terça-feira, 31 de agosto de 2010

VII Arraial ESCSITO 2010


Site Oficial
Contacto: arraialescsito@aeescs.pt

Os bilhetes estão à venda a partir de Setembro ao preço de 8€ por um dia e 14€ os dois e poderão ser encontrados nos seguintes postos de venda: FNAC, Worten, C. C. Dolce Vita, El Corte Inglés, Agências Abreu, Lojas MegaRede, Ticketline, Estação de Comboios de Benfica, Livraria/Reprografia ESCS e ISCAL, Associação de Estudantes da ESCS e, claro, no recinto nos dias do evento.
Existe um desconto para sócios AESCS e 1€ do valor do bilhete reverte a favor de causas sociais, nomeadamente a União Zoófila e a Associação Nacional de Futebol de Rua.

O cartaz deste ano é o seguinte:

Dia 24 (Sexta-feira)
DJ Fernando Alvim
Quim Barreiros
Klepht
The Agency
ESCSTUNIS + ESML
Tuna Sabes

Dia 25 (Sábado)
DJ Paul Soir & B@SSMAN
DJ Diego Miranda
Nu Soul Family
Flow 212
Souls Of Fire
Red Rose Motel
Mário Rocha Show

Segue alguma informação extra:

O VII ARRAIAL ESCSITO, é um evento de recepção ao caloiro da Associação de Estudantes que tem como objectivo gerar experiências únicas aos novos alunos e fomentar o "espírito escsiano", à comunidade académica e jovem que se desloca ao evento.

Já com 6 edições, o ARRAIAL ESCSITO, tem sido capaz de contribuir para o prestígio da Escola Superior de Comunicação, atraindo inumeros estudantes do secundário e universitário que que pelo espectáculo musical, atracções no recinto e um espaço acolhedor, reconhecem este evento como um dos melhores e mais originais eventos em Lisboa.

O VII Arraial Escsito vai ter lugar nos dias 24 e 25 de Setembro, no CAMPUS DO IPL - Benfica/Lisboa.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Salt, de Phillip Noyce, 2010



Salt
Phillip Noyce, 2010


Angelina Jolie, regressa ao grande ecrã, desta feita, em formato James Bond versão feminina, em hora e meia de acção, tiros e explosões.


Jolie interpreta Evelyn Salt, uma agente da CIA, que, na verdade, durante a Guerra Fria, fora treinada na URSS juntamente com outras crianças, e prestou juramento de honrar o seu país, mas assim que um desertor a acusa de ser uma espiã russa, a fachada cai por terra, e Salt começa a pôr o juramento em prática. A partir daqui, é uma cruzada de assassínios, a fuga constante da personagem na procura pelo marido, e o sem número de vidas que a agente têm.


Salt reúne vários cliché de filmes de acção. Primeiramente, o conflito entre americanos e russos, sendo o segundo povo o malfeitor, e os americanos os heróis abençoados que salvam toda a humanidade da fúria nórdica. É a típica trama em que até ao último segundo todos se matam para carregar num botão vermelho que decide o futuro da humanidade.


A intenção provável do realizador era criar uma versão feminina de Jason Bourne, e dar outra mística a um filme deste género, com a sensualidade de uma mulher ao comando. E, de facto, Angelina Jolie, é o elemento que aguça a curiosidade para ver este filme. Além de interpretar bem a personagem, tem toda uma presença forte que se torna o ponto mais importante de todo o filme.

Salt, é mais um filme do género de acção, puro entretenimento, que se não fosse pela sensualidade no olhar de Angelina Jolie, enquanto chacina agentes especiais de smoking, não teria qualquer interesse.


Capitão Magenta



Capitão Magenta é uma banda de covers de Setúbal. Uma frase algo humilde e discreta para toda a grandiosidade do grupo.

Um guitarrista e vocalista, um baixista e um baterista. Num espaço de hora e meia, tocam reggae, funk, soul, electro, rock, heavy rock, música africana e hip hop. No concerto que deram no Hard Rock Café de Lisboa, em Julho, tocaram pelo menos 3 músicas de cada um destes géneros musicais. Era incrível ver a facilidade com que passavam de um lado da barricada para o outro, como se não houvesse nenhum tipo de adaptação musical a fazer ao mudar radicalmente o estilo com que se canta e toca.

O guitarrista é um génio musical. Os solos que faz são de elevada qualidade, o material ao seu dispôr - leia-se a vasta pedaleira - é bom e bem usado ("talkbox", o "wah-wah", "delays", "chorus", muita distorção, pouca distorção). Tem um sentido musical muito único, dado o à vontade que tem em palco ao tocar e também ao cantar: a sua voz é também um dos grandes atributos da banda, sendo versátil e bem colocada.

O baixista e o baterista, sendo de elevado qualidade, acabam por ser ofuscados pelo front-man, apesar do facto de que, sem eles, a banda não teria o mesmo toque. São todos músicos que primam não só pela excelente técnica, mas ainda mais pela incrível versatilidade, ainda por cima tendo em conta que tocam as músicas num conjunto de "medleys". Não só usam uma gama variada de géneros musicais, como os misturam, dando assim um espectáculo muito abrangente e que agrada certamente a todos. É quase como se tocassem 6 ou 7 grandes músicas, quando no fundo são várias adaptações fundidas no mesmo intervalo de tempo.

