segunda-feira, 31 de maio de 2010

500 Days of Summer



"500 Days of Summer" é um filme muito diferente do habitual. Apresenta-se como não sendo um romance, mas a verdade é que é, apesar de ser um romance dramático e com um final bastante diferente do conceito geral de romance, o que é, a meu ver, algo bastante positivo.
"Summer" é a personagem feminina de destaque, representando talvez a maioria das mulheres actualmente, alguém que não se quer apaixonar. Os tempos mudaram, portanto é natural que as mentalidades também mudem e os conceitos. Como tal, numa época repressiva, em que a mulher não tinha grandes hipóteses de concretizar os seus sonhos, os filmes românticos eram algo inegavelmente perfeito. Esses romances estavam repletos de floreados e "invenções" pouco naturais. Deste modo, atraíam maioritariamente um público feminino, visto que o masculino ainda se apaixonava pelo cinema de acção.
Actualmente o cinema mudou, tal como as mentalidades gerais. A mulher tem muito mais liberdade no mundo convencional, e é já capaz de criar e ter sucesso na sua vida.
Não é então de espantar que este filme seja uma adaptação à modernidade. Aqui, é o homem que sofre pelo amor pouco correspondido. É a mulher que pouco se importa, que não se quer ligar, que não quer romancear com o risco de vir a sofrer. O homem adopta assim, tal como nas sociedades em geral, o papel de "mariquinhas" e sentimentalista.
Contudo, a grande vitória do filme passa pelo final, em tom dramático mas oferecendo uma hipótese igualmente agradável. A personagem feminina principal abandona o protagonista masculino, por medo de se apaixonar e aceitar uma relação, e pouco depois apaixona-se por outro homem, casando e não receando mais o compromisso, como se tivesse tomado um comprimido e todos os medos tivessem desaparecido. O protagonista, incrédulo, decide retomar o rumo da sua vida, aprendendo a ultrapassar situações como esta, com outra porta ao lado para ser aberta.
A lição é simples: As coisas já não são bem o que eram, as mulheres comandam e os homens é que agora sofrem.
Posto isto, só falta os homens ficarem em casa a cuidar da familia e as mulheres irem para a guerra. Talvez...talvez..

domingo, 30 de maio de 2010

RIP Jeff.




29 de Maio de 1997.

O mundo ficou mais pobre, perdeu um dos artistas mais talentosos que por cá passaram.
A 29 de Maio de 1997, Jeff Buckley perdeu a vida enquanto nadava e cantava "Whole Lotta Love" no Wolf River Harbor. Treze anos volvidos, a sua voz continua, e continuará, a ecoar entre nós. Para trás, deixa um curto, mas valioso legado, no qual consta um daqueles que será um dos grandes albuns de sempre, um dos obrigatórios para todos os que se dizem amantes de boa música.

Hoje queria recordar o Jeff e deixar-lhe uma palavra de agradecimento por aquele que será, muito provavelmente, o grande álbum da minha vida, Grace.

sábado, 29 de maio de 2010

Uni_Form no Cinema S. Jorge


Os Uni_Form andam na estrada a promover o seu álbum de estreia denominado Mirrors, já aqui vos deixei um post em espécie de aperitivo da sua passagem pela Fnac do Chiado, num showcase onde puderam apresentar algumas das músicas que compõem o álbum, foi no entanto ontem, a apresentação oficial deste cd. Na sala 2 do cinema S. Jorge os Uni_Form tiveram a oportunidade de demonstrar toda a sua energia em palco, sem as restrições que uma fnac acaba por impor.
Desta forma, a banda lisboeta aceitou o desafio, e presenteou-nos com o seu rock electrizante durante cerca de uma hora.

Uni_Form @ Cinema S. Jorge (28-05-2010)



Para conhecer melhor a banda e as próximas datas de concertos é aqui:
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sexta-feira, 28 de maio de 2010

"This is Happening" - LCD Soundsystem



Depois de lançarem "Sound of Silver", o melhor disco de 2007 para a revista Blitz, a banda de James Murphy - LCD Soundsystem - lançou este mês "This is Happening".
Entre sintetizadores e letras provocantes, este disco que é mais difuso e solto que o seu antecedente, envolve-nos num tom espacial e sensual dentro de um rock dançante de tirar o fôlego.
Se "Sound of Silver" era um álbum sobre amizades perdidas, o peso do tempo e do passado e a tristeza da cidade de Nova Iorque, "This is Happening" não tem um tema central, mas com a música "You wanted a Hit" (ouvir em baixo) percebemos a mensagem deste disco sobre a problemática do showbusiness que obriga as bandas a cumprirem certas expectativas para o grande público.
Todas as faixas deste álbum parecem ter sido criadas num contexto intimista e de certa forma descontraido mas, que ao mesmo tempo demonstram uma produção/coesão completamente calculada.
Murphy anunciou que este será o último trabalho dos LCD e a verdade é que "This is Happening" soa mesmo a uma despedida perfeita e encerra esta trilogia do fã que passou a idolo (Mr.Murphy) com maestria.




