Mostrar mensagens com a etiqueta Reviews. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Reviews. Mostrar todas as mensagens

domingo, 3 de abril de 2011

European Carnage Tour no Pavilhão Atlântico, 30 de Março de 2011

O dia era de calor, e antes da hora de entrada amontoavam-se grupos de pessoas, cada uma com a sua imagem pessoal, o que atraía os olhares para aquela zona do parque das nações. No centro comercial que faz tangente com o pavilhão viam-se passear as tshirts das várias bandas similares às que iam tocar naquela noite.

Desta feita, chegaram à grande sala lisboeta, duas figuras de proa do thrash metal, que recentemente fizeram parte da tour que envolvia ainda os Metallica e os Anthrax, a tour dos big four. Vimos apenas metade dos big four, sendo o terceiro concerto seguido dos Megadeth, depois da tour Priest Feast na mesma sala em Março de 2009 e do Rock in Rio em 2010 com Rammstein e Motorhead. Os Slayer não pisavam palcos portugueses desde o festival Super Bock Super Rock em 2008.

Estava prevista a actuação dos Special Guests W.A.K.O., que foi cancelada sem aviso, e fez com que às 21h em ponto entrassem os Megadeth em palco. Começaram com In My Darkest Hour, mas o publico parecia responder lentamente. Em Holy Wars... The Punishement Due, a actuação ganhou mais fôlego, apesar de já estar nos momentos finais do seu tempo. Ainda a aparição da mascote Vic Rattlehead durante Peace Sells, mas não sem grande impacto.

Após uma performance morna, o apetite para a explosão de Slayer, que já se sabia previamente, aguçou-se. A banda está ligeiramente alterada, com a substituição do guitarrista Jeff Hanneman, por Gary Holt dos Exodus. Ainda assim, e apesar do vocalista Tom Araya ter sofrido uma intervenção ás costas, e já não abanar o cabelo como simbolicamente abanava dantes, não comprometeu a actuação. Com World Painted Blood do novo albúm a abrir, o público, estava sedento. As bancadas estavam desertas, o que é de esperar para um concerto destes. Foi um desenrolar de êxitos, apesar de o tempo fazer com que faltassem alguns como Bloodline ou Disciple, mas a banda mostrou-se um furacão de energia, apesar de este ano completar 30 anos de carreira. Com Angel of Death banda e público despedem-se, e muitos dos que estiveram lá, certamente sofreram as consequências de tanto headbang no dia seguinte.

Megadeth




Slayer

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Winter's Bone, de Debra Granik, 2010

Winter's Bone
Debra Granik, 2010


Despojos de Inverno é uma adaptação do romance de Daniel Woodrell, de 2006, relata a história de Ree (Jennifer Lawrence), um miúda de 17 anos que vive num local isolado com os dois irmãos mais novos, Sonny (Isaiah Stone) e Ashlee (Ashlee Thompson), e a mãe doente e mentalmente ausente. Quanto ao pai, esse foi preso, mas a vida desta família muda quando Ree recebe a visita de Sheriff Baskin (Garret Dillahunt), que lhe comunica que o seu progenitor saiu em liberdade, e que caso não se apresentar a uma audiência, eles perderão a casa e a propriedade onde vivem. A partir daqui, Ree enceta uma busca pelo pai, entrando sem receio pelos meandros do perigo, procurando aqueles que colocaram a cabeça do seu pai a prémio.


O filme pretende demonstrar a realidade dura, de certos locais nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que evoca um exemplo, como muitos, de muitas famílias destruturadas, e também pintando mentalidades, pessoas ríspidas e frias do interior do país, que vão combinando com o ambiente inverniço do filme. É daquelas histórias em que tudo pode correr mal, e sob frio intenso, corre ainda pior.


O filme está bom, tem um produção bastante simples. No entanto, poderia ter mais sal. A narrativa está tépida, e poderia ter mais sangue na guelra. Os momentos de emoção residem nas cenas com as crianças, que apesar da realidade que têm que viver, não deixam de espalhar alegria. Também damos por nós, preocupados com o rumo que a protagonista leva, pois Ree, encara de frente as gentes embrutecidas da sua região, empreendendo uma busca por dentro da máfia da região, guiada pelo sentimento de protecção que tem pela família inteira, mal pensando em si mesma. E é nesta sensação de suspense, que se encontra a nata do filme.