No concerto que deram no Hard Rock Café, o público ficou imediatamente rendido. As surpresas com que era deparado ao longo da actuação eram mais que muitas, através de músicas inesperadas, transições originais e a própria transformação da banda em palco, para um conjunto de pura percussão. Os Capitão Magenta dão muito mais do que um show de covers, são já adaptações com um estilo muito próprio e único.

domingo, 29 de agosto de 2010

Análise a um actor: Leonardo DiCaprio



Leonardo DiCaprio é o meu actor preferido destes últimos 10 anos. A razões prendem-se com a sua participação em filmes de génio, interpretando personagens complexos de forma perfeita.
Contudo, nos anos 90 Dicaprio apresentou-nos algumas pérolas, que brilharam devido às suas interpretações. Falo de "The Basketball diaries" e de "What's Eating Gilbert Grape". Em ambos DiCaprio surpreende e tem dois dos seus melhores papéis.
Foi porém a partir de Scorsese e Spielberg, com "Gangs of New York" e "Catch me if you can", nomeadamente, que DiCaprio consolidou essa sua arte.
Não há palavras para descrever DiCaprio no filme de Spielberg, o personagem é tão genial quanto absorvente, sendo capaz de nos mostrar um lado dramático intenso, e um personagem desvairado e despreocupado. Em "The Aviator", DiCaprio consegue, para mim, a melhor interpretação dessa década. Howard Hughes é um personagem perturbado, tão complexo do ponto de vista dramático, quanto do ponto de vista humano. Sem dúvida o seu melhor papel, sem dúvida uma das interpretações enormes do cinema em geral.
Em "The Departed" DiCaprio mostra-nos que é capaz de fazer de tudo o um pouco, ser mais dramático, ser mais sério, mais intenso. O seu personagem é alguém que é usado como uma máquina, mas que é capaz de pensar além disso e desenvolver-se ao longo do filme. Filme esse que é simplesmente genial.
"Blood Diamond" é um pouco menos entusiasmante que os restantes filmes, mas mesmo assim é bastante interessante. Aqui o personagem de DiCaprio é conduzido de forma algo artificial até um final previsível e forçado, mas porta-se de forma magistral em todas as outras cenas do filme.
"Body of Lies" e "Revolutionary Road" são as manchas cinematográficas desta década na carreira do actor. Não pelas suas interpretações, que até são boas, mas sim pela forma como os personagens são banais e os filmes fracos. Foi uma pena ver um actor tão bom perder-se no meio da mediocridade, mas mesmo assim ainda espantou em algumas cenas.
"Shutter Island" e "The Inception" voltam a trazer um excelente personagem para Dicaprio, mais no primeiro filme. É uma verdade que em cada filme de Scorsese que DiCaprio entra, este consegue os seus melhores papéis, mas é natural que seja aqui, num realizador que tanto puxa pelos seus actores.


Salvation Mountain : The Art of Leonard Knight









sábado, 28 de agosto de 2010

Ella Palmer - Concerto Acústico - Club Setubalense - 17 de Setembro



A banda Setubalense Ella Palmer apresenta pela primeira vez em Setúbal um concerto acústico. Este concerto acústico será diferente de qualquer um apresentado pela banda, pois será apresentado num ambiente pessoal e intimista, que vai agradar tanto a fãs como a amantes de música em geral.
Uma grande oportunidade de assistir a um espetáculo único!


Tourist History - Two Door Cinema Club



Ao primeiro longa duração o trio irlandês parece trazer consigo a lição bem estudada e o resultado é um conjunto sólido de sonoridades indie misturadas com electrónica, a fazer lembrar Bloc Party e Phoenix, impulsionadas por um entusiasmo punk.


Tourist History é um registo extremamente directo, com músicas a oscilar entre os 3 e 4 minutos, e ao longo de todo o álbum há um claro sentimento de urgência empolgante que nos prende do princípio ao fim. Os ritmos acelerados unem-se a uma sensibilidade pop contagiante e a sua fácil audição cria um efeito viciante faixa após faixa.


A guitarra assume um papel preponderante e são os riffs orelhudos a conduzir músicas como, as mais melancólicas, Do You Want It All e Something Good Can Work e , as mais joviais, I Can Talk - melhor momento do álbum apesar da introdução- e Undercover Martyn, e parece interagir e fundir-se com o inebriante som dos sintetizadores. O sempre presente baixo, cuja tentativa de produção de o impor resulta num dos pontos mais débeis do álbum, a determinada altura por muito que queiramos já não nos conseguimos dele abstrair.
A vertente assumidamente electrónica assume destaque no inicio do álbum em Cigarretes in The Theatre e no fecho com You’re No Stubburn num misto de Franz Ferdinand, LCD Soundsistem e Bloc Party, quando sintetizadores e a , bem dita, drum machine se chegam à frente.


Tourist History é um álbum cuja homogeneidade e solidez tanto se podem ter como pontos fortes e fracos. Apesar de directo e empolgante a forma repetida como cada música está estruturada será um desmotivador para audições repetidas sendo que, quase de forma contraditória, nunca sintamos vontade de passar qualquer uma das faixas a frente. Apesar de ser um álbum com momentos bons momentos atrás de bons momentos, não ganha em originalidade quando o olhamos como um todo, sendo acima de tudo um conjunto de boas canções que valem mais se as observarmos individualmente.

