Para conhecer melhor a banda é aqui:
Myspace
O que poderia ser mais apropriado para passar a noite de Halloween do que um concerto dos Moonspell?
Pouco passava das 21h30 quando o carro funerário que transportava a banda estacionou em frente ao Cinema S. Jorge para deixar sair os Moonspell. Foi assim que Fernando Ribeiro, Mike Gaspar, Pedro Paixão, Ricardo Amorim e Aires Pereira passaram pela carpete vermelha posicionada na entrada do S. Jorge e entraram para o mundo de doçuras e travessuras em que a noite se ia transformar.
Lá dentro, na zona do bar, já a música se fazia ouvir, enquanto o projecto de Carlos Monteiro, La Chanson Noire, entretinha as pessoas que preferiram estar por aquela zona antes de entrarem na sala onde iria decorrer o concerto.
E se é verdade que era a segunda noite em que os Moonspell iam apresentar em Lisboa, no Cinema S. Jorge, a sua digressão Sombra, também é verdade que não foi isso que impediu as pessoas de corresponderem em peso com a sua presença, embora não tivesse esgotado, a moldura humana (e mais que humana, sobrenatural, como Fernando Ribeiro lhes iria chamar durante o concerto) compôs da melhor forma a sala maior do S. Jorge.
Já dentro da sala, e porque era noite de Halloween, enquanto as pessoas se iam sentando e se esperava pela entrada em palco dos Opus Diabolicum, a música era outra, e era-nos dada pela banda sonora do filme The Nightmare Before Christmas de Tim Burton e ia fazendo com que o público se fosse habituando ao espírito bem próprio da noite.
Quando as luzes começam a baixar sabemos que é altura do primeiro concerto da noite, e é atrás de uma cortina semi-transparente que tapava o palco que surgem os Opus Diabolicum, ao centro do palco apresentam-se quatro violoncelistas (Tiago Rosa, Valter Freitas, Diogo Penha, André Pontífice) e um percussionista (Miguel Oliveira), num palco já preparado para receber a banda da noite, os Opus Diabolicum deram um belíssimo concerto de abertura, com o público a corresponder ao cantar algumas das músicas apresentadas, ou não fossem elas versões dos temas dos Moonspell.
Pelo meio do alinhamento houve também espaço para um original da banda, Moonspell, dedicada aos próprios como não podia deixar de ser, e deixa no ar que um pouco tal como os Apocalyptica começaram com um tributo aos Metallica e depois se desenvolveram para algo mais, os Opus vão pelo mesmo caminho e estão preparados e prontos para dar início às gravações de mais temas, e a julgar pela amostra de ontem, talento para isso não lhes falta.
Opus Diabolicum @ Cinema S. Jorge (31-10-2010)Terminada esta primeira parte, a expectativa dentro da sala começava a aumentar, e não foi preciso muito tempo até que os Moonspell entrassem em palco, primeiro numa versão em sombras, projectadas na tal cortina que tapava o palco, e depois de ela sumir, na versão humana, com a banda em toda a sua plenitude, acompanhada pelos Opus Diabolicum, e posteriormente pelas Crystal Mountain Singers, o coro feminino que irá acompanhar a banda nesta digressão Sombra e que é composto por Carmen Simões, Sara Belo e Alexandra Bernardo.
Como prometido pela banda, o alinhamento passou por muitas das músicas que habitualmente os Moonspell não tocam ao vivo, e com a sua nova roupagem, acústica ou semi-acústica, acabaram por funcionar muito bem ao vivo.
Entre músicas, Fernando Ribeiro fazia questão de se dirigir ao público, e de entre outros momentos de humor, explicar um pouco a história dos temas, e de como fazia sentido o encaixe dos mesmos no alinhamento, sempre dotado daquela capacidade oratória que lhe é bem reconhecida, acabou por ser também uma noite de dedicatórias sentidas por parte da banda, Mute, uma das mais belas canções que os Moonspell já compuseram, diz-nos Fernando Ribeiro, é dedicada a Peter Steele, o falecido vocalista da banda Type O Negative, também Os Senhores da Guerra, original dos Madredeus, foi dedicada à banda “a melhor”, e em especial a Francisco Ribeiro. O ponto alto da noite, Alma Mater, fez recordar António Sérgio, e mais uma vez embalados nas palavras de Fernando Ribeiro, foi uma das únicas (ou única) músicas, em que o público se levantou e cantou juntamente com a banda o refrão do tema.