Jennifer Lawrence está bem como actriz principal, passando bem a imagem de miúda que cresceu depressa. No entanto, não chega para arrecadar o óscar de Melhor Actriz.

O filme conta já com 19 galardões e outras 42 nomeações para prémios, como no Festival Internacional de Berlim, British Independent Film Awards, Globos de Ouro, Gotham Awards, Independent Spirit Awards, National Board of Review, Sundance Film Festival, Festival de Toronto e 4 nomeações para os Óscares de 2011.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Blue Valentine, de Derek Cianfrance, 2010


Blue Valentine
Derek Cianfrance, 2010



O cinema actual mainstream foi-nos habituando a histórias de amor que não passam de mais do mesmo. Duas pessoas encontram-se, amam-se, encontram um obstáculo qualquer, odeiam-se, não resistem e voltam um para o outro, sendo felizes para sempre. No fim, geralmente sai-se da sala a pensar "Quem me dera que me acontecesse a mim", e com o coração cheio de esperanças que aquilo por mero acaso um dia possa acontecer também nas nossas vidas. Estas utopias criam-nos sempre o pensamento de algo idílico, têm como função pungir nas pessoas esperanças de que os seus corações fracassados ainda podem ver a luz, que nada é impossível. Ou, por outro lado, que algo pode durar para sempre, após o final (feliz) do filme.


Neste caso assistimos a Blue Valentine e damos por nós a recordar momentos nos quais já estivémos, medos, esperanças, erros, e a pensar "Aquela personagem podia ser eu". É uma historia que comove, porque se pode encontrar num pouquinho dela em todos nós. Agarra, porque é uma realidade para muita gente, e qualquer pessoa pode ser uma daquelas personagens, alguma vez na vida.


Dean (Ryan Gosling, The Notebook ) e Cindy (Michelle Williams, Brokeback Mountain) estão casados há alguns anos, e têm uma filha, Frankie. O casal atravessa uma fase de exaustão na relação, onde a rotina começa a moer os sentimentos. Cindy trabalha como enfermeira num hospital, e Dean sente-se contente com o seu trabalho de pintor de casas. Cindy, cansada de todos os dias serem iguais, frustra-se com a falta de ambição de Dean, e começa a questionar-se se fará sentido ainda estarem juntos. Dean, no entanto sente-se feliz por ter uma família que ama, apesar de terem uma vida modesta, e tenta reacender a chama de Cindy.


Numa dessas tentativas, começamos a assistir aos flashbacks do enamoramento do casal, há anos atrás, e de como tudo começou. E durante todo este processo encaramos a história como se fosse a nossa.

A banda sonora ficou a cargo dos Grizzly Bear. Blue Valentine obteve muita atenção no Festival de Cannes, Sundance, e Toronto e foi também nomeado para os Globos de Ouro, na categoria de Melhor Actriz e Actor Dramáticos. Michelle Williams concorre ao Óscar de Melhor Actriz.


Love and Other Drugs de Edward Zwick, 2010

Love and Other Drugs
Edward Zwick, 2010



A história de "O Amor é o Melhor Remédio" centra-se na personagem de Jake Gyllenhaal, Jamie Randall, um vendedor farmacêutico, que além do sucesso com as vendas, é como um íman para as mulheres. Num dos hospitais no qual tenta impingir o seu produto, Zoloft, conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma rapariga de 26 anos que é diagnosticada com uma doença degenerativa, Parkinson. Maggie assim como Jamie, gosta de encontros sexuais casuais, nunca se envolvendo romanticamente com ninguém, e procura ao máximo que isso não aconteça, mas com o desenrolar dos acontecimentos, a relação entre os dois passa a ser séria.


O filme aborda também o mundo competitivo e capitalista da indústria farmacêutica, e pela loucura em torno do lançamento do Viagra. Situa-se nos anos 90, que sugere o único erro do filme, que é ter pouca ou nenhuma referência quer á cultura da época, quer pela banda banda sonora que se desenquadra.