Em suma pedia-se um pouco mais, mais originalidade, mais riscos. No entanto, podemos e devemos esperar grandes coisas destes Two Door Cinema Club.
Myspace da banda


Anathema - Transmissão de sentimentos



É difícil transmitir um sentimento puro e próprio através da música. Há quem tente e nos esfregue na cara letras dramáticas e melancólicas, mas na melodia sente-se alguma falsidade, ou tentativa vazia de arrastar multidões pela 'bonitice' da coisa. Há quem nos carregue com uma voz pesada, triste, que eventualmente nos transmitirá algo, mas mesmo assim soará a falso, a algo não próprio.
Há quem considere as músicas dos Nirvana como algo muito sentimental, mas para mim são apenas bocejos de consciência, de ilações momentâneas de Cobain, com a sua mestria, mas sem o verdadeiro sentimento.
Aconselho fora de gostas pessoais uma banda que será capaz de transmitir o seu sentimento a qualquer pessoa, seja qual for a idade ou a experiência pessoal de vida que tenha passado, os ingleses Anathema.
As explicações podem ser abrangentes, mas hoje deixo apenas uma música. Boa noite.
Já agora, dia 2 de Novembro estarão por Lisboa e dia 3 pelo Porto.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Yeaaaah! - Agenda de concertos



O site "Yeaaaah" é uma ferramenta simples que nos permite saber que concertos vão existir pelo nosso país fora. Tem um design simples, que torna fácil o seu uso, e permite-nos dessa forma organizar uma agenda de concertos. O conceito é objectivo e resulta na perfeição, por isso vamos todos aceder a este site e criar a nossa própria agenda, para vermos a que concertos fomos durante o ano, e não perdermos os que queremos realmente ver. O facto de permitir que a própria pessoa adicione concertos à lista, torna a agenda uma ferramente em constante expansão.
Sem dúvida uma excelente ferramenta online, totalmente gratuita!
Parabéns aos criadores!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

The Suburbs, Arcade Fire, 2010



Arcade Fire
The Suburbs, 2010



Arcade Fire caminham cada vez mais para o estatuto de banda de culto. São, sem dúvida, uma das bandas de proa da primeira década do novo milénio, e têm o respeito, o louvor das críticas, e o apreço da larga base de fãs que conquistaram, desde o seu ano de formação, em 2003.

Dizem que o segundo albúm de uma banda, é a sua prova de fogo. O primeiro albúm é aquele que abre portas, que cria uma bolha de excitação e expectativas salivantes, é feito com pouca ou nenhuma pressão. O segundo será o que a metamorfose-á dentro de si mesma. Já no terceiro, a ideia é manter uma correlação com o segundo em termos de nível qualitativo. Muitas bandas seguem a mesma trilha, outras dão um salto maior que elas próprias e caem. O risco é maior, tudo é mais pensado e planeado. Muito mais se espera, depois de dois sucessos coesos.

Arcade Fire estrearam-se sombriamente frescos em Funeral. Foi o que os catapultou, para o título de uma das bandas promissoras, the next big thing de 2004. Volvidos três anos, Neon Bible estabilizou-os num patamar de segurança, era o filho já muito acarinhacado, mesmo antes de nascer.

Neste novo registo, The Suburbs, uma primeira audição não é, de todo, suficiente. As hostes dividem-se. São precisas várias para se percepcionar a fluidez melódica com que, as 16 canções, se inter-relacionam. Tal como nos subúrbios, onde há mesclas culturais, aqui há canções para todos os gostos.

A primeira canção, homónima ao título do albúm, abre com um sentimento de nostalgia, de alguém que está a ver a sua vida passar no subúrbio onde sempre viveu "But in my dreams we're still screamin' and runnin' through the yard". No entanto, as crianças cresceram e os sonhos são outros, "Why I want a daughter while I'm still young".


Em "Rococo", que podia ser confundida como uma canção de Funeral, há toda uma paz, uma calma e uma dimensão espiritual, mas logo explode com a grandiosidade sonora, a que Arcade Fire nos habituaram, "They're moving towards you with their colors all the same".


"Sprawl" e "Sprawl II", apesar do mesmo nome, diferem em muito. A primeira é uma balada carrancuda. A segunda, um hino ao disco sound.

Ao longo do albúm há sombras de Bruce Springsteen, que de resto é um dos "mestres" da banda. Em "City With No Children", "Deep Blue" e "Wasted Hours" há claras semelhanças ao som do The Boss, especialmente em baladas como "The River" ou "Leap of Faith".


"Ready to Start" e "Month of May" são as faixas mais hormonais do albúm. A segunda traz uma sonoridade rockabilly, algo perfeito para dançar jive, ou para imaginar os protagonistas de Grease a mexer. É algo novo nos Arcade Fire. Parece que entretanto nos entram os Queens of the Stone Age com
Millionaire ou Go With the Flow disco adentro, mas com menos veneno. No entanto é um tipo de andamento sonoro que resultará bem em formato "ao vivo". A canção de encerramento, é uma versão de embalar, da que precede o alinhamento.

Tal como nos subúrbios, onde há mesclas culturais, aqui há canções para todos os gostos. Á primeira, pode parecer que nada pega com nada. E embora haja um desfasamento em termos de sons e texturas, o albúm conceptual Suburbs conta uma história. Comparativamente a Funeral, o som é mais sóbrio. Menos entusiasmante e borbulhante, menos fresco. O que é compreensível, visto ser todo um conceito diferente, e serem uns Arcade Fire de 2010, mais maduros.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Melech Mechaya no CCB


Facto incontestável, Melech Mechaya é sinónimo de festa. Partindo desta premissa, comprovada por todos os fãs, curiosos e até mesmo descrentes que se tenham cruzado com um concerto desta banda, o que se pode dizer em relação ao que se passou no CCB?

Primeiro que tudo, que o concerto estava inserido na programação CCB Fora de Si 2010, um evento que pretende dinamizar um pouco a zona de Belém durante esta altura em que ainda há uma afluência grande de turistas a passar férias em Lisboa, e que claro, não pode deixar Belém fora do roteiro, mas não só, também para as pessoas que vivem na cidade, e em que o mês de Agosto é geralmente um mês algo parado no que à música ao vivo diz respeito, é bom ter este tipo de iniciativas.

