quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entrevista - Linda Martini

Ao segundo álbum da banda, e após dois EP's editados entre o Olhos de Mongol e o mais recente Casa Ocupada, os Linda Martini começam finalmente a ganhar algum do reconhecimento público que já mereciam. Nesse sentido também nós quisemos dar a conhecer um pouco mais sobre a banda, e o que mudou (ou não) ao longo destes anos.

1. O vosso disco entrou directamente para o 4º lugar do top nacional de vendas. Este é um sinal claro do crescimento da banda a nível nacional. Esperavam alcançar este sucesso com este álbum?

André Henriques: Temos que analisar as coisas com objectividade e não com deslumbramento. Uma banda da nossa dimensão não vive dos discos que vende. Aliás, nem sequer vive da música mas isso são outros quinhentos... Estar no top é ter sucesso? Nunca foi uma meta nossa, nem esperávamos que algum dia acontecesse. O aspecto mais positivo é o retorno de promoção que podes ter. Interessa-nos sobretudo tocar ao vivo e se isso gerar mais atenção poderá resultar em mais concertos.

2- Os concertos de lançamento do vosso cd tiveram sempre casa cheia. Como vêem a evolução da banda ao longo dos últimos anos? Quais as principais diferenças?

A.H.: A principal diferença é que o público que nos segue tem aumentado, o que nos permite tocar mais e com melhores condições. Do nosso lado estamos mais serenos e a nossa relação nunca esteve tão boa. Já tocamos juntos há muitos anos, neste e noutros projectos. Quando começámos a compor a efémera, o partir para ficar ou o amor combate tínhamos 22 ou 23 anos e hoje temos todos 30. É muito difícil manter uma banda estes anos todos e conciliá-la com os nossos egos, com os trabalhos, namoradas/os e todas as outras coisas que nos exigem dedicação. É cansativo e só o fazemos porque não saberíamos o que fazer sem isto.

3- Como foi para vocês criarem músicas mais directas, mas ao mesmo tempo com todas as características da banda? O que mudou nos Linda Martini com este cd?

A.H.: Foi um processo natural, não planeámos esta direcção mas não é nada que nunca tenhamos feito. Os projectos que tínhamos antes de Linda Martini eram todos dentro do Punk/ Hardcore. Acho que estávamos com saudades disso.

4- O vosso nome tanto pode ser visto como um nome português ou uma expressão estrangeira. Nunca pensaram em cantar em inglês?

A.H.: No início começámos por compor apenas instrumentais. Depois achámos que isso nos iria colar demasiado à onda toda do pós-rock que estava a acontecer no início de 2000. Decidimos que era fixe fazer uma coisa diferente e o primeiro impulso, quando experimentámos meter voz, foi mesmo cantar em inglês, porque já o fazíamos nas bandas anteriores. Depressa percebemos que aquilo não nos dizia nada. Se nos estávamos a desafiar ao tocar um som radicalmente diferente das bandas punk e hardcore, também podíamos sair da nossa zona de conforto e começar a cantar em português. Nunca tínhamos experimentado e correu bem. Foi apenas uma opção estética. Não nos vemos a voltar ao inglês, pelo menos neste projecto não fará muito sentido…

5- Como é que a banda interage nos minutos anteriores a entrarem em palco? Ainda ficam nervosos?

A.H.: Acho que sim. É impossível não estar ansioso antes de entrar mas é sempre uma celebração. É como sair à noite com os teus melhores amigos e perderes a cabeça.

6- O que podemos esperar dos Linda Martini no futuro próximo?

A.H.: Para já concertos. Ainda não temos planos para próximos lançamentos mas gostávamos de fazer algo especial, como foi o marsupial. A ver vamos.


O nosso agradecimento especial ao André e aos Linda Martini pela disponibilidade demonstrada.

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