terça-feira, 22 de junho de 2010

Ver o destino com os próprios olhos



The Time Traveller's Wife
Robert Schwentke, 2009



Filme que data do ano passado, estreia agora nos cinemas. Uma adaptação para o cinema do best-seller homónimo de Audrey Niffenegger, publicado em 2003. O romance teve sucesso, e um transporte para a grande tela, era de prevêr. Sobre o realizador alemão, Robert Schwentke, há que salientar que foi premiado no ano de 2002, com a sua obra de estreia, Tattoo, no Fantasporto. Também é dele o thriller de 2005, Fightplan, com Jodie Foster. Neste filme, o realizador foge á sua linha cinematográfica, passando de filmes fortes de acção, a um romance-drama. Quando aos intérpretes, as personagens fulcrais ficáram a cargo de dois dos actores mais carismáticos actualmente, Eric Bana e Rachel McAdams.

A primeira cena, equaciona-nos no âmago da história, e no drama da mesma. Henry DeTamble (Eric Bana) vai no banco de trás, enquanto a sua mãe conduz e canta alegremente. Embatem de frente com um camião, o que provoca a morte da mulher, mas Henry sobrevive. Não por sorte, mas sim, pelo seu talento de se fazer desaparecer e transportar para locais aleatórios, imprevisívelmente. Sem qualquer controlo sobre esse seu lado sobrenatural, Henry vive uma vida de solitário misterioso, desaparecendo por momentos, e deixando a sua roupa para trás.


No entanto, Henry vai começar a criar laços afectivos, após conhecer Clare Abshire (Rachel McAdams) O reeencontro torna-se mais constrangedor para Henry, do que para Clare. Clare reconhece-o, e diz-lhe que ele a visitou enquanto criança e adolescente. Henry acaba por a reconhecer também, e com o desenrolar dos tempos, juntos encetam um relacionamento que dá origem a casamento. No entanto, se para Henry a sua actividade paranormal, continua a acontecer sem atenuantes, para Clare o fardo de ver o marido desaparecer subitamente nos momentos mais inoportunos, começa a pesar, e a vontade de ter um filho, gera inúmeros atritos que põem em causa a relação. Para acentuar essa crise, há um momento que indica de que maneira Henry irá morrer, da forma mais crua possível. Ambos acabam por ter uma filha, que como era de esperar, absorve genéticamente a "maldição" (ou dom), do progenitor.


The Time Traveller's Wife, acaba por ser um filme romântico, um relato de um amor atribulado, cheio de agruras, mas com estruturas diferentes do que o género hollywoodesco nos habituou. No papel que dá origem ao título, Rachel McAdams, desempenhou muito bem a sua tarefa de emocionar, e nos fazer acreditar que aquela história impossível fisicamente, estáva a acontecer, e que enquanto esposa, estáva a sofrer bastante. Depois de um papel principal em O Diário da Nossa Paixão, no qual vivia um amor impossível socialmente, mas com uma história possível, aqui "sofre" de novo, mas numa estrutura de enredo completamente distinta. Eric Bana, por sua vez, assume aqui uma vertente pouco vista em si como actor, o de homem que sofre por amor e que é amargurado com a visão do seu próprio destino.


Em suma, The Time Traveller's Wife, insere-se no género de romance, mas devido á sua vertente "fantástica" e irreal, torna-se um romance diferente do que temos vindo a assistir no cinema actual, em que a história não envolve só início, meio e fim, acompanhado de risadas fáceis e peripécias previsíveis. É mais difícil de antever.

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