Agora, antes de entrar no concerto propriamente dito, outro facto. A música dos Melech Mechaya não é de todo algo que seja comum fazer-se no nosso país, no entanto, e pelo que observei ontem, e também já tinha tido oportunidade de observar em outros concertos desta banda, isso não impede as pessoas de conhecerem, cantarem, e dançarem ao som que nos é proporcionado. O mar de gente que costuma povoar os concertos prova-o, as coreografias já ‘ensaiadas’ e as interjeições dadas nos sítios correctos das músicas também (ainda que a banda faça questão de pedir e ensaiar durante a música aquilo que querem do público, integrando assim toda a gente que quiser participar).

Como já devem ter podido imaginar, e mesmo sabendo que me vou repetir, o concerto foi festa, foi um partilhar de energia entre público e banda sempre em interacção, fosse pelo que já descrevi em cima, fosse pelo convite da banda ao público para ir dançar no palco, algo que foi bastante bem recebido diga-se, e que fez com que o palco se enche-se de pessoas prontas a divertir-se com a banda, fosse ainda pelo bastante carismático e comunicativo vocalista Miguel Veríssimo que sempre que intervia agarrava o público com as suas palavras carregadas de humor, e que se adequam e complementam o espectáculo e a música que os Melech Mechaya nos oferecem.

E neste registo, houve tempo para uma versão ‘klezmer’ instrumental da música Smooth Criminal, que serviu de introdução a um original da banda, uma versão improvisada de Hakuna Matata, que é uma bela filosofia de vida diga-se, e que ficou popularizada no filme ‘O Rei Leão’, entre mais um sem número de coisas que têm que ser vividas e experimentadas num concerto dos Melech Mechaya.

Sempre humildes, e bastante agradecidos a toda a equipa que possibilita que o espectáculo seja montado e a toda a crew que os acompanha, a banda despediu-se, voltando ainda para um encore merecido e fortemente pedido pelo público que voltou a invadir o palco para o que foi um final de concerto em apoteose.

Melech Mechaya @ CCB (22-08-2010)



Para conhecer melhor a banda é aqui:
Myspace
Facebook

Toy Story 3, de Lee Unkrich, 2010



Uma das coisas mais complicadas que existe no cinema é fazer-se uma trilogia em que os três filmes sejam igualmente bons. Temos o exemplo do Padrinho, do Star Wars ( ambas as trilogias) e de Jurassic Park. Em nenhuma dessas trilogias temos uma qualidade igual em todos os filmes. Nos últimos anos a excepcção é feita ao Senhor dos Anéis, mas são mesmo poucas as trilogias que conseguem ter três filmes bons.
Em Toy Story, de John Lasseter ( realizador dos dois primeiros e argumentista de todos eles) temos uma trilogia perfeita. É perfeita porque completa um circulo muito bem pensado e completamente esquematizado.
Toy Story 3 completa de forma perfeita esta trilogia. Não se trata de apenas mais um filme para vender, de uma tentativa de tentar revitalizar o cinema de animação americano só porque sim. Há um claro valor em fazer este filme, inerente a si próprio e que o transforma num símbolo.
Toy Story 3 tem duas visões completamente diferentes. De um lado temos a visão infantil, com a fuga dos bonecos do Day care Center, e a tentativa de regressarem ao seu dono de sempre, Andy, alguém como todos nós, ou de uma visão adulta, alguém como a nossa mãe ou o nosso amor.
A visão adulta é triste e sem floreados americanos estereotipados. Não há hipótese de um final totalmente feliz, e quem tiver vivido a sensação de em 1995 ter visto o primeiro filme no cinema, sentir-se-à totalmente devastado com o final. Para as crianças será um final feliz, para um qualquer semi-adulto será um final bastante triste, mas necessário.
Toy Story 3 desafia os filmes de animação americanos e mostra-nos que é capaz de fazer muito mais do que simplesmente agradar a miúdos e graúdos. Conseguir criar duas visões distintas dependendo da idade é algo não-americano, pelo menos no cinema de animação dos últimos anos. Hayao Miyazaki é perito neste tipo de cinema, talvez por isso a referência aos seus filmes com o aparecimento de Totoro em peluche no filme.
Neste 3º filme temos claramente várias metáforas incompreensíveis para uma banal criança, tanto a transfiguração de velhice, como da vida depois da morte. De uma visão adulta podemos observar este filme como uma viagem depois da vida, quando já estamos muito velhos e não temos para onde voltar. Os bonecos fazem esta viagem, e nós fazemos a viagem com eles. O final, esse, é o final correcto, aquele que todos ambicionados, termos a possibilidade de nos despedir da pessoa de quem mais gostamos, uma última vez, para sempre.
Toy Story 3 reinventa o cinema de animação americano e deixa o testemunho para alguém pegar. É um filme fantástico e que encerra uma trilogia imensa, cheia de significado e emoção.

Adam S. Doyle




Adam S. Doyle é um artista freelance, que manifesta a sua arte através do desenho e da pintura, demonstrando toda a sua enorme criatividade.
É dificil ficarmos indiferentes à sua arte, que roça claramente o genial.
A ilustração é o seu ponto forte, mas também no design ele dá cartas únicas e criativas.
Deixo aqui o seu site pessoal, onde podemos ser conduzidos a uma viagem visual única, num mar de imensa criatividade e sonhos incalculáveis!

Análise a um videolip: Biffy Clyro - God and Satan



O novo videoclip dos Biffy Clyro oscila entre a beleza e calma de Deus e a destruição, associada ao Diabo. O videoclip partilha ambas as emoções, discutindo vários principios.
Os membros da banda passam por uma viagem até a uma morte fria e desolada.
Musicalmente temos uma grande balada, que demonstra que os Biffy Clyro são actualmente uma das grandes bandas do momento, preparados para fazer qualquer tipo de música.
"God and Satan" é uma música bela, que estimula-nos para as diferenças entre Deus e o Diabo, acabando por nos dar um caminho certo, que poderá não ser o mais desejado. É uma música simples mas com um sentimento profundo.
Os Biffy Clyro tornaram-se imensamente mais consistentes após este último álbum, e a partir daqui a fasquia estará tão elevada que será sempre complicado ultrapassar a qualidade deste mesmo álbum. Contudo, estamos a falar dos Biffy Clyro, uma banda que lançou 5 álbuns extraordinários.
Atenção a estes britânicos!