A química entre os dois actores é notável, e o romance prende claramente o espectador pela descontração que os dois empregam nas personagens, cativando pelo á-vontade nas cenas sexuais e pelo lado humorístico. No entanto a comédia romântica de que se trata o filme, assume também contornos mais dramáticos, abordando de forma séria a doença de Maggie, e os problemas a longo prazo que lhes trarão enquanto casal.


"O Amor é o Melhor Remédio" não é um mau filme, não sendo também uma grandiosa obra. É uma comédia romântica que consegue entreter, cativar, pois tem nos dois actores principais, grandes interpretações. A temática, apoia-se basicamente nas peripécias do romance do casal de mente aberta, mas também se torna interessante nas referências que faz aos doentes de Parkinson, tomando uma vertente mais séria na cena em que vemos uma conferência com doentes de Parkinson, contando histórias e piadas sobre a própria doença.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei, de Tom Hooper, 2010


O Discurso do Rei
Tom Hooper, 2010



O Discurso do Rei retrata a história real do Rei George VI (Colin Firth), pai da Rainha Isabel II, e do seu constrangedor problema de gaguez, numa época em que a guerra nazi ganhava terreno e era necessário um governante que transmitisse segurança e esperança aos ingleses. A esposa, Elizabeth (Helena Boham Carter), após terem procurado vários médicos, que deram em resultados nulos, encontra o terapeuta da fala pouco convencional, Lionel Logue (Geoffrey Rush). Ele torna-se amigo e psicólogo de George, ajudando-o com toda a dedicação, numa altura em que tem que assumir a coroa, após a abdicação do seu irmão David (Guy Pearce).


O elenco é de luxo, com Colin Firth a assumir o controlo, seguido de actores secundários de renome: Helena Boham Carter (Sweeney Todd, Fight Club), Geoffrey Rush (Elizabeth, Frida, Os Piratas das Caraíbas) e Guy Pearce (O Conde Monte Cristo, Memento).


Colin Firth interpreta a personagem principal com genialidade, mostrando que é um justo candidato ao óscar de "Melhor Actor" deste ano. Consegue demonstrar, apesar da dificuldade técnica acrescida, um rei carismático, ainda assim, transtornado e com baixa auto-estima, que passa por muita pressão e dificuldades na sua batalha contra a incapacidade de expôr um bom discurso. E além disso, é surpreendente ouvir a gravação original do discurso de George VI, e compará-lo à interpretação de Firth. A semelhança é abismal. Geoffrey Rush, por sua vez empresta na sua personagem os jeitos humorísticos e dá leveza ao filme. O filme é um dos nomes fortes para os Óscares de 2011 que se realizam a 27 de Fevereiro, sendo o filme mais nomeado, no total, em 12 categorias, entre as quais a de "Melhor Actor", "Melhor Filme" e "Melhor Actor Secundário" e "Melhor Actriz Secundária".

Discurso Original de George VI:


Trailer:

The Fighter, de David O. Russell, 2010


The Fighter
David O. Russell, 2010


The Fighter - O Último Round, está nomeado para os Óscares em 7 categorias, entre as quais "Melhor Filme" e "Melhor Realizador", sendo um dos fortes candidatos deste ano, ao lado de "O Discurso do Rei", "A Rede Social", e o "Cisne Negro". O filme contou com vários atrasos de pré-produção, sendo que Mark Wahlberg começou a preparar-se para este papel em desde 2005, mas só em Julho de 2009 é que o filme começou a ser gravado.


A história baseia-se em factos reais. Conta a história de Dicky Ecklund (Christian Bale), um antigo pugilista que nos seus anos dourados não conseguiu aproveitar as chances que teve de vingar nessa carreira. Estamos em 1993 e ele, um viciado em droga e problemático, torna-se então o mestre do meio-irmão, Micky Ward (Mark Wahlberg), que aparentemente sempre viveu na sua sombra, sendo levado a acreditar pela família, que nunca conseguirá fazer nada, sem Dicky. Toda a família o pressiona a fazer história no pugilismo, na pequena cidade de Lowell.


