associação Terapêutica Do Ruído apresentou-nos os Les Profs de Skids como uma banda de surf-punk de Grenoble, uma cidade merdosa situada no coração dos Alpes franceses. Quanto à cidade não me posso pronunciar, pois nunca lá estive, mas onde estive ontem, foi na Groovie Records, onde pude comprovar como o termo surf-punk se adequa perfeitamente à música que este trio francês faz.

Primeiro que tudo, quero dizer que tem que existir um qualquer factor de fixeza associado a este tipo de iniciativas, é daquelas coisas que existem apenas por gosto à música e a tudo o que isso implica, senão veja-se, organizado numa loja de música, num espaço que é como se fosse uma sala ou um quarto de uma qualquer pessoa, de entrada livre e com uma banda que fez kilómetros e kilómetros de carro para dar dois concertos no nosso país. Gostando-se ou não, é de louvar e apoiar esta atitude e estes eventos, porque quem sabe, hoje trouxeram uma banda que até podia nem ser muito da vossa preferência, mas amanhã podem trazer uma que vos agrade mais.

Neste capítulo não posso dizer que tenha ficado a perder por ter marcado presença para ver os Les Profs de Skids. Todo o concerto parece uma banda sonora para um daqueles filmes de verão, possivelmente com o protagonista num paraíso tropical (com alusão ao pano pendurado atrás do baterista e às camisas e aos colares de flores usados), onde possa apanhar umas ondas e conquistar umas miúdas. Fácil de se ouvir, fica na cabeça a música desta banda francesa, que entre temas esforça-se por comunicar com o público, tentando inclusive algumas incursões pela nossa língua.

E na verdade, é tudo o que se precisa para se passar um bom bocado de uma tarde, é divertimento na sua forma pura, organizado, tocado e festejado apenas por quem quer esquecer os problemas por um tempo e gozar a vida.

Les Profs de Skids @ Groovie Records (17-01-2011)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Chinawoman – Party Girl (2007)


É pelo nome de Chinawoman que conhecemos a mentora e cantora da banda como o mesmo nome, natural de Toronto e actualmente fixada em Berlim. Com dois álbuns editados – Party Girl (2007) e Show Me The Face (2010), Party Girl foi o trabalho que lançou Chinawoman do Canadá para o mundo. Sem pretensões e com discrição, Party Girl afirmou-se principalmente nos circuitos de música independente, como um trabalho absoluto, íntimo e sentimental. Party Girl é uma revolução de emoções, um turbilhão de pensamentos e um som que se revela incomparável.

Artista a solo e responsável pela composição de todo o álbum, Chinawoman serve-se das teclas e das guitarras genuinamente. Não se encontra necessariamente uma referência na sua música, mas Chinawoman cria a sua própria história, envolvendo-nos até na nossa própria melancolia. É nesta história criada por Chinawoman, que Party Girl soa a música clássica disfarçada de rock. Encontra-se, em todas as faixas do álbum, algo de novo, letras que nos movem para lá da mente e nos envolvem, sem nos comprometer.

Party Girl abre com Lovers Are Strangers, o melodrama silencioso no seu auge, seguido de Aviva, a lembrar de uma forma estranha os temas musicais dos países do Leste Europeu. Vem ainda Party Girl, a faixa que dá o nome ao álbum e se afirma como a derradeira confissão pela qual se espera desde o início do álbum. Friday Night e I’ll Be Your Woman, as faixas que se seguem, funcionam como declarações de amor únicas, subjectivas mas românticas. Declarações dolorosas, pacientes. Inevitavelmente. Seguem-se Montreal Love Theme, o tema do amor por excelência e Russian Ballerina, que com um ritmo no mínimo inesperado, encerram este trabalho da melhor forma possível.

Mais em: http://www.chinawoman.ca

http://www.facebook.com/Chinavoomen

http://www.myspace.com/chinawoman


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Luís Costa - Layered


Layered
Luís Costa, 2010

Diz-nos o texto de apresentação de Layered que este disco é o regresso a solo do multi-instrumentista Luís Costa 3 anos após o seu último lançamento, diz-nos também que convém não esquecer que durante esse tempo Luís Costa não esteve parado no que à música diz respeito, já que iniciou juntamente com alguns amigos o projecto You Can't Win, Charlie Brown, no qual ainda colabora, e ainda que mais recentemente surgiu com um outro projecto, os virtuais The V-Men. Acresce a isto que quem já conhece ou segue este projecto a solo, sabe que Luís Costa gosta de levar o seu tempo a aperfeiçoar os temas, de ter a certeza que tudo está a gosto e o satisfaz antes de um qualquer lançamento.