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

letlive - Fake History



Fake History
letlive, 2010

Os letlive são uma banda oriunda de Los Angeles e lançam em 2010 o seu terceiro longa duração, este Fake History não mente, e se o nível for mantido nos próximos lançamentos, estamos perante uma das bandas que irá conseguir refrescar a cena pós-hardcore/hardcore norte americana.

Já comparados com uns Glassjaw e Refused, e é certo que serão algumas das influências, os letlive conseguem acrescentar algo de novo, o que os faz distinguir-se quer destas bandas mencionadas em cima, ou seja, não são uma cópia chapada das mesmas, quer dos muitos projectos que foram surgindo neste estilo musical já algo cansado e repetitivo.

Com uma conjugação de elementos rock, jazz e hardcore os letlive conseguem uma perfeita fusão de sons, que acompanhado pelas vocalizações ora limpas, ora berradas do vocalista Jason Butler criam o conjunto de excelentes músicas que compõem este álbum.

E este aspecto talvez seja uma das maiores forças da banda, a forma como o seu vocalista consegue alternar entre os dois estilos vocais, sem quebrar o ritmo da música, faz com que a transição surja como um aspecto natural da mesma, para além de nos agarrar a cada momento da canção e fazer-nos ter vontade de acompanhar em coro os refrões cativantes e que nos ficam facilmente no ouvido.

Assim, este Fake History, é um álbum que dificilmente nos consegue deixar parados a ouvi-lo, seja a bater o pé, abanar a cabeça, acompanhar o ritmo com as mãos, dar um pezinho de dança, pular, o que for, garanto-vos que não deixa indiferente quem for fã deste tipo de música. Resumindo isto em duas palavras: é ouvir!

Casino Columbus


Para conhecer melhor a banda é aqui: Myspace

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Woodstock Music & Art Fair


3 Days of Peace & Music

A verdade é que já muito se disse sobre Woodstock, muito já se escreveu sobre Woodstock, muitas histórias já foram contadas sobre Woodstock, muitos filmes foram já feitos com plano de fundo em Woodstock; Mas a verdade é que nunca se disse (nem se dirá) tudo sobre o festival.

Esta semana celebra-se o 41º aniversário deste memorável acontecimento. Dado este pretexto, não será irrelevante redescobrir este marco, quer na história da música, quer na história da cultura, quer na história social.

Decorria o ano de 1969, soldados americanos debatiam-se no Vietnam e, em solo norte-americano, ia surgindo uma contra-cultura que então ficou denominada de hippie. Uma cultura que ia contra muitos dos ideais e tradições norte-americanas da altura, uma cultura com fortes opiniões políticas, em que se assumiam vincadamente contra a guerra do Vietnam (e qualquer outra guerra, em geral). Deu-se a grande explosão sexual nos jovens, e a liberalização de drogas e a libertação da mente em relação a preconceitos antiquados era defendida com unhas e dentes. Liberdade e abertura é o que era pedido. Liberdade de pensamento e abertura a novas experiências. Tudo isto era simplificado em duas palavras: Peace & Love (Paz e Amor). Chegava, assim, uma lufada de ar fresco ao ambiente autoritário e carregado vivido na altura.

Este festival de Woodstock aparecia no momento em que uma nova geração de músicos andava à boleia deste movimento hippie. Músicos como os The Who, Janis Joplin ou Santana eram já acarinhados por milhões.

À pequena cidade de Bethel, no estado de Nova Iorque chegaram mais de meio milhão de jovens, desesperados por paz, amor, harmonia e música.

O Woodstock Festival havia sido programado para dias 15, 16, 17 e 18 de Agosto, mas nem assim se vislumbrou um fim-de-semana de verão: dia 15 tinha sido tomado por uma enorme chuvada que se abateu em Nova Iorque. O cenário tornou-se caótico. Perfeito para o cenário do que viria a ser o maior festival de sempre.

Durante os quatro dias actuaram nomes como Joan Baez, Santana, Grateful Dead, Janis Joplin, Jefferson Airplane, The Who, Joe Cocker e Jimi Hendrix. Outros foram os que rejeitaram, por diversos motivos: Bob Dylan, os Beatles (com rumores de que Lennon só aceitaria tocar em Woodstock se Yoko Ono também o fizesse), os Doors, Led Zeppelin, The Byrds e Joni Mitchell, certamente com grande arrependimento hoje em dia.

Woodstock não proporcionou apenas música, a divulgação da arte e da cultura era o grande objectivo do festival. Feiras de artesanato, performances criativas, exposições e debates sobre temas da altura também faziam parte do programa do evento.

Foi já o ano passado, aquando do 40º aniversário do festival Woodstock que saiu o filme Taking Woodstock, realizado por Ang Lee e protagonizado por Demetri Martin. Divertido e esclarecedor para quem quer saber mais um pouco sobre a história de Woodstock. Conta mais um punhado de curiosas histórias acerca da organização e planeamento do evento.