Confesso que não costumo gostar de nenhum dos dois actores que compõe os papéis mais notórios. Neste caso tenho que admitir que Christian Bale teve um desempenho genial no papel de Dicky Ward, um ex-pugilista falhado mas ainda assim optimista. O actor também se preparou cedo para a personagem, passando por dietas que o levaram a perder bastante peso, para conseguir passar ao máximo a semelhança física com o verdadeiro Dicky. Não é à toa que este ano poderá levar para casa o óscar de "Melhor Actor Secundário". Penso também, que devido ao carisma que Bale emprega à personagem, e toda a sua estrutura acaba por abafar um pouco o protagonismo de Wahlberg, que interpreta o personagem no qual se focam todos os acontecimentos. A personagem principal ficou um pouco apática, em relação ao que devia ser.


Os papéis secundários também ficaram assegurados com a participação de Amy Adams e Melissa Leo (ambas nomeadas na categoria de "Melhor Actriz Secundária").
O filme conta com um baixo orçamento (25 milhões de dólares), está nomeado para 7 categorias, e estreia amanhã em salas nacionais.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Salt, de Phillip Noyce, 2010



Salt
Phillip Noyce, 2010


Angelina Jolie, regressa ao grande ecrã, desta feita, em formato James Bond versão feminina, em hora e meia de acção, tiros e explosões.


Jolie interpreta Evelyn Salt, uma agente da CIA, que, na verdade, durante a Guerra Fria, fora treinada na URSS juntamente com outras crianças, e prestou juramento de honrar o seu país, mas assim que um desertor a acusa de ser uma espiã russa, a fachada cai por terra, e Salt começa a pôr o juramento em prática. A partir daqui, é uma cruzada de assassínios, a fuga constante da personagem na procura pelo marido, e o sem número de vidas que a agente têm.


Salt reúne vários cliché de filmes de acção. Primeiramente, o conflito entre americanos e russos, sendo o segundo povo o malfeitor, e os americanos os heróis abençoados que salvam toda a humanidade da fúria nórdica. É a típica trama em que até ao último segundo todos se matam para carregar num botão vermelho que decide o futuro da humanidade.


A intenção provável do realizador era criar uma versão feminina de Jason Bourne, e dar outra mística a um filme deste género, com a sensualidade de uma mulher ao comando. E, de facto, Angelina Jolie, é o elemento que aguça a curiosidade para ver este filme. Além de interpretar bem a personagem, tem toda uma presença forte que se torna o ponto mais importante de todo o filme.

Salt, é mais um filme do género de acção, puro entretenimento, que se não fosse pela sensualidade no olhar de Angelina Jolie, enquanto chacina agentes especiais de smoking, não teria qualquer interesse.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

The Suburbs, Arcade Fire, 2010



Arcade Fire
The Suburbs, 2010



Arcade Fire caminham cada vez mais para o estatuto de banda de culto. São, sem dúvida, uma das bandas de proa da primeira década do novo milénio, e têm o respeito, o louvor das críticas, e o apreço da larga base de fãs que conquistaram, desde o seu ano de formação, em 2003.

Dizem que o segundo albúm de uma banda, é a sua prova de fogo. O primeiro albúm é aquele que abre portas, que cria uma bolha de excitação e expectativas salivantes, é feito com pouca ou nenhuma pressão. O segundo será o que a metamorfose-á dentro de si mesma. Já no terceiro, a ideia é manter uma correlação com o segundo em termos de nível qualitativo. Muitas bandas seguem a mesma trilha, outras dão um salto maior que elas próprias e caem. O risco é maior, tudo é mais pensado e planeado. Muito mais se espera, depois de dois sucessos coesos.

Arcade Fire estrearam-se sombriamente frescos em Funeral. Foi o que os catapultou, para o título de uma das bandas promissoras, the next big thing de 2004. Volvidos três anos, Neon Bible estabilizou-os num patamar de segurança, era o filho já muito acarinhacado, mesmo antes de nascer.

Neste novo registo, The Suburbs, uma primeira audição não é, de todo, suficiente. As hostes dividem-se. São precisas várias para se percepcionar a fluidez melódica com que, as 16 canções, se inter-relacionam. Tal como nos subúrbios, onde há mesclas culturais, aqui há canções para todos os gostos.

A primeira canção, homónima ao título do albúm, abre com um sentimento de nostalgia, de alguém que está a ver a sua vida passar no subúrbio onde sempre viveu "But in my dreams we're still screamin' and runnin' through the yard". No entanto, as crianças cresceram e os sonhos são outros, "Why I want a daughter while I'm still young".