quinta-feira, 27 de maio de 2010

Grizzly Bear no Coliseu dos Recreios



Neste momento os Grizzly Bear já não serão propriamente uma banda desconhecida para a maioria das pessoas, podem se calhar não os reconhecer pelo nome, mas seguramente que a música que possuem num conhecido spot publicitário não passa despercebido a quem a ouvir. Mais do que um hype, os Grizzly Bear provaram ontem no Coliseu dos Recreios em Lisboa que têm talento, muito, e que nem por ser a primeira vez em solo nacional se deixam atemorizar.
Não é por isso de espantar que tenha sido um Coliseu cheio a receber esta banda norte-americana composta por Edward Droste (voz e guitarra), Daniel Rossen (voz, guitarra), Chris Taylor (baixo) e Christopher Bear (bateria). Com um palco decorado de uma forma extremamente simples, mas muito bonito, com apenas umas cruzes altas de onde descaíam uns frascos com lâmpadas no interior, a música da banda ganhava ainda mais força, e juntamente com um jogo de luzes bastante bom também, criava um espectáculo visual bastante interessante para complementar a música que se ia fazendo ouvir.
Música essa que dobra a energia do que se ouve no álbum, e é de uma forma exímia que nos é entregue todo o setlist, está lá tudo, reproduzido fielmente, cheio de intensidade e competência. Houve ainda tempo para que entre as canções a banda comunicasse com o público, fosse para os já tradicionais elogios ao país, fosse para expressar o desejo de fazer uma tour em Portugal de 5 em 5 meses, ou ainda para confirmar a notícia que tinha sido divulgada umas horas antes, de que teríamos de novo Grizzly Bear em Portugal para uma actuação no Festival Super Bock Super Rock em Julho.
O concerto acabou com um encore de uma música, algo que não parecia estar planeado sequer, mas que resultou num dos pontos altos do concerto, uma versão em acústico da All We Ask acompanhada pelo bater dos pés do público no solo, que compassadamente se juntaram à banda, e foi assim, em apoteose geral, que os Grizzly Bear se despediram do público de Lisboa.

Palavra ainda para a primeira parte do concerto, uma viagem pelo mundo exótico e algo esquizofrénico de Cibelle, que com a sua voz doce a contrastar com os ruídos animalescos dos samples, nos trouxe um punhado de canções de amor, e alguma dose de bom humor e boa disposição, que nos prepararam para o que ainda havia de chegar.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carlos Santana - Pavilhão Atlântico



Assombroso! É assim que posso sumarizar o concerto de Carlos Santana no Pavilhão Atlântico. O homem, o guitarrista, o pacifista de 62 anos, que com toda a genica do mundo dá um concerto de duas horas e trinta minutos!
E quem pensava que Santana iria cair no erro de apresentar temas dos álbuns recentes, pois bem, enganou-se mesmo bastante. O concerto foi rico em clássicos, desde "Oye como va" a "Black Magic Woman". Claro que também houve tempo para músicas do álbum "Supernatural"(1999), mas é normal que um álbum tão premiado tivesse representação na sua "World Tour".
O som do Pavilhão estava como é habitual, terrível. É inacreditável que num concerto onde se deve ouvir todos os pormenores, tenhamos a festa algo estragada pelo eco imenso que se faz ouvir e todos os problemas de ruído que a sala tem.
A actuação foi, como referi, assombrosa! Santana teve tempo para deixar uma mensagem a todas as pessoas do lotadíssimo Pavilhão Atlântico, uma mensagem de paz e amor, contra a guerra e todo o mal do mundo. Teve ainda tempo de se emocionar no seu discurso e de pôr milhares de pessoas a dançar. Quem esteve no concerto sentiu a imensa atmosfera, carregada de amor e paixão latina.
Santana está como sempre esteve, um verdadeiro mestre na guitarra, acompanhado por uma belíssima banda, que em nada fica atrás do seu mestre.
Foi um concerto para quem gosta de música no geral. Ali não houve espaço para estilos musicais.
Santana foi ele mesmo, exprimindo todas as suas emoções através da guitarra, esse seu instrumento canalizador de sentimentos.
E a uma terça feira, no meio de um Rock in Rio, no meio de uma crise, Carlos Santana enche o Pavilhão Atlântico e espalha a sua magia musical, o seu amor(tantas vezes referido pelo mesmo) e a sua paixão, por todo o público.
Uma noite de verdadeira magia, de um dos maiores mestres de sempre da música mundial.

Um Funeral à Chuva, de Telmo Martins







O filme de Telmo Martins, "Um Funeral à Chuva" a estrear nas salas de cinema a dia 3 de Junho, teve hoje a sua ante-estreia para clientes da YORN no cinema Alvaláxia. A metragem que conta com um elenco repleto de caras conhecidas da televisão portuguesa, peca muito no que toca ao seu argumento. Na verdade não conseguimos entender ao certo se o problema reside no texto ou na própria direcção de actores, tal é a pobreza dos diálogos.
A história gira à volta de um grupo de antigos colegas universitários que se voltam a reunir vários anos depois, a fim de satisfazer o último desenho de um deles, João que acabou de falecer.
Neste contexto, o grupo de amigos desloca-se até à Covilhã, cidade onde estudaram e viveram juntos e entre recordações de histórias do passado, lembram João e trazem de volta o espirito que os uniu outrora.
Apesar da sua promoção ter criado algumas expectativas (ver trailer), tais não se vieram a confirmar, não só pelos diálogos e (algumas) interpretações mas pela própria realização, o que faz deste filme de Telmo Martins apenas mais um de entretenimento.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lost - Final Chapter