O êxodo colossal de jovens de toda a parte dos EUA até um descampado no meio do nada foi fenomenal, a canalização do amor através da música e da arte, os preciosismos que foram deixados em casa, as mensagens de paz deixadas por todo o lado... Woodstock mudou o rumo da história e alterou para sempre o panorama musical.
«Describing Woodstock as the "big bang," I think that's a great way to describe it, because the important thing about it wasn't how many people were there or that it was a lot of truly wonderful music that got played.
»
David Crosby







19 de Agosto, Dia Mundial da Fotografia

O que por aí está para vir na música nacional



Ora bem, o que está aí para vir é algo de realmente fantástico! Os setubalenses The Doups preparam-se para lançar o seu 1º álbum! E já ouvi por aí dizer que está mais pesado, mais rock, mais maduro, uma verdadeira peça de música, que nos vai encher os ouvidos e pôr a cantar por uns bons meses.
Os lisboetas Iconoclasts estão também prestes a lançar o seu 1º cd. O que podemos esperar de uma banda que nos põe a cantar ao primeiro concerto, que nos faz querer ir a todos, porque são todos espectáculos únicos? Podemos esperar muito, e de certo o cd vai estar à altura. O EP era já algo fantástico, que era capaz de prender qualquer fã de metal, rock, ou indie rock. Ao vivo é querer que nunca acabe, um misto de emoções genuínuas e tão apaixonadas pela música. Venha daí esse cd!
Os Porn Sheep Hospital preparam-se para lançar o seu 1º EP em meados do mês de Setembro. É verdade que o mathcore não reina por Portugal, mas esta banda tenta lutar contra essa maré, e consegue-o de forma soberba. São quatro músicos fantásticos, que tocam juntos há muitos anos e que têm evoluído de forma fantástica. O EP estará mais pesado do que a banda costuma apresentar, mais consistente, mas sempre com aquele som matemático e aquelas guitarras fritantes, que tanto adoramos.
A par destes últimos, também os Mothership se preparam para lançar o seu 1º EP, e a data já está marcada: 10 de Setembro, no ADN, em Setúbal!
O Rock/metal progressivo vai ficar a ganhar bastante com este EP. Posso eu dize-lo que já o ouvi por inteiro. É uma rockalhada imensa, com um instrumental poderoso e uma voz melódica que encaixa na perfeição. Vai certamente dar que falar!
Finalmente, teremos o tão aguardado cd de Linda Martini. Não escondo a tremenda admiração por esta banda, tanto por ser uma das bandas que mais me consegue transmitir ao vivo, como pelas suas letras simples, mas poderosas! Desde que eles andam por cá Portugal ganhou bastante na música. Este cd será certamente algo para guardar muito próximo do ouvido, durante muito muito tempo!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

The Expendables, de Sylvester Stallone, 2010



The Expendables é o hino aos filmes de acção dos anos 80 e 90, juntando os actores de topo dessas décadas (quase todos) e um exagero descomunal de acção fritante!
A premissa é simples, Sylvester Stallone mais uns quantos, são mercenários que fazem missões para quem lhes pague bem. E é aqui que surge Bruce Willis, que contrata Stallone e o seu gang para uma perigosa missão.
A nível de realização Stallone deu um passo atrás, face ao último Rambo, que era bem filmado, sem exageros e sem tentativas falhadas de inventar planos. The Expendables perde na realização algo confusa das sequências de acção, de certos fast forwards que nada acrescentam ( cena de perseguição) e de alguns planos manhosos, mas que saíram mal.
A história é simples, mas resulta na perfeição, e a forma como Stallone encaixou cada actor no seu personagem é algo realmente de fantástico. Stallone precisou de saber que actores aceitavam participar neste filme para poder realmente fazer-lhes os personagens. Este Expendables é um hino a todos esses actores, pois cruza factos da vida pessoal e profissional de cada actor que participa no filme. Mickey Rourke, é à imagem da sua vida pessoal, alguém que sofreu bastante e que seguiu caminhos que em nada levam ao paraíso, mas que agora está a tentar redimir-se. Stallone passa claramente o testumunho de 'rei de filmes de acção' a Jason Statham e isso podemos atentar em vários diálogos entre os dois actores.
A cena em que Arnold Schwarzenegger entra, é só das cenas mais hilariantes do cinema dos últimos 10 anos. Há que ver!
O argumento, apesar de simples, é bem construído, e os personagens são densos e cheios de 'easter eggs' para quem conhece os actores. Este filme tem tudo o que os filmes de acção de 80 e 90 tinham, explosões, violência, tiros, amor, lições de vida, mauzões gigantescos, chefes da máfia que metem respeito, e os actores reis nesses filmes. Posto isto temos um belo filme, que de certeza nos vai entusiasmar do primeiro ao último segundo.
O quanto vão gostar do filme é algo que depende da vivência da própria pessoa. Se como eu cresceram a ver estes actores na TV e no cinema, então é certo que vão relembrar muito da vossa infância.
É preciso vir o Stallone em 2010 mostrar-nos como é que se faz um filme de acção! Fantástico!

domingo, 15 de agosto de 2010

Sean Riley & The Slowriders em São Martinho do Porto


Os Sean Riley & The Slowriders foram mais uma das bandas que a organização da iniciativa Alcobaça Summer Nights conseguiu levar até à baía de São Martinho do Porto para dar música a residentes, a quem por esta altura está lá de férias, ou a pessoas que tal como eu, aproveitam para passar um fim de semana fora do calor e da confusão da cidade.
Sempre com a baía como pano de fundo, deve ser sempre um cenário diferente do habitual para a maioria das bandas, e uma oportunidade rara a de poder tocar num local destes, em vez das habituais salas fechadas, não que estas sejam uma coisa má, é apenas diferente, para além de ter o seu quê de inspirador.
A banda, com dois discos já editados, percorreu o seu repertório de músicas, incluindo o já famoso single do novo álbum, This Woman. Houve ainda tempo para a versão de State Trooper, original de Bruce Springsteen e para um encore que fez as delicias dos fãs que marcaram presença no concerto e que pediram a música Moving On, a banda acedeu, e o público agradece a gentileza.