Em "Rococo", que podia ser confundida como uma canção de Funeral, há toda uma paz, uma calma e uma dimensão espiritual, mas logo explode com a grandiosidade sonora, a que Arcade Fire nos habituaram, "They're moving towards you with their colors all the same".


"Sprawl" e "Sprawl II", apesar do mesmo nome, diferem em muito. A primeira é uma balada carrancuda. A segunda, um hino ao disco sound.

Ao longo do albúm há sombras de Bruce Springsteen, que de resto é um dos "mestres" da banda. Em "City With No Children", "Deep Blue" e "Wasted Hours" há claras semelhanças ao som do The Boss, especialmente em baladas como "The River" ou "Leap of Faith".


"Ready to Start" e "Month of May" são as faixas mais hormonais do albúm. A segunda traz uma sonoridade rockabilly, algo perfeito para dançar jive, ou para imaginar os protagonistas de Grease a mexer. É algo novo nos Arcade Fire. Parece que entretanto nos entram os Queens of the Stone Age com
Millionaire ou Go With the Flow disco adentro, mas com menos veneno. No entanto é um tipo de andamento sonoro que resultará bem em formato "ao vivo". A canção de encerramento, é uma versão de embalar, da que precede o alinhamento.

Tal como nos subúrbios, onde há mesclas culturais, aqui há canções para todos os gostos. Á primeira, pode parecer que nada pega com nada. E embora haja um desfasamento em termos de sons e texturas, o albúm conceptual Suburbs conta uma história. Comparativamente a Funeral, o som é mais sóbrio. Menos entusiasmante e borbulhante, menos fresco. O que é compreensível, visto ser todo um conceito diferente, e serem uns Arcade Fire de 2010, mais maduros.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Retrato de Dorian Gray



O Retrato de Dorian Gray
Oliver Parker, 2009




O famoso romance de Oscar Wilde conhece mais uma versão cinematográfica, desta feita mais modernizada, mais repleta de efeitos especiais, mas mantendo as boas interpretações e o misticismo e drama por detrás do enredo. O livro publicado em 1890 já fez chegar ao cinema e á televisão cerca de 16 adaptações.


Dorian (Ben Barnes) é um rapaz de uma beleza invulgar e com uma concepção ingénua da realidade, que logo lhe é deturpada ao chegar a uma Londres Vitoriana. Pela mão do amigo, Lord Henry Wotton, Dorian começa a adulterar os seus princípios, e envereda por uma vida de libertinagem. A sua imagem é enfatizada por Henry, que lhe incute a admiração pelos prazeres fáceis. Torna-se modelo para um quadro do pintor Basil Hallward, que pretende tornar toda a sua perfeição física eternizada numa tela. Ao ver o quadro, Dorian apaixona-se por si mesmo, e faz um pacto com o demónio, afirmando dar tudo, até a alma para que o quadro envelhecesse por si, e a sua beleza para sempre prevalecesse. A obra começa então a transparecer a sua vida de excessos, enquanto que a sua aparência não sofre qualquer passagem do tempo.


Ben Barnes (As Crónicas de Nárnia) interpreta bastante bem o papel de Dorian, atribuindo-lhe o carisma necessário, para as fases antagónicas da personagem, passando de correcto e pueril, a libertino, narcisista e corrupto, a psicótico e insalubre. Colin Firth por sua vez, interpreta a personagem que se tornaria decisiva na transformação de Dorian, o pérfido Henry.


A trama é uma contínua batalha entre o certo e o errado, e uma crítica ao estilo de vida erróneo da aristocracia inglesa do século XIX, uma reflexão sobre a a decadência da cultura vitoriana, o narcisismo e a obsessão pela juventude eterna e pelos prazeres efémeros.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

30 Seconds to Mars - This is War



This is War
30 Seconds to Mars, 2009



Na primeira canção que enceta este novíssimo albúm dos 30 Seconds to Mars, "Escape", Jared Leto sussurra que "isto não é um jogo" e que é "hora de escapar". Um coro de miúdos, como que retirados de uma outra canção dos Pink Floyd, alerta-nos "Isto é guerra". Deixa-nos com medo, sem dúvida.