Este novo EP é então o resultado de ideias e experiências acumuladas ao longo destes anos, e logo pelo título conseguimos perceber o que nos espera, ou pelo menos o conceito do que nos espera, porque é isso mesmo que este álbum é, um conjunto de temas construídos camada sobre camada, e o que no geral já soa bem, soa ainda melhor quando arranjamos uns fones e nos conseguimos perder no que estamos a ouvir, já que a cada audição é possível ir desmontando as camadas sobrepostas e ir descobrindo novos pormenores que possivelmente nos escaparam na primeira, na segunda ou na centésima audição, o que torna a experiência de conseguir ouvir este Layered como um todo mais enriquecedora.

As faixas são na maioria instrumentais, como já vem sendo hábito neste projecto, excepto no tema Little Maestro que conta com a colaboração de David Santos (mais conhecido como Noiserv) na voz. E já que estou a falar de colaborações, são também convidados neste álbum Bruno Julião (Monomonkey e The V-Men), Filipa Vale e Nuno Silva, apenas mencionando alguns dos que ajudaram a construir este disco.

Distribuido pela Cakes and Tapes Records, é possível fazer o download legal de Layered na sua totalidade aqui ou então comprar uma versão física em cd ou cassete numerada aqui, por isso não há desculpa para não ficar pelo menos a conhecer a música que Luís Costa nos tem a apresentar.

Wide


The Chemist Vs. the Computer - Hydrosufoolooween


Hydrosufoolooween
The Chemist Vs. the Computer, 2010

Depois de um EP editado em 2007 e várias mudanças de formação, chegou-nos o ano passado o segundo EP desta banda americana. É verdade que com a saída dos dois guitarristas e do baterista, é provável que se pudesse pensar que a continuidade destes The Chemist Vs. the Computer estivesse em risco, no entanto o pior não aconteceu e a banda recompôs-se, arranjou novos membros, e 3 anos depois este Hydrosufoolooween é um sucessor digno de Loki.

Os The Chemist Vs. The Computer podiam ser aquela típica banda screamo americana, e em certa medida são, a verdade é que não reinventando o género, são exímios no que fazem, com o acréscimo de conseguirem tirar proveito de influências de outros géneros musicais, incorporando-os nas suas músicas para assim se distanciarem um pouco das outras bandas do género.
Hydrosufoolooween é exemplo disso, como já era o seu antecessor, e após a introdução com um pouco menos de 1 minuto, os restantes 6 temas que compõem este álbum atingem-nos com força, e o instrumental pesado vai contrastando por vezes com a voz de Dan Easton, que num registo parecido ao de Anthony Green (na era Saosin) ou especialmente ao de Craig Owens (ex-Chiodos, agora nos D.RU.G.S), consegue fazer a transição entre berrar e cantar de uma forma muito boa, sem ter medo de atingir as notas altas sempre que necessário.

No que conta, Hydrosufoolooween é uma boa amostra do que esta banda pode e consegue fazer, tecnicamente continuam a um bom nível, e caso a banda consiga estabilizar os seus membros e som, espera-se que possam lançar um promissor primeiro álbum brevemente, para já teremos que nos contentar com estes dois belos EP's.

Dandelion


Para conhecer melhor a banda é aqui:
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cage The Elephant - Thank You Happy Birthday

Thank You Happy Birthday
Cage The Elephant, 2011


Lançado precisamente no dia de hoje, este Thank You Happy Birthday é o segundo álbum da banda Cage The Elephant. Sucedendo ao álbum homónimo de 2008, que ficou conhecido graças a um par de singles, este álbum acaba por ser uma evolução bastante positiva, embora ainda não afaste definitivamente algumas das fragilidades reveladas pelo primeiro longa duração da banda.

Thank You Happy Birthday começa forte, com canções rock facilmente dançáveis e agradáveis ao ouvido, a fazer lembrar talvez uns Artict Monkeys a fazer música sob o efeito de ecstasy. Always Something abre o álbum, e lança o mote e o tom para o que se segue, ainda que existam algumas flutuações entre diferentes tipos de som, no fundo acaba por ser um álbum rock polvilhado aqui e ali por melodias e refrões mais pop, assim num meio termo entre uma produção polida e mais crua.