Sean Riley & The Slowriders @ São Martinho do Porto (14-08-2010)



Para conhecer melhor a banda é aqui:
Myspace
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Jeremy Geddes



A arte de Jeremy Geddes:









sábado, 14 de agosto de 2010

(in)Definição de Arte



O conceito de 'arte' foi sempre bastante subjectivo. Com a evolução humana, esse conceito, foi-se alterando, como a própria mentalidade do ser humano, face a inovações tecnológicas, novas formas de pensar ou até mesmo de agir. Os tempos mudaram e a arte também. Porém, a arte não morre e tudo o que se fazia continua a fazer-se. Isso é algo bastante importante na arte, conservar o que se fez e continuar a fazer no mesmo segmento, contudo é um caminho curto para o verdadeiro artista, que tem sempre 'fome' de criar. Criar não é só inventar algo diferente do habitual, criar é também obter algo único e com qualidades, sejam elas de utilidade ou de cariz visual. Ao longo dos tempos esta noção já foi alterada várias vezes, tanto por Gregos, como por Romanos.
O conceito de 'arte' depende de quem vê essa mesma arte, do que sofreu na vida, das suas experiências pessoais. Por tudo isto é que a arte é algo tão único do ser humano que é impossível de ser copiado na exactidão por quem não a sinta.
Arte é produzir o que nos vai na alma de forma genuína e bela para nós ou para todos.

Remember Me de Allen Coulter



Everything you do in life will be insignificant, but it's very important that you do it. - Mahatma Ghandi


Se a maioria de nós não põe em questão a primeira parte da afirmação o mesmo não será verdade quanto à segunda. Que impacto temos nós no mundo que nos rodeia, que fizemos nós hoje que seja assim tão relevante?
Remember Me aborda precisamente esta questão acompanhando a vida de Tyler ( Robert Pattison) e de Ally (Emilie de Ravin) e as relações que cada um tem com a sua família e um com o outro.


Tyler é um jovem taciturno à deriva, sem objectivos definidos que divide o seu tempo entre assistir a aulas na Universidade (apesar de não estar propriamente matriculado) e um trabalho na biblioteca. Após o suicídio do seu irmão Michael, a sua relação com o pai, Charles (Pierce Brosnan) torna-se tensa e agudiza-se sempre que Charles demonstra desinteresse pela sua filha mais nova de quem Tyler é bastante protector. Ally por seu turno é manifestamente mais orientada quanto ao seu futuro e mais responsável que Tyler. É filha de um pai policia super protector (Chris Copper) e quando tinha 11 anos testemunha o assassínio da mãe.

Quis o destino que os caminhos destes dois se cruzassem e que as tragédias familiares de cada um suscitassem no outro um interesse amoroso.


A premissa não tem nada de transcendente, arrisco dizer que dificilmente tem algo de original e aos primeiros minutos do filme só os mais resistentes de nós se vão sentir impelidos a continuar a acompanhar a historia, no entanto à medida que a narrativa avança, à medida que vemos o desenvolver das relações das personagens, sem nos apercebermos de como e porquê já estamos presos a ela e às suas personagens das quais já temos os nosso próprios juízos de valor. Enquanto a história desenvolve também as personagens vão sofrendo transfigurações e as pequenas (grandes) interacções que vão tendo umas com as outras não só as alteram como alteram as percepções que as outras personagens tinham delas. Finalmente o filme tem um final incrível, bem executado, no sentido em que se abstrai de grandes sensacionalismos, conseguindo na sua solenidade ser tocante e arrojado.


Não sendo um mau filme, e asseguro que não é, também não é brilhante e muitas vezes resvala para o sentimentalismo fácil. Muitas cenas do filme ultrapassam a fronteira que separa um filme tocante de um "chick flick", um exemplo descarado é o de que Tyler e Ally se conhecem porque o colega de quarto de Tyler o desafia a engatar Ally para se poderem vingar do seu pai que na noite anterior os havia prendido e, imagine-se, quando Ally descobre cai o Carmo e a Trindade. Se cenas assim resultam num filme como " 10 Coisas que odeio sobre ti" em Remember Me só servem para descrédito de um argumento que se queria verossímil, ainda que o filme se redima no final ao interligar os pequenos eventos das personagens a eventos de maiores proporções, que são transpostos para a esfera pessoal destas personagens e ,por analogia, a qualquer um de nós.


Mas Remember Me tem, felizmente, o mérito de criar personagens extremamente empáticas com as quais nos conseguimos identificar e alia-as a diálogos muito bem conseguidos e credíveis, principalmente entre Ally e Tyler. Apenas o pai de Ally cai demasiado no cliché de pai protector, que aqui é levado quase a um extremo, e que nem a boa prestação de Chris Copper consegue fazer esquecer a falta de originalidade da personagem.


Quanto aos actores é bom ver Robert Pattison a encarnar o papel de Tyler e a provar-nos que tem mais talento do que a personagem de Flash Gordon trasvertido ,que brilha à luz do sol, deixa transparecer. A forma como lida com relações tão opostas como as que Tyler tem com o pai, a irmã e Allie mostra que enquanto actor sabe como encarnar às várias facetas de um personagem. Emilie de Ravin não fica atrás, trazendo vida e uma dose simpática de atrevimento à personagem, e consegue fazer da química do casal o ponto mais atractivo de Remember Me. Uma nota ainda para a excelente prestação de Pierce Brosnan que tem em mãos um personagem difícil que pretende obter de nós um misto de juízos acusatórios e compreensão, conseguidos, diga-se. Quanto a mim, está a um bom papel de se redimir da falta de respeito que foi o "Mamma Mia!".


Remember Me é um bom filme sobre relações, sobre as pequenas grandes coisas, sobre como cada um de nós toca a vida do próximo de formas mais profundas do que a partida julga, sobre como grandes eventos nos marcam a uma escala mais pessoal. Se conseguirem fechar os olhos a momentos descarados de sentimentalismo fácil vale bem o tempo empregue.