Em "Kings & Queens", há a vontade de esta ser uma canção épica, de ter uma mensagem revolucionária, mas acaba por ser um misto U2 e de uns Coldplay mais recentes, com uns vocais puxados ao limite. Mr. Leto, não é a berrar que nos fazemos ouvir.

"This is War", é a canção ideal para Jared Leto rebentar as cordas vocais. E como qualquer música inspirada na guerra, venha então o cliché dos tambores sincopados. E os coros, os coros.

"Hurricane", vem acalmar as hostes (apesar da ironia do título), e longinquamente ouvimos algo que lembra Nine Inch Nails, se nos conseguirmos abstrair da voz, até sensivelmente meio da música, em que na parte melhor, Jared berra como se não houvesse amanhã, e Kanye West diz qualquer coisa. Tirando isso, e se não fosse o toque á Timbaland, o instrumental está interessante, e voz é suportável por um mais longo período de tempo. E no fim, os coros, os coros.
"Closer to The Edge", é o segundo single, é fácil de ouvir, é a música orelhuda e radiofónica.

"Vox Populi", começa com todos os clichés dos 30 Seconds to Mars. Tambores, coros, Jared Leto armado em sargento. Letras que querem gritar algo importante, mas que se esforçam demasiado. E gritam demasiado. "This is a battle song, time to go to waaaar". Ok, já percebemos sargento Leto, é preciso repetir o mesmo em todas as faixas?

"Stranger in a Strange Land", (que por acaso tem o mesmo nome de uma música dos Iron Maiden) traz de novo reminescências de Nine Inch Nails, partes electrónicas interessantes, que mais uma vez são abafadas pelos gritos desesperados de Jared Leto. Logo agora, que se estava quase a conseguir apreciar algo no albúm, decentemente...

Por ultimo "L490", porventura a melhor música do albúm, um instrumental bastante bom, que faz lembrar Anathema, ou God is an Astronaut, por exemplo. Nota-se a diferença, o não ter que ouvir as letras repetitivas, nem berros inapropriados. Consegue-se de facto ouvir esta música, pois parece que não faz parte do albúm, desenquadra-se totalmente da linha a que este albúm nos habituou.

Em suma, mais do mesmo, vocais exagerados, letras que se ficam pelo mesmo assunto. Pegaram no tema da guerra, e quiseram transformar este albúm num clássico, mas o esforço é nítido, a ambição de se quererem tornar numa banda épica e credível é exagerada, até na própria imagem que Leto adoptou, um filho perdido entre um Bono Vox, e um punk qualquer efeminado que veste Prada e casacos da Burberry. 30 Seconds to Mars querem ser tudo o que há para "ser" na música, e acabam por realmente constituir pouco. E por favor, devolvam o coro dos miúdos aos Pink Floyd.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Relembrar passagens de história




Diary of Anne Frank
Jon Jones, 2009

Amesterdão, 1942.
Anne escreve no seu caderno de bolso. A guerra rebenta, e a família de Anne vê-se forçada a abandonar a sua habitação, indo-se refugiar no sotão do edifício onde o pai de da rapariga trabalha. Assim, partem os 4, a mãe angustiada de Anne, Edith, o pai, Otto, a irmã de 16 anos, Margot, e Anne.

Pouco depois, uma outra família, os van Dann junta-se ao agregado Frank. Têm um filho, Peter, que seria o primeiro e último amor de Anne. Em seguida, um dentista solitário, Albert Dussel, junta-se a eles também. A trama tem apenas um cenário principal, o sotão onde estas 8 pessoas vivem em conjunto, e as peripécias que se desenrolam, sob o ponto de vista de Anne.


A rapariga relata o avançar das consequências da guerra, a partir de um anexo pequeno demais para tantas pessoas, onde o único contacto com o exterior é através de uma telefonia, numa perspectiva peculiar e madura para uma adolescente com 14 anos. Ela vai traçando os perfis de quem com ela habita aquele sotão poeirento, e de como se sente sozinha e a sufocar naquele refúgio. Anne quer-se tornar uma mulher independente, quer ter uma carreira, e tem uma opinião firme sobre o estado da sua nação. Tem o sonho de ser actriz, mas logo se apercebe que o seu talento é para a escrita, e aspirou, então, a ser jornalista. O filme apesar de ter como pano de fundo a guerra, foca-se no crescimento da adolescente, nas preocupações, nas considerações sobre o seu próprio corpo, e o amadurecimento deste, e na descoberta inocente do amor.