CONTÉM SPOILERS

Sou da opinião de que a maioria dos fãs de Lost ficaram minimamente satisfeitos com o final programado.
Sou também da opinião de que quase tudo foi bem feito, que o final tem um sentido moral lógico e consequente, mas nada previsível. Digo lógico tendo em conta toda a trama geral, mas praticamente impossível de prever.
Foram seis anos de todos os mistérios possíveis, ainda não desvendados, e provavelmente nunca desvendados. Algumas coisas querem-se assim, sempre por desvendar.
Este final traduz-nos um desejo de mensagem moral, mas nada forçada, completamente adequada.
O último episódio foi completamente frenético, desde a luta épica de Jack com o "Locke", ao momento em que o Desmond deixa a ilha num caos. O episódio está cheio de pormenores deliciosos, tanto do ponto de vista objectivo e imediato, como de interrogações passadas. A analogia entre este episódio e os iniciais é clara. Temos o parto de Claire como exemplo claro disso mesmo.
A razão de tudo é bonita e sentida, e desloca-nos para um pensamento positivo: A ilha foi uma viagem pelos nossos pesadelos, de forma a confrontarmos os nossos medos, mas para termos consciência de que o devemos fazer, e que depois de tudo isso vem algo tão grande e satisfatório, que tudo valeu a pena. O final reluzente é a metáfora de toda a série, antecipada por uma explicação algo fraca e despropositada do pai de Jack ao mesmo.
Contudo, esta "reunião final" de todos os personagens encaixa bem no resultado proposto. Não há desilusões, nem tentativas de alcançar o pseudo intelectual. E fizeram bem.
Quanto aos últimos segundos, sou da opinião que revelam um dos melhores momentos de todos os episódios. A morte de Jack, de forma completamente vitoriosa, após todas as lutas internas( consigo mesmo) e externas, transmite a força do personagem, um personagem imenso, que deverá servir de exemplo para muito que ainda se possa fazer.
O último plano, o do olhar final de Jack, perante a vida, sorrindo à morte, é de uma beleza extraordinária.
Parabéns, conseguiram!


domingo, 23 de maio de 2010

Uni_Form na Fnac do Chiado


Os Uni_Form estiveram esta tarde na Fnac do Chiado a apresentar o seu novo álbum Mirrors saído no passado dia 17 de Maio. Num auditório que estava bem composto para um domingo à tarde, a banda apresentou 8 originais e uma versão dos The Doors.

Uni_Form @ Fnac Chiado (23-05-2010)



Setlist:
1. The Liar
2. Shadows
3. Fire
4. Touch Me (Cover The Doors)
5. Monkey
6. Heartbeat
7. Pilot
8. The Wrong Man
9. Hollow Destiny


Para conhecer melhor a banda é aqui:
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Como desenhar um círculo perfeito, de Marco Martins





Como desenhar um círculo perfeito, a segunda longa-metragem do realizador Marco Martins ("Alice"), trata-se de uma narrativa que nos mostra a paixão obecessiva de Guilherme (Rafael Morais) pela sua irmã Sofia (Joana de Veronna). Estes pertencem a uma familia destruida, composta por dois pais ausentes (Beatriz Batarda e Daniel Duval).
O realizador apresenta-nos a relação de Guilherme e Sofia de uma forma que não nos deixa focar na problemática do incesto e leva-nos sim, a compreender a dor de Guilherme.
Depois de Alice, era dificil Marco Martins manter o nível de qualidade a que habituou os seus seguidores, tanto na área do cinema como na do teatro, mas a verdade é que este conseguiu manter a atmosfera envolvente e assim, presentear-nos com o que pode (vir a ) ser mais um marco no cinema português.







sábado, 22 de maio de 2010

The Hypers + Gone In A Day - ADN - Setúbal



Os "The Hypers" foram os vencedores do concurso de bandas de garagem de Setúbal e do Festival de Corroios deste ano. Como tal, têm mérito e qualidade. Que eles conseguem pôr toda a gente a mexer isso não há dúvida, pelo menos tentam ao máximo. Têm uma energia imensa para apenas 3 membros e são capazes de envergonhar até a banda mais energética de sempre. São tão energéticos que ainda estou para perceber como é que o baterista não partiu a bateria, tal era a força com que batia nela.
Os "The Hypers" produzem um som agradável e fácil de se ouvir, oscilando entre new wave rock, indie rock e algum...electric rock?!
A sua música peca pela repetição, que se acaba por tornar algo maçadora, após umas 5 músicas.
Porém, atenção a estes rapazes, pois não é todos os dias que aparece uma banda assim, que é completamente competente em todos os níveis técnicos ( com o vocalista a encarnar na perfeição Howlin' Pelle Almqvist, dos The Hives) e que tem uma energia frenética e completamente insana.
Vale muito a pena, sim, mas não em demasia.

Os GIAD( Gone In A Day) tiveram a honra de abrir o concerto. Os "novos" ex- My Disaster, banda setubalense de emocore/screamo, estão diferentes. Têm mais energia, têm mais prazer em tocar juntos, transmitem muito mais sentimento, e têm vocais novas, completamente diferentes das anteriores.
Diogo Marrafa, guitarrista e vocalista, consegue de forma competente juntar as duas condições, mas precisa de mais prática, principalmente ao vivo, para conseguir rentabilizar ao máximo as qualidades que possuí. A sua voz é poderosa e bastante interessante, apesar de ser na guitarra que se vê toda a mestria. Infelizmente ontem o som não estava de acordo com o que estes GIAD tinham para apresentar, e saíram prejudicados. A voz ouvia-se mal e a guitarra do Diogo estava algo( bastante) abafada pelo exagero de som dos restantes membros.
Concluindo, os GIAD são uma banda que ainda tem que crescer mais, tocar mais ao vivo, mas que tem tudo para se definir no género hard rock de Setúbal. Será bastante interessante vê-los daqui a uns tempos, pois penso que a sua evolução será sempre em crescente.
E as músicas? Bem, são misturas de rock com hard rock e guitarradas sempre bem vindas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