Uma palavra também para os efeitos visuais, através de um jogo de luzes bem conseguido, mas mais ainda para o ecrã ao fundo do palco que passava pequenas animações ou imagens durante os temas interpretados, e que deu também uma outra vivacidade ao espectáculo ao vivo, compondo todo um conjunto muito bem pensado e executado por parte de todos os intervenientes da preparação do espectáculo.
E nesse aspecto, houve também um agradecimento em especial, e mais que merecido a Pedro Paixão (guitarrista da banda), que orquestrou e pensou a Sombra. É já sem dúvidas que se sabe que a música dos Moonspell cola bem ao acústico, e a forma como os arranjos foram feitos e o acrescento dos Opus Diabolicum quer nas cordas, quer na ajuda à percussão mais as Crystal Mountain Singers, deram um toque especial às músicas.
Por tudo isto, e durante a hora e meia de concerto que passou a voar, a resposta à pergunta inicial é, nada, ou quase nada.
Se tiverem oportunidade, forem fãs, ou apenas tiverem alguma curiosidade em ver como funciona a faceta semi-acústica numa das maiores bandas de metal nacionais, não percam uma das próximas datas desta digressão Sombra, vale a pena.
Apresentando o novo álbum, Carrossel, Azevedo Silva terminou em Lisboa a mini tour pelas fnacs do país. E foi assim que, como quem ansiava por esta oportunidade há algum tempo, o auditório da Fnac do Chiado se encheu de pessoas para dar as boas vindas e para saudar o regresso deste artista aos concertos na sua cidade.
Acompanhado em palco por Filipa Vale (violino/violoncelo), que tem acompanhado Azevedo Silva nesta tour e também participa em Carrossel, o showcase começa com um tema do álbum anterior, e é Die Mauer que abre as hostes musicais da tarde. Finda a música, juntam-se em palco os outros dois músicos que têm acompanhado todas estas datas pelos auditórios fnac, e podemos então encontrar em palco Nuno Silva (baixo) e Bruno Martins (guitarra/percussão) a completar a formação.
Ao segundo tema aparece-nos Dona Solidão, música que abre o novo álbum de Azevedo Silva. Álbum esse que ainda não está disponível, mas irá estar brevemente, diz-nos o próprio durante o concerto, e assim percebe-se que estes showcases são um pouco para aumentar as expectativas e criar alguma burburinho nas pessoas antes de realmente o disco poder estar disponível.
A partir deste ponto são-nos apresentadas uma a uma todas as músicas que compõem o Carrossel, e podemos verificar que é um Azevedo Silva mais maduro que se apresenta em palco perante nós, a essência da sua música perdura dos álbuns anteriores, e o seu à vontade e maneira de estar também, mas é na forma em como arriscou e ambicionou nestes novos temas e em como pensou estes espectáculos que realmente marcam uma diferença, e é nesse sentido que os três convidados têm um papel importante nesta actuação, e nos temas tocados.
O cantautor está igual a si próprio, liricamente os temas do álbum voltam-nos a submeter para uma atmosfera mais sombria, mas é aí que Azevedo Silva se sente confortável, no inconformismo de quem tem algo para dizer e de quem ambiciona mais, mas sempre com os pés bem assentes na terra, e demonstra-nos isso de uma maneira muito própria, seja através da forma como nos interpreta e expressa o sentimento das músicas, seja através da boa disposição contagiante com que se dirige ao público entre elas, contrastando e equilibrando aquele sentimento algo triste que nos é transmitido pelos temas, ou até mesmo quando no final do concerto, dá atenção a todas as pessoas que querem trocar dois dedos de conversa com alguém em quem se revêem, de uma forma ou de outra, ou apenas passar uma mensagem.
Julgo poder dizer que o sentimento geral de quem assistiu a este showcase é o de que a primeira volta dada no Carrossel tem um saldo bem positivo, e que muitos, onde me incluo eu, estamos já à espera para poder andar de novo.