Ao fim de 2 anos em cativeiro, em 1944, são descobertos pelos agentes da Gestapo, e seguidamente enviados para diferentes campos de concentração, como o de Neuengamme, Aushwitz, ou Bergen-Belsen. Anne morreu em Bergen-Belsen, em 1945. Apenas o pai de Anne sobreviveu, falecendo em 1980.



Este filme de Jon Jones foi exibido como mini-série de 5 episódios, na BBC em Janeiro de 2009, em parceria com a France 2, de forma a trazer de novo a imagem icónica de Anne, á lembrança da nova geração, e contém passagens reais do diário. Ellie Kendrick teve um desempenho brilhante no papel principal.


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sea of Cowards - The Dead Weather




Sea of Cowards (2010)
The Dead Weather



Mar de Cobardes, em livre tradução - diz-se ser uma dedicatória ao mundo da internet - é o segundo albúm de originais, da super-banda The Dead Weather, depois do bem sucedido, Horehound, do ano passado. Esta banda acidental e repentina, nascida de uma jam entre os Racounters e os The Kills, aquando de uma tour conjunta. Nunca um acidente culminou num prognóstico tão positivo.

Sea of Cowards saiu no passado dia 11 de Maio, e promete colher tão boas ou melhores críticas que o seu antecessor. Dispensam-se apresentações de Jack White e Allison Mosshart, as figuras de proa deste projecto delicioso, que mistura várias influências, e uma diversidade de boas sonoridades. O primeiro avanço para teledisco é Die By the Drop, porventura a canção mais orelhuda do albúm.

Há um misto de acid-rock, com letras misteriosas e sombrias, uma voz sensual de Allison, e um mais saliente experimentalismo por parte da banda. A alternância de musicalidade torna-se mais voluptuosa do que em Horehound. Continuamos a sentir o espírito de jam, de descontracção e entrega da banda, mas num registo mais sério, e empenhado em ressalvar um "Hey, estamos aqui, e queremos marcar esta década". É um albúm que mostra uns Dead Weather mais sólidos, a evolução é peremptória.


Track listing:

1. Blue Blood Blues
2. Hustle and Cuss
3. The Difference Between Us
4. I'm Mad
5. Die By the Drop
6. I Can't Hear You
7. Gasoline
8. No Horse
9. Looking at the Invisible Man
10. Jawbreaker
11. Old Mary


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uma Flor Desfolhada Prematuramente


Desert Flower
Sherry Horman, 2009


Desert Flower é fundamentalmente a história da supermodelo Waris Diries. de origem somali, que se tornou uma estrela ascendente no mundo da moda por mero acaso, mas que sofria em silêncio devido á mutilação genital a que foi submetida com apenas 5 anos de idade. Com 13 anos, Waris palmilhou um deserto por quase 500 quilómetros até Mogadíscio, capital da Somália, para fugir do casamento iminente com um homem muito mais velho.


Aí conseguiu voar para Londres, tornando-se empregada de limpeza de um Mc Donald's de Londres.
Foi descoberta aí, enquanto trabalhava, pelo fotógrafo Terence Donovan - muito prestigiado, pois fotografou para a Harper's Bazaar e Vogue, dirigiu cerca de 3000 anuncios publicitários, e ainda foi íntimo de várias personalidades que inluíam músicos, actores e a té a realeza - que a colocou na capa do Pirelli Calendar, de 1987, sendo isto uma catapulta para um sem número de trabalhos importantes.


Em 1997, retirou-se da carreira de modelo, para se dedicar totalmente ao seu trabalho como defensora dos direitos das mulheres, e tornou-se embaixadora das Nações Unidas para a abolição da Mutilação Genital Feminina, prática que é tão normal e de tradição na Somália, mas extremamente perigosa e desumana, que resulta em mortes de milhares de crianças e mulheres, que sangram até á morte. Fundou a Desert Dawn Foundation, de forma a recolher meios para a construção de um centro médico na Somália, e fazer campanha contra esta vicicitude.