noiserv no Espaço Chiado After Work


Podia começar este post a tentar escrever sobre questões técnicas, de como o som estava, disto e daquilo, enfim, de uma panóplia de coisas sobre as quais não tenho realmente grande conhecimento, mas mais do que isso, que nem fariam sentido aplicadas ao concerto que David Santos, também conhecido como noiserv, deu ontem.
Perdoem-me a comparação, porque os estilos de música são completamente diferentes, mas o concerto de ontem transportou-me para à dois anos atrás, quando tive a oportunidade de assistir a um concerto de Riding Pânico na Bedeteca de Lisboa, e em que deitado na relva, o som me envolvia (e presumo que à maior parte das pessoas que lá estavam a assistir também) de uma forma indescritível, a paz e a calma que senti nessa altura, num final de tarde de Verão foi o mesmo que senti ontem, e ainda que não houvesse relva, e estivesse sentado no chão, o ambiente era o mesmo, um final de tarde não oficioso, mas que já cheirava a Verão, e a música fazia o resto.
Por tudo isto, acho que não podia ter pedido uma melhor forma de acabar uma tarde como a de ontem, depois de um dia de trabalho, de estudo, o que for, sabe bem algo assim, e penso que seja esse mesmo o intuito da criação do Espaço Chiado After Work, se assim for, passam também com grande distinção.

noiserv @ Espaço Chiado After Work (20-05-2010)



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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Joe Hisaishi - Compositor Japonês



Joe Hisaishi é um compositor japonês que colaborou em praticamente todos os filmes do cineasta Hayao Miyazaki. Hisaishi criou inúmeras obras primas sonoras para os filmes mágicos e únicos de Miyazaki, mas além deste, trabalhou ainda com Takeshi Kitano, um dos mais respeitados realizadores japoneses dos últimos anos.
Para quem não conhece a obra de Hisaishi, posso classifica-la como uma porta directa para uma sonoridade completamente diferente das demais. Nas músicas de Hisaishi podemos sentir um sentimento repleto de esperança, amor e confiança. As suas músicas transmitem-nos a certeza de que a vida é um longo caminho, repleto de confusões e situações drásticas, mas que em várias situações o amor e a amizade fundem-se com essas situações, criando outras merecedoras do éden.
Com Miyazaki, Hisaishi tem a liberdade de conjugar o seu som com imagens belissimas da fantasia imensa do realizador. As suas colaborações com Miyazaki deram-nos músicas poderosas, completas de esferas sentimentais, que a determinado momento nos filmes eclodiam energéticamente, transmitindo-nos a paixão de todos os seus personagens. Sem as músicas de Hisaishi os filmes de Miyazaki não teriam metade do sentido metafórico que carregam.
Com Takeshi Kitano, Hisaishi pôde brilhar com personagens reais, embelezando planos e criando ilusões sentimentais. Hisaishi deu a Kitano um sentido apaixonado às suas cenas.
Joe Hisaishi é assim, um compositor apaixonado, tanto pela natureza como pelos objectos mortos e os próprios seres humanos. Descobrir a discografia de Hisaishi é descobrir um novo mundo, repleto de aventura, amor e mensagens metafóricas.
Um génio incomparável!

Deixo aqui um de muitos possíveis exemplos:

Calvin Harris - Ready For The Weekend

Caríssimos colegas de blog e leitores,

Ainda não tinha tido um bocadinho para vos vir cá dar um olá e partilhar também pensamentos, ideias ou opiniões.
Por isso, para primeiro post, resolvi causar um pouco de inveja a todos com um pensamento que me ocorreu à pouco...

Vinha alegremente a sair das aulas e a pensar que já estava de fim de semana prolongado, quando entro no carro, sintonizo a Radar e estava a passar a seguinte música, de um senhor que nos vai fazer uma visita muuuito em breve:



A todos desejo um excelente fim de semana, cheio de sol. Aproveitem-no bem. Volto domingo, com a promessa de escrever um post mais elaborado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Fotos do concerto de Blame the Skies e Laud 99 no ADN

Fotografias tiradas por Mariana Vagos e Bianca Vasconcelos, dos concertos de Blame the Skies e Laud 99 no ADN, em Setúbal.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Alive



Sem procurarmos muito às vezes tropeçamos em bandas que nos deixam a distinta sensação de que ainda ouviremos falar delas, daquelas que nos fazem dizer “ estes rapazes vão longe” e sem que nos apercebamos ficamos com aquele sentimento de orgulho próprio de um visionário que vê em relação a uma banda um futuro que outros nem tão pouco imaginam.

Este quarteto Lisboeta dá pelo nome de Alive e carrega nos ombros o legado do heavy-rock dos 70's com influências de Led Zeppelin, Black Sabbath e Ac/Dc, enquanto pisca o olho a sonoridades mais próximas de uns Pink Floyd e, em momentos diferentes, ao grunge e post-grunge dos 90’s, e ao de que genial se fazia por terras lusas, vulgo, Ornatos Violeta.
Um rock musculado, riffs entusiasmantes e uma cuidada composição de canções, nunca sequer roçando o pretensiosismo de quem só faz musica se for difícil tocar. Ao vivo trazem consigo uma energia frenética de quem em palco está no seu elemento natural, fazendo-se acompanhar de grandes temas que familiarizam o público aos quais juntam as suas originais que transportam consigo aquele feeling de que não estranharíamos ouvi-las numa qualquer rádio.

Individualmente qualquer um tem imensa qualidade, se em alguns momentos é a guitarra que transporta a musica o baixo nunca fica atrás e é em covers, como Punk Moda Funk, que surge com mais pujança. Ao vivo o baterista mostra que tem as lições de Bonzo bem estudadas e não se faz de rogado quando toma as rédeas do concerto durante os solos. Finalmente a voz que harmoniza e envolve todo este conjunto numa consistente e compacta artilharia de som.