Indy Kidz é um tema que se destaca por ser uma sátira bem conseguida sobre..bem, atentem ao título da música, e no qual o vocalista Matthew Shultz canta coisas como "get the right haircut" ou "i want to be just like you". No entanto, e não limitando a música ao título e se virmos além do óbvio, podemos pensar que é um tema que acaba por abordar também de uma forma geral o exagero de idolatrar alguém ao ponto de se poder perder a própria individualidade por substituição à da pessoa admirada. E isto espelha também um pouco a temática das letras presentes neste álbum, sobre e para os jovens, sem que isso afaste qualquer tipo de público, quase como em tudo, são assuntos pelos quais já passámos ou falámos, ou conhecemos um amigo de um amigo que nos contou sobre o seu outro amigo que viveu e experienciou isso.

Como já referi ao início, Thank You Happy Birthday acaba por sofrer um pouco do mesmo síndrome do primeiro álbum, existe de facto uma boa evolução por parte da banda, mas continuam a aparecer alguns temas menos conseguidos e mais fáceis de cair no esquecimento entre um bom punhado de outras faixas que merecem atenção e oportunidade de serem ouvidas, no entanto não é por isso que esta segunda amostra discográfica dos Cage The Elephant deixa de ser um bom álbum, porque o é, e vindo de uma banda jovem, que tem tudo para conseguir evoluir ainda mais, o futuro pode trazer boas coisas a este quinteto americano, e consequentemente a nós, por podermos ouvir o que eles têm para nos mostrar.

Shake Me Down


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domingo, 9 de janeiro de 2011

Pulled Apart By Horses - Pulled Apart By Horses


Pulled Apart By Horses
Pulled Apart By Horses, 2010

Conhecidos pelas suas actuações explosivas, que inclusivamente já valeram aos membros desta banda algumas visitas ao hospital, este quarteto de Leeds estreou-se em 2010 com um longa duração homónimo, e se por um lado ser reconhecido como uma grande banda ao vivo tem o seu mérito, acaba por poder pairar no ar a questão de como é que a banda se mostra em disco, será que conseguem manter o ritmo? Será que conseguem soar de forma tão intensa e alta? Será que estes Pulled Apart By Horses conseguem sobreviver às expectativas criadas por quem já os tinha visto em concerto, e agora vai ouvir o álbum?

A resposta a isto tudo é: sim.

Tudo o que caracteriza esta banda ao vivo é de uma forma ou outra transportada para disco de uma maneira quase perfeita, a mescla de sons e caos produzidos pela banda atinge-nos como se de um tornado se tratasse (situação hipotética), mas a verdade é que é impossível resistir ao frenesim causado por músicas como "High Five, Swan Dive, Nose Dive" com o seu final devastador, ou ao tema "I Punched a Lion In The Throat", cujo refrão se cola a nós para nunca mais nos largar. E se pensarmos bem, o título desta música podia muito bem reflectir a atitude e o som desta banda, destemidos qb, os Pulled Apart By Horses dão-nos sensivelmente 35 minutos de boa música ao longo dos 11 temas que compõem este álbum, e a verdade é que no final, houvesse ainda energia para mais, não viria mal ao mundo em prolongar a devastação sonora pela qual passámos.


High Five, Swan Dive, Nose Dive


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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mamma Mia de Phyllida Lloyd, 2008


Há dívidas que nunca poderão ser saldadas e Phyllida Lloyd e toda a equipa de criativos estão em divida para com o mundo por nos terem trazido "Mamma Mia" sem qualquer sujeição a um linchamento sumário.