No filme, quem recria Waris é a modelo da Etiópia, Liya Kebede. As semelhanças físicas entre ambas são notórias. O filme está bem conseguido, no sentido em que é a história da "gata borralheira", e em que conseguimos ter uma ideia do que as mulheres e meninas passam no seu país. Há cenas particularmente impressionantes, ainda que não explicitamente, mas que fazem sentir uma revolta interior que estas tradições completamente absurdas, fatais, e desumanas continuam em curso em vários países.






Abaixo um pequeno vídeo sobre a Mutilação Genital Feminina, na Somália:
http://www.youtube.com/watch?v=6bfzSG6Mt_M

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ver o destino com os próprios olhos



The Time Traveller's Wife
Robert Schwentke, 2009



Filme que data do ano passado, estreia agora nos cinemas. Uma adaptação para o cinema do best-seller homónimo de Audrey Niffenegger, publicado em 2003. O romance teve sucesso, e um transporte para a grande tela, era de prevêr. Sobre o realizador alemão, Robert Schwentke, há que salientar que foi premiado no ano de 2002, com a sua obra de estreia, Tattoo, no Fantasporto. Também é dele o thriller de 2005, Fightplan, com Jodie Foster. Neste filme, o realizador foge á sua linha cinematográfica, passando de filmes fortes de acção, a um romance-drama. Quando aos intérpretes, as personagens fulcrais ficáram a cargo de dois dos actores mais carismáticos actualmente, Eric Bana e Rachel McAdams.

A primeira cena, equaciona-nos no âmago da história, e no drama da mesma. Henry DeTamble (Eric Bana) vai no banco de trás, enquanto a sua mãe conduz e canta alegremente. Embatem de frente com um camião, o que provoca a morte da mulher, mas Henry sobrevive. Não por sorte, mas sim, pelo seu talento de se fazer desaparecer e transportar para locais aleatórios, imprevisívelmente. Sem qualquer controlo sobre esse seu lado sobrenatural, Henry vive uma vida de solitário misterioso, desaparecendo por momentos, e deixando a sua roupa para trás.


No entanto, Henry vai começar a criar laços afectivos, após conhecer Clare Abshire (Rachel McAdams) O reeencontro torna-se mais constrangedor para Henry, do que para Clare. Clare reconhece-o, e diz-lhe que ele a visitou enquanto criança e adolescente. Henry acaba por a reconhecer também, e com o desenrolar dos tempos, juntos encetam um relacionamento que dá origem a casamento. No entanto, se para Henry a sua actividade paranormal, continua a acontecer sem atenuantes, para Clare o fardo de ver o marido desaparecer subitamente nos momentos mais inoportunos, começa a pesar, e a vontade de ter um filho, gera inúmeros atritos que põem em causa a relação. Para acentuar essa crise, há um momento que indica de que maneira Henry irá morrer, da forma mais crua possível. Ambos acabam por ter uma filha, que como era de esperar, absorve genéticamente a "maldição" (ou dom), do progenitor.


The Time Traveller's Wife, acaba por ser um filme romântico, um relato de um amor atribulado, cheio de agruras, mas com estruturas diferentes do que o género hollywoodesco nos habituou. No papel que dá origem ao título, Rachel McAdams, desempenhou muito bem a sua tarefa de emocionar, e nos fazer acreditar que aquela história impossível fisicamente, estáva a acontecer, e que enquanto esposa, estáva a sofrer bastante. Depois de um papel principal em O Diário da Nossa Paixão, no qual vivia um amor impossível socialmente, mas com uma história possível, aqui "sofre" de novo, mas numa estrutura de enredo completamente distinta. Eric Bana, por sua vez, assume aqui uma vertente pouco vista em si como actor, o de homem que sofre por amor e que é amargurado com a visão do seu próprio destino.


Em suma, The Time Traveller's Wife, insere-se no género de romance, mas devido á sua vertente "fantástica" e irreal, torna-se um romance diferente do que temos vindo a assistir no cinema actual, em que a história não envolve só início, meio e fim, acompanhado de risadas fáceis e peripécias previsíveis. É mais difícil de antever.