segunda-feira, 12 de julho de 2010

Jared Leto - O Camaleão



Jared Leto tem uma história de vida bastante conturbada. Para quem o conhece apenas nos 30 Seconds to Mars, é fácil criar por ele alguma raiva ou desinteresse, pois Jared não criou uma banda original e muito menos tem sido ele próprio original. Contudo, se conhecermos um pouco da filmografia de Leto no cinema, chegamos a uma breve conclusão: As suas personagens são sempre o extremo umas das outras. Se no fabuloso "Requiem for a Dream" temos um Leto cegamente dependente das drogas, maníaco, depressivo, destruído, em "Chapter 27" interpreta o assassino de John Lennon, tendo que engordar muitos, muitos quilos.
Ao longo da sua carreira no cinema, Leto tem sido um camaleão, interpretando personagens extremas, complicadas e sempre muito diferentes umas das outras.
Na música acontece um pouco do mesmo, mas sem originalidade.
Se no 1º albúm de 30 Seconds to Mars parecia que estavamos perante uma cópia dos Bush, no 2º parecem uma cópia de My Chemical Romance, e neste 3º albúm uma mistura entre um punk e um emo.
Quando lançaram o 1º albúm, os 30 Seconds to Mars permaneceram praticamente no anonimato, sem conseguirem sobressair, contudo produziram boas músicas nesse albúm. Jared tinha-se enganado e foi tarde de mais, os Bush já não eram referência da música internacional e estavam em queda livre. No 2º albúm a esperteza foi maior e conseguiram apanhar a cauda do sucesso dos My Chemical Romance, chegando a um sucesso gigante, cativando emos e não só. A estratégia de marketing de Leto tinha funcionado e os 30 Seconds to Mars eram uma banda de destaque um pouco por toda a parte. Tendo garantido a fama, Leto pôde brincar neste 3º cd, e resolveu criar algo completamente diferente do que nos havia apresentado. Apesar do visual ridículo, a tentar imitar um qualquer punk, as músicas nada têm a ver com o punk, mas sim com uma mistura entre uma electrónica minimalista e rock, com um ar mais épico do que funcional.
Este albúm tem boas músicas, e acho que até tem músicas com alma, basta olhar para a letra da "Kings and Queens". Porém, Leto exagerou e foi longe de mais, tanto na mensagem que pretendia passar, como no uso exagerado de coros.
Jared Leto foi abandonado pelo pai quando era muito novo, abandonou a escola e chegou a ser preso. Foi na paixão pelo cinema que se voltou a agarrar à vida.
Jared Leto é um camaleão, criando personagens no cinema, capazes de nos fazer querer ver os seus filmes. Na música o acto de camaleão tem falhado bruscamente, e não tinha necessidade de todo o dramatismo em volta da sua banda. Talvez por vontade de ter sucesso comercial e ganhar dinheiro, talvez porque não teve infância e queira agora ser aplaudido por todo o mundo, Leto exagera enquanto músico. Contudo, tem algo a seu favor, presença e voz, voz essa que por vezes se perde no meio do seu vedetismo.
O tempo dirá se Jared será apenas um camaleão ou também alguém com identidade própria.

Sem comentários:

Enviar um comentário