"Mamma Mia", como grande parte do género "musical", é claramente apontado a um público feminino, pelo que a visão de 50% da população, na qual me incluo, em relação às qualidades do filme pode estar deturpada por um imperativo cromossomático. Ainda assim não foi por isso que musicais ,desde o aclamado "Musica no Coração" até ao mais recente "Moulin Rouge", não pudessem ser desfrutados por todos.
Como se explica então que "Mamma Mia" seja tão mau?
Tentando não focar o preceito de que o filme foi conjurado nas mais profundas entranhas do inferno e coberto de purpurinas só para disfarçar e incidindo sobre os aspectos que fazem de um filme um bom filme tentemos analisar:

Sophie Sheridan (Amanda Seyfried) vive com a sua mãe, Donna Sheridan (Meryl Streep), numa ilha grega. Prestes a casar e sem nunca ter conhecido o pai envia convites a três homens que poderão ou não ser o progenitor desconhecido. Estes são Sam Carmichael (Pierce Brosnan), Bill Andersson (Stellan Skarsgård), Harry Bright (Colin Firth). Todos com diferentes proveniências, todos estimados nas recordações de Donna.
E se há coisa que anima um casamento é uma roleta russa parental, e o que é que pode correr mal? É obvio que as razões para se crescer sem saber quem é o pai são sempre coisas triviais como o ir buscar um maço de tabaco e enganar-se no caminho de volta, nunca seriam fortes cicatrizes emocionais ou algo do género. Surpreende-me que não haja mais gente a convidar potenciais pais para o casamento.
Mamma Mia se fosse uma paródia seria fantástico. Não é.

Mas mérito onde ele é devido, com o seu enredo "fantástico" consegue ainda enganar/convencer um bom elenco a dar-lhe vida. Teremos portanto uma "ensemble" de actores a esmiuçar o pouco que têm e arrancar a ferros uma boa performence. Infelizmente isto não passa de futil, falivel, pensamento positivo. Meryl Streep é tão convincente no seu papel de mulher trabalhadora independente e hippie reformada como a ideia dos Abba no Rock&Roll Hall Of Fame. Ainda assim ei-los.
Amanda Seyfried é a unica que parece minimamente compenetrada no seu papel, também ajuda saber cantar num papel que o exige o que não acontece com a maioria do restante elenco. Somente Pierce Brosnan se destaque pela positiva, porque claramente se esforça para cantar, infelizmente também se destaque pela negativa porque, imagine-se, se esforça para cantar o que só torna toda a experiencia uma dolorosa viagem pelo mundo dos sentidos, onde todos os caminhos tem estilhaços de vidro e o calçado é feito de arame farpado . Ou algo que doa mais.

De resto, Mamma Mia possui uma serie de cenas que mereciam nunca ter chegado ao final cut, a razão desculpável(?) para que tenham chegado é a de que 20 minutos de filme em que 10 são os créditos provavelmente não valeria o preço do bilhete. Temos de tudo, bailarinos que surgem do oceano em barbatanas e máscaras de mergulho que se lançam a todo o gás num frenesim de movimento , que se assemelha em tudo a uma dança de acasalamento, antes de desaparecerem novamente no oceano, à mais terna cena em que a personagem de Colin Firth depois de ter tido a epifania de que era o pai de Sophie e de lhe contar a descoberta prossegue a sua vidinha dançando, bebendo e "flirtando" com outras moças que têm - esperem pela punchline - idade para serem a sua filha.

No fim de contas o que salva, e salvou, Mamma Mia das profundezas do esquecimento, onde justamente merecia descansar num tormento agonizante, são as canções da banda sueca. Ou a canção, porque os mesmos 3 acordes por, muitas letras diferentes que lhe ponham em cima, só contam como uma canção. Os Abba, esses , vivem até aos dias de hoje com os dividendos que a musiquinha errada vendida ao publico certo lhes granjeou, reza a lenda que seria possivel cobrir a divida externa da Suécia, e Mamma Mia vai pelo mesmo caminho. Não há nada a ganhar dos 110 minutos de fita para além de dores de cabeça e uma vontade incontrolável de trautear "dont go wasting your emotion/lay all your love on me" durante dias a fio. Mamma Mia nunca valerá o tempo investido e cada vez que alguém o faz um panda bebé morre de pura infelicidade afogado nas lágrimas de unicórnios. Pesquisem que é verdade.




sábado, 11 de dezembro de 2010

BALLA no LUX

Armando Teixeira é já uma figura que dispensa apresentações no panorama musical português, seja pelo seu trabalho como produtor, seja pela sua participação em várias bandas em diversos registos de som. Quando assentou num projecto a solo, surgiram estes BALLA, corria o ano 2000, e desde então o seu percurso tem sido mais constante e sustentado, e é já no final de 2010 que surge o quarto álbum deste projecto, Equilíbrio teve honras de apresentação ao vivo pela primeira vez no país no LUX, em Lisboa, para uma casa bem composta e ávida de fãs desejosos de ver a actuação do músico.