Poderão escutar no myspace da banda apenas quatro músicas, pelo que se recomenda vivamente tentarem ouvir ao vivo enquanto não chegam melhores e mais gravações. Mas para já fiquem-se com músicas como Wasted, a fazer lembrar uns Stone Temple Pilots e Alice in Chains, e Outbreak , cuja melhor descrição que encontro é a de “Offspring on steroids”.

Tudo isto é Alive e recomenda-se.

Myspace de Alive

Blame the Skies + Slice n' Dice + Laud 99 - ADN - Setúbal


No passado Sábado, dia 15 de Maio, os Laud 99 estrearam-se em Setúbal, os Slice n' Dice confirmaram o público que têm garantido e os Blame the Skies mostraram que estão mesmo muito bem!
Mais uma noite de música no bar Adn, um local que começa a criar em torno de si uma mística de bons concertos, aliado a um bom ambiente.
Os Laud 99 mostraram que não são apenas mais um banda de rock e blues. As suas músicas originais são cheias de influências de Paulo Furtado, tanto em Legendary Tigerman como em Wraygunn, com alguma mistura de White Stripes. Esta mescla musical não lhes fica nada mal. Os Laud 99 conseguem criar um bom ambiente, com interacção com o público e uma boa energia. As músicas são simples mas eficazes, com bons riffs e solos de guitarra, aliados à boa voz da vocalista e da grande presença do vocalista. Esta banda lisboeta tem vindo a crescer ao vivo, como se pede.
O problema dos Laud 99 não se prendeu com nada referente a eles próprios, mas sim ao facto de a seguir deles tocarem tocarem os Slice n' Dice. Este facto constituiu um "problema", porque nota-se uma grande diferença entre ambas as bandas. Não falo apenas dos géneros, que nada têm a ver. Falo sim das questões técnicas. Enquanto os Laud 99 fazem um rock fácil, bem mexido e de animar qualquer público, os Slice n' Dice primam pela técnica, tanto dos seus músicos como do excelente vocalista, que me tem vindo a surpreender a cada concerto. Os Slice n' Dice têm um produto global muito interessante, com músicas influenciadas pelos AC/DC ou Pearl Jam. Têm uma enorme pujança ao vivo e demonstram que são bons no que fazem. Um "novo" produto de Setúbal, que tem tudo para alcançar um patamar superior.
Finalmente, os Blame the Skies foram a última banda a subir ao palco. Quem gosta de Metal e não conhece Blame the Skies está a perder aquela que, arrisco a dizer, é uma das grandes bandas do Metal nacional dos últimos 2 anos. Não estou a falar a nível de estatuto, nem de material gravado, mas sim de progresso e qualidade. É difícil destacar algo nesta banda que não todo o conjunto global. O baterista é um espanto, tanto pela forma com toca bateria, como pela voz que ecoa em algumas músicas, uma voz clean e melódica. Os dois vocalistas são de um poder imenso. Um deles usa os chamados "Death Growls", enquanto outro prima pelo "screamo". Ambos completam uma sintonia circular perfeita. O baixista é quase tão rápido quanto os guitarristas, sempre na sua calma habitual. E os guitarristas....os guitarristas... Os guitarristas são ambos bastante dotados tecnicamente, a nível de tempos, velocidade e criatividade. É simplesmente "orgásmico" ver cada um deles a tocar na sua velocidade arrepiante.
A destacar: Laud 99 como uma boa banda ao vivo, capazes de dar um bom espetáculo; Slice n' Dice numa evolução clara e numa confirmação cada vez mais certa; Blame the Skies como um banda imensamente talentosa.

BREVEMENTE FOTOS DO EVENTO!

domingo, 16 de maio de 2010

You Can't Win, Charlie Brown + Nuno Aleluia na Capricho Setubalense


Nuno Aleluia @ Capricho Setubalense (15-05-2010):



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You Can't Win, Charlie Brown @ Capricho Setubalense (15-05-2010):



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sábado, 15 de maio de 2010

You Can't Win, Charlie Brown + Coelho Radioactivo no MusicBox


13 de Maio de 2010. O Papa foi para Fátima, a tolerância de ponto para boa parte da população instala-se e Lisboa parece uma cidade deserta, para nos ajudar a retornar à normalidade, os You Can't Win, Charlie Brown apresentaram-nos a versão física do seu EP de estreia no MusicBox. Estão quentes, como que acabados de sair do forno, aliás, "chegaram em cima da hora" como se pode ler na página do facebook da banda, mas chegaram a tempo de poderem ser distribuidos gratuitamente por toda a gente que compareceu ao concerto.
Era uma data especial, e por isso mesmo havia algumas surpresas (mais ou menos anunciadas), a formação alargada da banda compareceu em palco e pela primeira vez a banda contou com Afonso Cabral, Salvador Menezes, Luís Costa, Tomás Sousa, David Santos (noiserv) e João Gil em palco para uma actuação de encher o olho.

Na primeira parte deste concerto esteve o Coelho Radioactivo, que com a participação de João Coração em algumas músicas ajudou a aquecer uma noite que acabou com o Tom Waits, desculpem, Afonso Cabral em versão Tom Waits, no palco.

Coelho Radioactivo:



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You Can't Win, Charlie Brown:



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quarta-feira, 12 de maio de 2010

João Só E Abandonados




Até há pouco tempo João Só e Abandonados era para mim apenas uma banda que sabia existir algures no éter mas à qual nunca havia ligado muito, por defeito desconfio de qualquer recomendação feita pelo Fama Show e torço o nariz quando me parecem sucessos do dia para a noite.

