quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Passage to India, de David Lean




David Lean é um dos melhores e mais prestigiados realizadores de sempre. O inglês criou obras
cinematográficas como "Lawrece of Arabia", "Ryan's Daughter", "Doctor Zhivago", "Oliver Twist" e "The brigde over the river Kwai". Qualquer um destes filmes vigora indiscutivelmente numa lista de melhores filmes de sempre, sendo obras incontornaveis, que tornaram o cinema em algo muito mais belo e enriquecido.
" A Passage to India" (1984) é o último filme da carreira de Lean, e também ele um marco do cinema.
É um filme que retrata a cultura indiana e o domínio britânico, em meados do fim do século XIX.
Como tal, é um filme que retrata um imenso conflito cultural, social e humano, que teve repercussões até aos dias de hoje, nomeadamente sobre o nome de "colonialismo".
Como em todos os filmes do Lean, há uma vertente histórica e cultural, que aborda a génese e natureza própria do local onde se passa a acção. Sendo neste caso a Índia, não é de estranhar que Lean se tenha preocupado por mostrar sem qualquer máscara a sua civilização e costumes tradicionais.
Assente em toda esta base histórica, sólida e bem retratada no filme, está uma história que se pauta por duas partes.
Na primeira parte assistimos à referida mostra de civilização, ao fundamentar de personagens consistentes e profundamente dramáticos, como se nos tivessem seguido toda a vida.
A história, em si, não a vou contar, acho que é muito mais belo ver o filme na integra, do que estar aqui a relatar uma qualquer sinopse, encontrada facilmente em qualquer site. Não creio que seja aí que resida a verdadeira essência de uma crítica cinematográfica.
A segunda parte do filme é quase indissociável da primeira, não a nível argumentativo, mas a nível espiritual e de objectivos. Existe uma metamorfose de vários personagens, que alteram a narrativa para algo completamente inesperado, mas bastante interessante.
Os actores, esses, são fantásticos, criando personagens envolventes e apaixonantes, apenas com a simplicidade de um olhar ou gesto. De destacar a fantástica Judy Davis, num papel cheio de presença; Victor Banerjee, um desconhecido de muitos, mas que interpreta aqui um "Aziz" tão próprio; Alec Guinness, que interpreta um indiano ligado ao misticismo! ; James Fox e Peggy Ashcroft.



Este é um filme que fala de justiça, a nível humano e judicial, e da forma como a Índia tem sofrido com a repressão Britânica.
A nível técnico, assistimos a uma perfeição exemplar, sinónimo da carreira de David Lean. Uma fotografia tão ao seu jeito, com uma realização cuidada e certa.
"A Passage to India" não é um filme de aventuras, é uma obra histórica, profunda e com imenso detalhe argumentativo, principalmente a nível de personagens e de retrato geral dos locais.
É assim, um filme imenso, que não deve ser mal interpretado.
David Lean deixa-nos como última obra um filme capaz de nos fazer entender toda a sua filmografia.
Um eterno Génio!


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