Numa primeira parte surpresa, actuou Miguel Nicolau, guitarrista que acompanha os BALLA ao vivo, com o seu primeiro projecto a solo, Memória de Peixe. A premissa é simples, apenas o som da guitarra, em músicas com várias camadas de som, e que acabam por resultar em melodias interessantes. Foi um set curtinho, até porque parece ser um projecto recente, mas serviu o propósito e despertou o interesse do público, que certamente ficará atento à evolução deste projecto.

Memória de Peixe @ LUX (10-12-2010)


Por volta das 23h, os BALLA sobem então ao palco para a primeira grande ovação da noite, e é logo com o primeiro single deste novo álbum que arrancam com o concerto. Montra serve de mote para o que viria a ser o concerto, Armando Teixeira continua igual a si próprio, e com a sua postura sempre a aparentar uma certa tranquilidade (já são muitos anos disto) assenta a setlist principalmente nos temas de Equilíbrio, no entanto, e para felicidade de muitos, não faltaram também algumas músicas do álbum anterior, A Grande Mentira, nomeadamente os muito conhecidos Fim da Luta e Outro Futuro, entoados em uníssono com o público.

Como anunciado, este concerto de apresentação de Equilíbrio no LUX teve a participação de dois dos convidados que igualmente participam no álbum. O primeiro convidado a subir ao palco a convite de Armando Teixeira foi Liliana Correia, voz dos Bullet, que interpretou 3 temas com a banda, o primeiro dos quais foi Ao Deus Dará, com a letra de Miguel Esteves Cardoso.

Antes do segundo convidado entrar em cena, houve tempo para Lixo, mais um tema de Equilíbrio e cuja a letra é da autoria de Pedro Mexia, talvez por isso tenha sido mais complicado a interpretação ao vivo da música, "espero não me enganar", dizia-nos Armando Teixeira antes de iniciar o tema, e a verdade é que acabou por acontecer, nada que manchasse a actuação no entanto, numa altura em que o público acabou por incentivar o intérprete, que apoiado numa cábula colada na coluna acabou por completar a canção sem mais sobressaltos.

A partir daqui foi a crescer até ao término do espectáculo, Samuel Úria, o segundo convidado da noite entrou em palco, e contrastou com a personalidade mais introvertida de Armando Teixeira para abrilhantar um bocado mais a noite. Num estilo muito Pee Wee Herman, com as suas danças e expressões faciais, Úria interpretou com Armando os temas Fim da Luta e Equilíbrio, faixas que encerraram o concerto antes do encore.

E foi precisamente já no encore, e depois da já comentada e muito aplaudida Outro Futuro, que os BALLA interpretam de novo Montra, desta vez já acompanhados pelos cânticos do público e também de Samuel Úria que acabou por subir mais uma vez ao palco para um momento que não estava previsto, mas que acabou por encerrar em festa este concerto.

Balla @ LUX (10-12-2010)



Setlist:
1. Montra
2. Queda
3. Tudo
4. Misteriosa Velocidade
5. Saltei de Mim
6. Ao Deus Dará
7. Fogo Exemplar
8. Tempestade
9. Lixo
10. Fim da Luta
11. Equilíbrio

Encore:
12. Outro Futuro
13. Montra

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Scott Pilgrim Vs. The World de Edgar Wright , 2010



An Epic of Epicness

A adaptação da popular banda desenhada Scott Pilgrim para o cinema afigurava-se uma tarefa extremamente complicada. Como passar para a tela de cinema e usando personagens de carne e osso o ambiente cartoonesco e a sillyness desvairada que a história pede? A resposta é facil, basta não mexer muito na criação de Bryan Lee O' Malley e assumir que o quotidiano e o fantástico se misturam sem que se precise de justificar, desde que tal se afigure como a coisa mais normal do mundo. Ex-namorados com super poderes, lutas de kung-fu, ninjas e batalhas de bass-guitar? É só mais uma segunda-feira.

Scott Pilgrim é a vida -soa genérico e cliché mas acompanhem-me – , não há nada que no seu âmago não possamos reconduzir a uma situação que nos tenha acontecido a nós ou a alguém próximo, mas não é a apenas a vida, é melhor. Lidar com problemas com ex's é o pão-nosso-de-cada dia e a maioria de nós já terá passado por aí. A versão 2.0: Lutar Kung Fu contra todos os 6 ex-namorados e, porque um mundo melhor funciona assim, uma ex-namorada. Rating: AWESOME!