Recentemente recomendaram-me que ouvisse o álbum e como o single A Marte tinha acabado de surgir achei por bem ouvir o que estes rapazes tinham para contar com a promessa de que se gostava de Beatles também iria gostar deste João Só E Abandonados.

Verdade, ao primeiro álbum João Só E Abandonados revela-se uma boa colecção de canções. No entanto há uma vertente menos positiva desta qualidade, uma visão global do álbum revela que embora cada canção valha por si não fazem deste álbum algo melhor, os temas e as sonoridades repetem-se e a meio do álbum ficamos com uma sensação de dejá vu. Anda Daí e Cresce e Desaparece são falso presságios de um álbum que não é tão rock como fazem crer, acaba por ser A Marte o tema que melhor representa a sonoridade Pop ligeira que o álbum transmite e que eclipsa canções como Se Calhar e Canção De Isqueiro que nada acrescentam. Meu Bem acaba por ser o tema mais rock em que a bateria assume o papel preponderante de transportar a melodia. Surge o melhor momento do álbum em Coisas Desse Género, pop agradável e dançável com uma letra que depois de se entranhar nos faz aperceber da sua genialidade. Infelizmente é aquela canção que nos faz passar a frente as restantes para voltarmos a ouvi-la outra vez. Mais Uma Canção de Amor, Alegria Disfarçadas e Amor Em Fúria serão com certeza boas canções mas não há como disfarçar o enfado depois de as ouvirmos de seguida.

A essência do Pop-rock está bem presente, músicas orelhudas, nada de virtuosismos exacerbados, “just good clean fun”. A voz é talvez o elemento mais distinto, raramente alguém não-constipado soa assim e ainda mais raramente alguém constipado consegue cantar assim, mas a verdade é que a voz resulta perfeitamente e é extremamente agradável ao ouvido.
Liricamente está muito bem conseguido no seu uso de trocadilhos e no seu carácter descritivo.
Apesar das influências de Beatles serem mais que óbvias são ecos de músicas como All My Loving, She Loves You, Girl e Love Me Do … Obviamente grandes músicas, mas nunca podia ser só disto que se faria um álbum correndo o risco de o tornar monótono para aqueles que na década de 60 não eram moças histéricas a gritar pelos Fab Four.

Resumindo: João Só e Abandonados agradará a qualquer um que faça questão de ter sempre o seu Ipod /MP3 e que por entre outras canções goste de ouvir boa música Pop em português. Aos fãs de Beatles e do rock ligeiro dos 60, aos que só gostam de singles e a quem o conceito de álbum diz pouco.

MySpace de João Só e Abandonados

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Showcases: ENDAY e Lullabye na Fnac do Colombo

ENDAY na Fnac do Colombo (07-05-2010):


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Lullabye na Fnac do Colombo (08-05-2010):


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domingo, 9 de maio de 2010

Showcases: Corvos e Kandia

Corvos na Fnac do Colombo (29-04-2010):



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Kandia na Fnac do Chiado (02-05-2010):


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sábado, 8 de maio de 2010

Anathema - We're here because we're here - 2010



"We're here because we're here" é o titulo do novo álbum de Anathema. Posso descreve-lo rapidamente como uma mistura do "2001: Odisseia no Espaço", com "Pink Floyd" e o sentimento tão próprio dos Anathema, as suas desilusões, as tragédias familiares, os dramas amorosos, basicamente a infelicidade da vida.
Para quem não conhece Anathema, é uma banda de Liverpool, que nasceu como Death/Doom Metal e é agora um exemplo claro do Rock Progressivo/alternativo.
Este é o primeiro álbum original desde 2003 (A natural disaster), e é aguardado com enorme expectativa (está à venda no dia 31 de Maio).
A verdade é que já o ouvi e posso dizer que é um daqueles álbuns em que dá vontade de viver lá dentro.
A viagem começa com "Thin Air", um impulso para a vida, para iniciarmos esta viagem cósmica, repleta de guitarradas espaciais e uma voz melodica e perfeita do vocalista Vincent Cavanagh. É um inicio atribulado, que tem continuidade no desespero emocional e instrumental de "Summer Night Horizon", a música que se segue. "Dreaming Light", a faixa 3, permite-nos sonhar livremente, deixando tudo à nossa imaginação. Sente-se em cada palavra de Vincent o amor, a paixão, a dedicação que este dedica a este seu projecto, tão pessoal. Ao mesmo tempo que cada música é um toque pessoal da vida de Vincent, nós próprios conseguimos identificar-nos com muitas das problemáticas expostas. E tão bela que é a voz de Vincent nesta faixa 3! Que dizer do instrumental que acompanha esta música... um toque arrepiante de guitarradas, bateria, baixo e tudo o que possamos imaginar e sentir. Um hino à força que todos deveríamos ter dentro de nós. Uma música capaz de apaixonar todas as pessoas que gostem de música.
A faixa nº 4 é já uma conhecida dos fãs de Anathema. "Everything" fala de uma analogia amorosa, entre tudo o que existe na vida e o amor: "Everything is energy and energy is you and me". É uma musica acompanhada de piano, com uma certa esperança no amor, na capacidade de união entre as pessoas que se amam e na união do ser humano.
"Angels Walk Among Us" é também um titulo já tocado ao vivo, onde Vincent fala das pessoas que morreram como anjos que andam entre nós. Há uma referência explicita à mãe, que morreu há alguns anos atrás e à qual Vincent dedica imensas músicas ( One Last Goodbye). É difícil ficar indiferente à sonoridade apresentada nesta música, tal como à letra, sempre profunda e sentimental: "mother can you hear me?/ can you tell me, are you there?/ father can you help me?/ cause i know that you care".
"Presence" é apenas a continuação da música anterior, mas agora através de uma mensagem falada e da bela voz de Lee Douglas.
"A Simple Mistake" é a grande viagem ao universo deste álbum, é a verdadeira passagem à outra fase, tal como acontece no filme "2001: Odisseia no Espaço", ou "The Fountain". Falo de uma viagem pela vida e pelo ser humano, onde cada um de nós sentimos tudo de forma diferente, ganhando novas perspectivas e dimensões. É fácil encontrar um excelente álbum, mas é tão difícil encontrar um que nos ensine algo novo e que nos faça sonhar sem ser preciso fazer força para isso.
A música "Get off, get out" é a mais "fraca" do álbum. Anexar a palavra "fraca" a este texto é quase algo merecedor de prisão, mas é justo dizer isto, porque todas as outras faixas são únicas e simplesmente magnificas, e esta é apenas muito boa, dotada de claras influências progressivas e bandas pré-anathema.
Arrisco a dizer que a penúltima música deste fabuloso álbum, "Universal" é das melhores músicas que ouvi nos últimos anos, tanto a nível de composição, como de sentimento.
"Hindsight" é a chave final, a ultima viagem, a mistura clara entre o final do 2001:Odisseia no Espaço, o final do filme "The Fountain" e o final da música "Echoes" de "Pink Floyd". Esta é uma música que nos prende no seu mundo tão próprio, com uma essência metafórica.
Os ingleses Anathema brindam-nos assim com um álbum inacreditavelmente poderoso, tanto do ponto de vista sentimental (algo que Vincent nos tem habituado desde que entrou para a banda), como do ponto de vista instrumental, vocal e de composição.
"We're here because we're here" é uma explicação pessoal e metafórica do vocalista e compositor Vincent Cavanagh, do que é a vida. Nós, o ouvinte, podemos tirar as nossas próprias conclusões, através de um pequeno empurrão.
Um álbum inesquecível e que figura entre um dos melhores dos últimos anos.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Brad Paisley - American Saturday Night