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ODDSAC, um filme dos Animal Collective



Saiu na 3ª feira passada, dia 10, o mais recente trabalhos dos Animal Collective. E, quando se pensava que o seu mundo era somente a música, eis que a banda de Baltimore nos presenteia com um filme. Chama-se ODDSAC e tal como os próprios Animal Collective o filme é uma sequência de imagens abstractas com efeitos psicadélicos misturados com música original dos próprios. Um disco visual, se assim o quisermos chamar.
O filme é realizado por Danny Perez, que já havia sido o realizador de Summertime Clothes, um dos singles do aclamado álbum de 2009, Merriweather Post Pavilion.
Avey Tare disse à Pitchfork "O filme não tem narrativa, é uma coisa mais visual e psicadélica. Há partes que são completamente abstractas e há partes em que existe uma acção mais directa."
ODDSAC teve a sua estreia no festival de cinema independente Sundance Film Festival.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mother of Fire



Os Mother of Fire são uma banda Americana, com violino, bateria e baixo, além de vocais da vocalista e violinista Naomi Joy. O som da banda é dificil de definir, situa-se entre o rock experimental e o psicadélico. A voz de Naomi é amorosa e incorpora-se perfeitamente nos instrumentos, sendo o seu violino o condutor musical.
O ambiente que criam é fantástico, fazendo lembrar algumas bandas de post-rock, na forma como o violino 'guincha' que nem uma guitarra, e na aceleração rítmica da bateria.
Para já só podemos ouvir uma música que nos deixa completamente de água na boca. Que venha esse LP, esta banda promete conquistar o mundo musical!

Para conhecer melhor a banda:

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Classificação de filmes de 2010


Neste post irei classificar qualitativamente todos os filmes que vi este ano estreados em Portugal desde Janeiro até à data.
A classificação será a seguinte:
0 - Péssimo; 1 - Mau; 2 - Fraco; 3 - Mediano; 4 - Bom; 5 - Muito Bom


1 - The Road - 5
2 - Shutter Island - 4,5
3 - Inception - 4
4 - Das Weisse Band ( O Laço Branco) - 4
5 - A Serious Man - 3,5
6 - 9 - 3,5
7 - Remember Me - 3,5
8 - Nine - 3,5
9 - Where the Wild Things Are - 3
10 - Robin Hood - 2,5
11 - Doctor Parnassus - 1
12 - Alice no País das Maravilhas - 1
13 - Sex and the City 2 - 1

terça-feira, 10 de agosto de 2010

As questões da vida, por Cristóvão Suárez

E se cada um de nós visse a vida de forma diferente, mas não fosse capaz de notar a diferença de pessoa para pessoa? Ou seja, se para nós o azul fosse 'assim' e para todos os outros também, mas víamos o azul de forma diferente. Se para nós uma cara fosse assim, mas mesmo que fizéssemos um retrato nos veríamos essa cara da forma como está projectada no nosso cérebro. Até que ponto é que vemos tudo de forma igual? Não vos acontece achar alguém parecido a 'x', mas 'y' não achar absolutamente nada? Qual é a razão para a arte ser subjectiva? Será apenas um misto de gostos do inconsciente, ou será baseado em algo visual e produzido pelo cérebro que não conseguimos alcançar?
Será que os bebés conseguem ver as pessoas que já morreram? Esta é uma questão muito abordada por várias religiões e seitas, de forma semi fundamentada. Se conseguissem sentir algo mais do que o ser humano adulto, até que ponto é que isso os poderia transformar?
Quantos relatos existem de pessoas que na infância sentiram algo que nunca foram capazes de explicar? Contactos com outras pessoas, etc.
Tudo isto e muito mais num livro que sairá em breve, de um escritor algo desconhecido, mas bastante interessante: Cristóvão Suárez.

sábado, 7 de agosto de 2010

O Faia - Casa de Fados



Além de ser uma casa de fados, o Faia é também um excelente restaurante, com um atendimento de primeira categoria.
Como restaurante, são nos servidos pratos únicos, que primam pelo bom sabor, composição e por virem muito bem servidos. O atendimento é exemplar, cuidadoso e sempre alegre.
Mas é pelos fados que esta casa prima ao máximo. E que nomes fantásticos que podemos ver e ouvir nesta casa! Ana Marta, António Rocha, Anita Guerreiro e Lenita Gentil! Estamos só a falar de nomes de topo do fado, nomes que fazem as pessoas vir a Portugal só para os ouvir.
A sessão começou com Ana Marta, a fadista mais nova da casa, porém dotada de muita experiência e talento. A sua voz é bem afinada e muito correcta, sem exagerar na sua projecção. Tem presença, um ar muito alegre e uma voz muito talentosa. Foi um imenso prazer ouvi-la.
António Rocha foi o fadista que se seguiu. António Rocha dedicou toda a sua carreira ao fado. Foi já distinguido com vários prémios e deu vários concertos pela Europa fora. A sua voz é rouca, mas afinada. Um senhor que sabe bem cantar o fado!
Anita Guerreiro dispensa apresentações, é actriz e fadista. A sua voz, também rouca, é dotada de muita energia, e a sua boa disposição animou bastante a noite. É perita na interacção com o público e na forma de o cativar com a música e os gestos que faz.
Lenita Gentil é um dos nomes mais fortes do fado. Conta com mais de sessenta gravações! Cantou um pouco por todo o mundo e percebe-se bem porquê. A sua voz é bastante potente, transmitindo uma energia sem equivalente, tanto pela sua pose, sorriso ou maneira de ser, como pela forma como canta o fado. Uma verdadeira artista, com uma das melhores vozes do fado!