Scott ( Michael Cera) é apenas mais um jovem algures no Canadá numa qualquer província mais remota. Onde há árvores. E frio. E árvores. Também há neve. Um lugar pacato onde Scott ensaia com a sua banda, passeia-se com a namorada, que ainda anda no secundário, e mais nada, mesmo. Não há explicação nenhuma para o facto de Scott não estar à beira da morte por subnutrição mas vamos ignorar o pormenor.O mote à história é dado pela vinda de Ramona Flowers ( Mary Elizabeth Winstead) para a cidade. De visual e atitude punk , Ramona é a rapariga dos sonhos de Scott –literalmente - que rapidamente se apaixona por ela. Infelizmente não há bela sem senão e não há rapariga alternativa/punk/metal (riscar o que não interessa) sem um atrelado de problemas. No caso de Ramona uma liga de 7 ex's com a qual Scott terá que medir forças para que ele e Ramona possam namorar. Na vida real seriam "daddy issues" ou problemas de confiança mas, como já disse, em Scott Pilgrim Vs. The World: é melhor.

Repleto de momentos de humor que se sucedem uns atrás dos outros que se misturam com referências à cultura pop, dos videojogos e musica indie o filme é um outro retrato possível dos anos 00 e da geração Y, mais virada para as maravilhas da world wide web, para quem "geek" já deixou à muito de ser um perjúrio e que abraça o gosto pelos videojogos, pela BD , redes sociais e, talvez mais importante que tudo, que é responsável por essa fonte de humor inesgotável que parece não querer ir a lado nenhum, os Lolcats.

A dinâmica entre os actores roça o perfeito e é notável o timing com que algumas das piadas são feitas, até Michael Cera que tende a interpretar o mesmo rapazinho enfezado, timido e desconfortável em todos os filmes em que já entrou ( até a fazer dele próprio) consegue fazer de Scott a personagem despreocupada e distraída que se pretendia.

No fundo, uma adaptação que não tinha como falhar, teria sido preciso todo o "talento" das mentes por de trás da saga X-Men para conseguir meter os pés pelas mãos. Obviamente não se esperava que não houvesse alguma perda na transição de BD para o grande ecrã, mas pelo formato é apenas natural que não se pudesse encaixar tudo em pouco menos de duas horas. Fica a faltar um maior aprofundamento das outras personagens, a mais obvia será a Kim , baterista e ex-namorada de Scott, e alguns arcos da história tiveram que ficar de fora. Males menores.



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Moonspell no Cinema S. Jorge

O que poderia ser mais apropriado para passar a noite de Halloween do que um concerto dos Moonspell?

Pouco passava das 21h30 quando o carro funerário que transportava a banda estacionou em frente ao Cinema S. Jorge para deixar sair os Moonspell. Foi assim que Fernando Ribeiro, Mike Gaspar, Pedro Paixão, Ricardo Amorim e Aires Pereira passaram pela carpete vermelha posicionada na entrada do S. Jorge e entraram para o mundo de doçuras e travessuras em que a noite se ia transformar.

Lá dentro, na zona do bar, já a música se fazia ouvir, enquanto o projecto de Carlos Monteiro, La Chanson Noire, entretinha as pessoas que preferiram estar por aquela zona antes de entrarem na sala onde iria decorrer o concerto.

E se é verdade que era a segunda noite em que os Moonspell iam apresentar em Lisboa, no Cinema S. Jorge, a sua digressão Sombra, também é verdade que não foi isso que impediu as pessoas de corresponderem em peso com a sua presença, embora não tivesse esgotado, a moldura humana (e mais que humana, sobrenatural, como Fernando Ribeiro lhes iria chamar durante o concerto) compôs da melhor forma a sala maior do S. Jorge.

Já dentro da sala, e porque era noite de Halloween, enquanto as pessoas se iam sentando e se esperava pela entrada em palco dos Opus Diabolicum, a música era outra, e era-nos dada pela banda sonora do filme The Nightmare Before Christmas de Tim Burton e ia fazendo com que o público se fosse habituando ao espírito bem próprio da noite.