“Ah the simple life” podia ter sido o titulo deste American Saturday Night porque das inúmeras virtudes deste álbum é a capacidade de nos transportar para o quotidiano norte-americano das “small towns”, onde o tempo é muito e as preocupações são poucas, que torna este álbum uma pérola da Country.
Festas da cidade, grandes pescarias, Deus, família, amores e desamores, a vida vista de um prisma de simplicidade, sem filosofias baratas ou grandes dramas, são estas as premissas canção após canção.

Um raro pedaço da “Americana” que nos é transmitida sem fazer lembrar o estereótipo do hillbilly idiota. American Saturday Night, a faixa homónima, é um resumo bem disposto do que faz a América: um país de várias culturas interligadas que sempre acolheu a imigração. Welcome toThe Future é uma lição de história do País que se cruza com a história pessoal do autor e é talvez o melhor momento do álbum. Anything Like Me é talvez a descrição mais sincera sobre o sentimento de paternidade e No é um retracto emocional sobre infância, laços familiares e Deus. She’s Her Own Women e The Pants são elogios ao feminino e a prova de que para além dos cowboys de “Broke Back Mountain”, nem todos são machistas tendencialmente homofóbicos. You do The Math é hilariantemente simplista na sua descrição de uma relação: It takes two to make love (…) I’m one/ you’re one/ You do the Math. E ninguém lhe tira a razão. Em Catch All The Fish surge também um forte candidato a melhor musica. Uma grande canção country com pianos, violinos, guitarradas, harmónica e um banjo: a musica perfeita para qualquer saloon.

Resumindo: Um bom álbum country que acrescenta uma sonoridade do novo século as formulas antigas e capaz de nos deixar um sorriso na cara. Liricamente é sincero, não se pode dizer que seja intelectualmente desafiante mas não soa a sentimentalismo plastificado. Os arranjos são brilhantes e um dos pontos fortes deste álbum.
American Saturday Night é aconselhável aos apreciadores do estilo e aos que nunca pensaram ouvir e agrada ao menino e à menina.

