sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sufjan Stevens - The Age of Adz (2010)


Sufjan Stevens foi o protagonista de um dos melhores álbuns conceptuais da última década: Illinois é um álbum fantástico, uma ode ao estado do centro dos Estados Unidos, uma epopeia pela história de Illinois e, consequentemente, da América. Os sons eram diferentes dos habituais, era folk, era barroco, era pop, era rock: era Sufjan Stevens.

Cinco anos passaram e só agora Sufjan se aventurou a fazer um novo álbum de estúdio. E "aventurou-se" é a expressão correcta, Sufjan Stevens formatou-se de maneira diferente para este novíssimo The Age of Adz. O risco foi grande, Sufjan trocou muitos dos trompetes e dos banjos habituais nas suas músicas por sintetizadores e drum machines. A música de Sufjan tornou-se mais experimental e menos virada para o folk. Continua a sentir-se a presença de Sufjan em todas as músicas com os coros delicados, os xilofones sensíveis e a brisa de uma guitarra acústica sussurrante. Sem lugar para futilidades e extravagâncias. The Age of Adz distancia-se um pouco de Illinois, é natural, de um artista tão completo como Sufjan Stevens só se pode esperar que siga novos caminhos, tente novas coisas e arrisque, porque não há muita probabilidade de errar redondamente. E, assim, parece que Sufjan Stevens se rendeu à era digital e compôs todos os seus arranjos orquestrais com bases mais electrónicas.

Futile Devices é a música catalisadora de todo o álbum, com a ajuda lá pelo meio de uma Get Real, Get Right e de I Want to Be Well. Na derradeira faixa, Impossible Soul, pode-se escutar Shara Worden, a vocalista dos My Brightest Diamond.

A confusão saudável que é o álbum parece ter tido influência do artista apocalítico Royal Robertson, como é relatado pelo próprio músico americano.

Talvez Sufjan Stevens tenha perdido fãs com este The Age of Adz, mas de certeza ganhou outros. Com certeza não poderia sair um álbum tão consensual como Illinois.

1 comentário:

  1. Como artista The Age of "odds" é para mim um album fantástico que confirma o potencial do musico Sufjan Stevens de nos levar para mundos musicalmente líricos independentemente de qualquer estilo musical e ainda assim deixar a sua assinatura em cada nota. Acho que é um álbum muito bem conseguido que como um todo pode ser pouco aderido por massas, mas mesmo assim contem músicas que são capazes de entrar no ouvido e educar ouvintes. Foi de certo levado pela inspiração em Royal Robertson que é eficazmente perceptível nas suas musicas pela esquizofrenia paranóica de combinação de instrumentos, melodias e letras que remontam para a sua visão futurista de uma apocalíptica viagem espacial com Deus como motorista. A escolha de inspiração para o álbum acho que foi bem seleccionada para os dias de hoje em que visões apocalípticas do futuro, a questão da matemática (razão/ciência) em conflito com a bíblia / subcepção espiritual, a perda da razão de viver e a esperança de um futuro apocalíptico rejuvenecedor são algumas das tendências mais usadas. A ideia de uma viagem espacial é de certa forma sugestiva para a descoberta de mundos em que nos possamos perder na fantasia solipsista de cada um e a realização pessoal é finalmente aspirada. É nesta ideia que os instrumentos mais electrónicos/digitais que substituem o som folk dos álbuns anteriores fazem todo o sentido. Todos os seus arranjos orquestrais com coros naïf fazem uma excelente combinação. O artwork do album é bastante intrigante e de certa forma "odd" que me despertou bastante curiosidade e me levou a descoberta da inspiração do album. Para este foi mais uma vez usada a art de Royal Robertson como base. O nome parece-me ser a forma de Sufjans Stevens baptizar as suas ideologias, e o seu trabalho como tradução das mesmas, sobre o que é para ele uma nova Era. Talvez esteja a elaborar demasiado um simples trabalho que pode ter sido apenas levado pela sensibilidade do artista para a musica, mas mesmo assim este não deixa de ser notável. Valeu a pena o intervalo de 5 anos. Neste caso ganhou de certa forma um fã.

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