Quando as luzes começam a baixar sabemos que é altura do primeiro concerto da noite, e é atrás de uma cortina semi-transparente que tapava o palco que surgem os Opus Diabolicum, ao centro do palco apresentam-se quatro violoncelistas (Tiago Rosa, Valter Freitas, Diogo Penha, André Pontífice) e um percussionista (Miguel Oliveira), num palco já preparado para receber a banda da noite, os Opus Diabolicum deram um belíssimo concerto de abertura, com o público a corresponder ao cantar algumas das músicas apresentadas, ou não fossem elas versões dos temas dos Moonspell.

Pelo meio do alinhamento houve também espaço para um original da banda, Moonspell, dedicada aos próprios como não podia deixar de ser, e deixa no ar que um pouco tal como os Apocalyptica começaram com um tributo aos Metallica e depois se desenvolveram para algo mais, os Opus vão pelo mesmo caminho e estão preparados e prontos para dar início às gravações de mais temas, e a julgar pela amostra de ontem, talento para isso não lhes falta.

Opus Diabolicum @ Cinema S. Jorge (31-10-2010)

Terminada esta primeira parte, a expectativa dentro da sala começava a aumentar, e não foi preciso muito tempo até que os Moonspell entrassem em palco, primeiro numa versão em sombras, projectadas na tal cortina que tapava o palco, e depois de ela sumir, na versão humana, com a banda em toda a sua plenitude, acompanhada pelos Opus Diabolicum, e posteriormente pelas Crystal Mountain Singers, o coro feminino que irá acompanhar a banda nesta digressão Sombra e que é composto por Carmen Simões, Sara Belo e Alexandra Bernardo.

Como prometido pela banda, o alinhamento passou por muitas das músicas que habitualmente os Moonspell não tocam ao vivo, e com a sua nova roupagem, acústica ou semi-acústica, acabaram por funcionar muito bem ao vivo.

Entre músicas, Fernando Ribeiro fazia questão de se dirigir ao público, e de entre outros momentos de humor, explicar um pouco a história dos temas, e de como fazia sentido o encaixe dos mesmos no alinhamento, sempre dotado daquela capacidade oratória que lhe é bem reconhecida, acabou por ser também uma noite de dedicatórias sentidas por parte da banda, Mute, uma das mais belas canções que os Moonspell já compuseram, diz-nos Fernando Ribeiro, é dedicada a Peter Steele, o falecido vocalista da banda Type O Negative, também Os Senhores da Guerra, original dos Madredeus, foi dedicada à banda “a melhor”, e em especial a Francisco Ribeiro. O ponto alto da noite, Alma Mater, fez recordar António Sérgio, e mais uma vez embalados nas palavras de Fernando Ribeiro, foi uma das únicas (ou única) músicas, em que o público se levantou e cantou juntamente com a banda o refrão do tema.

Uma palavra também para os efeitos visuais, através de um jogo de luzes bem conseguido, mas mais ainda para o ecrã ao fundo do palco que passava pequenas animações ou imagens durante os temas interpretados, e que deu também uma outra vivacidade ao espectáculo ao vivo, compondo todo um conjunto muito bem pensado e executado por parte de todos os intervenientes da preparação do espectáculo.

E nesse aspecto, houve também um agradecimento em especial, e mais que merecido a Pedro Paixão (guitarrista da banda), que orquestrou e pensou a Sombra. É já sem dúvidas que se sabe que a música dos Moonspell cola bem ao acústico, e a forma como os arranjos foram feitos e o acrescento dos Opus Diabolicum quer nas cordas, quer na ajuda à percussão mais as Crystal Mountain Singers, deram um toque especial às músicas.

Por tudo isto, e durante a hora e meia de concerto que passou a voar, a resposta à pergunta inicial é, nada, ou quase nada.

Se tiverem oportunidade, forem fãs, ou apenas tiverem alguma curiosidade em ver como funciona a faceta semi-acústica numa das maiores bandas de metal nacionais, não percam uma das próximas datas desta digressão Sombra, vale a pena.

Moonspell @ Cinema S. Jorge (31-10-2010)


Setlist:
1. Hand Made God
2. The Southern Deathstyle
3. Wolfshade (A Werewolf Masquerade)
4. Disappear Here
5. Opium
6. Awake
7. Can’t Be
8. 2econd Skin
9. Magdalene
10. Scorpion Flower
11. Luna
12. Mute
13. Alma Mater
14. Senhores da Guerra
15. Full Moon Madness