Myspace de Brad Paisley

segunda-feira, 3 de maio de 2010

9, de Shane Acker - 2009



Um filme de Animação não é objectivamente um filme para crianças. Desengane-se quem olha para bonecos animados como se olhasse para infantilidades adequadas a crianças até aos 12 anos. Há muito tempo que a animação cresceu, passou a juventude e atingiu a maioridade, prolongando-se pela idade adulta de forma coesa.
9 é a continuação de um projecto do inexperiente Shane Acker, escrito e realizado pelo mesmo. Estamos a falar de um realizador cuja experiência mais marcante da sua carreira foi ter participado nos efeitos especiais do 3º filme do Senhor dos Anéis. Não é um demérito, obviamente.
9 inicia-se como uma longa metáfora, repleta de pequenas metáforas. Existe uma clara analogia no ensinamento e aprendizagem do personagem principal como um bébé humano, um redescobrir de novas sensações e capacidades. O mundo, esse é tipicamente pós-apocalíptico, onde o ser humano já não habita, só as suas criações. A metáfora aqui presente é incrivelmente profunda. O ser humano corrompeu-se de tal forma que deixou de existir, mas deixou no mundo um legado indestrutível, o das máquinas. Mais uma vez falamos de máquinas com conotação "Metropolis" ou "Blade Runner". Máquinas capazes de sentir, criar, transmitir... Máquinas que têm melhorias face aos seres humanos, mas muitos dos seus erros. Uma clara mensagem de que o ser humano não é um ser perfeito, tal como nunca poderá ser uma criação sua.
O personagem principal transmite-nos claramente o seu medo perante um mundo destruído e cheio de maldade.
A imagem de uma mulher e da sua criança mortas transmite todo o sentimento geral: desolação e destruição.
O facto dos personagens não terem nomes mas sim números é um dado curioso, mas bastante intencional. A definição humana sempre nos perseguiu ao longo da nossa existência. Se temos nome então podem seguir a nossa vida. A numeração não altera esse facto, mas torna-os um fabrico em série, transmitido de forma metafórica para os "bonecos".
A fotografia, baça e meio escura, torna o ambiente do filme algo "steam punk", repleto de mistério da idade das trevas, numa fusão perfeita do que é a destruição e o desconhecido. A realização, essa, é sempre atenta, tanto na forma como se movem os personagens, como na introdução e descrição visual dos locais.
Os pontos negativos do filme? A aproximação exagerada do quotidiano e reacções dos "bonecos" aos seres humanos; a descrição de acontecimentos passados, que nos retira a hipótese de filosofar sobre o acontecimento, demonstrando-nos assim o óbvio e desinteressante.
Se há um interesse particular de representar não seres humanos, mas sim bonecos, com semelhanças e características idênticas ao do próprio ser humano, então qual o propósito de tudo isso? O erro deste e de outros filmes é o de tornar a máquina/boneco o próprio ser humano. A criação do homem é imperfeita, mas nunca igual a si próprio. Podemos atentar este último facto em filmes como "Blade Runner", "Terminator" e "Metropolis", onde embora as máquinas sejam construídas com semelhanças humanas e com propósito de ultrapassarem os próprios humanos, não possuem o dom fulcral do sentimento, o dom do perdão e do arrependimento, ou seja, a capacidade de reflectir racionalmente sobre um erro ou situação errada.
Este é um grande erro de 9. O erro da absorção equiparada de sentimento análogos do ser humano.
Contudo, o imaginário de 9 é algo incrível. Apesar da reciclagem ideológica e visual, existem algumas inovações e picos de criatividade, como quando um personagem é sugado por uma máquina desconhecida. Toda a trama que advém dessa acção é sem dúvida criativa e interessante, tal como as criaturas criadas.
Fantástica também é a relação dos bonecos com a alma do criador, como sendo parte de um todo que é o ser humano.
A cena final onde as almas se libertam, libertando também o mundo, demonstra uma clara relação da nossa humanidade com a própria natureza, apontando um caminho para a morte, o de que as almas regressam à Terra, à natureza que as criou, voltando a criar vida, e com ela esperança.
9 é sem dúvida um bom filme, que apesar de reciclar conceitos e ideologias já muito usados, fá-lo de forma original, sendo criativo em certos aspectos.
Um claro sinal de que o cinema de animação está a mudar, não se chama Disney, e tem muita qualidade.

sábado, 1 de maio de 2010

Make Friends and Enemies Tour @ Plano B, Porto


"Make Friends and Enemies" é o pretexto da tour de More Than A Thousand por todo o país, um álbum que já deveria ter saído, mas que devido a algumas complicações extra banda ainda não viu a luz do dia (3 de Maio é então a nova data de lançamento). Os Men Eater são os convidados especiais para estas datas, e o Porto não foi excepção. Como não vos posso dar música, deixo-vos algumas imagens do que se passou pelo Plano B no dia 23 de Abril.

Men Eater:



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More Than A Thousand:



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Singing Dears + Slice n' Dice - Adn - Setúbal



O Adn, em Setúbal, é uma discoteca alternativa onde se pode ouvir desde Nine Inch Nails a Pearl Jam. Seguindo este raciocínio de ideias, é um local completamente adequado para concertos, nomeadamente de hard-rock ( que foi o que se ouviu esta noite).
Setúbal é uma cidade conhecida por ter "dado à luz" bandas hardcore como More Than a Thousand, Hills Have Eyes, Porn Sheep Hospital, One Hundred Steps (actualmente extintos) e Blame the Skies. Apesar desta onda sui generis, Setúbal tem criado algo diferente do previsível. Podemos já ouvir os The Doups na Antena 3, ou a abrirem para Franz Ferdinand, os Ella Palmer com o rock melódico e ambiguamente pesado, os BlackOut Noize no seu estilo rock psicadélico-funk, e os Mothership com o seu hard rock progressivo. É nesta última onda que se inserem os Slice n' Dice, banda que abriu o concerto desta noite.
Este quarteto de Setúbal apresenta uma grande coesão no seu conjunto, a nível sonoro, técnico e emotivo. Se o vocalista tem uma voz que faz lembrar Eddie Vedder, o baixista e o guitarrista não ficam nada atrás de Jeffrey Ament e Stone Gossard, dos mesmos Pearl Jam. Mas esta banda não vive apenas de influências do grunge. Podemos ouvi-los a roçarem AC/DC, e também trash-metal. O baterista não se deixa intimidar pela qualidade dos demais membros e consegue manter o ritmo sempre no ponto exacto.
O resultado? Um concerto cheio de rock, com uma voz impressionante e um instrumental que nos enche de uma absoluta certeza: Os Slice n' Dice têm qualidade, muita, e estão aí para impressionar!

A banda cabeça de cartaz, contudo, não me impressionou. Os Singing Dears tocam o seu rock "saltitante", com letras cómicas e bem encaixadas. Porém, vivem de uma base de repetitiva tanto a nível instrumental como vocal. Há bons pormenores, há um grande baterista, mas também há vários aspectos menos positivos, que acabam por descer consideravelmente o resultado final.
Os Singing Dears são capazes de nos pôr a saltar e a gostar deles facilmente, mas ao fim de algumas músicas sentimos que é sempre o mesmo. De referir o bom espírito da banda, que se preocupou em animar o público. É sempre importante.